Louca, Triste e Má

Esta obra contém: Palavras de baixo calão, cenas sexuais, violência extrema, problemas familiares, transtornos psicológicos, drogas ilícitas e morte.
Se acaso tiver gatilhos em relação a isso, essa obra não é recomendada para você.

Sábado 4:12 AM

Caminho a noite como se fosse a rainha do inferno, intocável e perigosa.
Sensações que dominam o meu corpo enquanto arrasto meus passos na calçada da avenida.
Acendo um cigarro de menta, enquanto observo a calmaria da madrugada. Todos já estão em suas casas, com suas famílias e provavelmente seus animais de estimação.
Enquanto eu retorno das mesmíssimas chamas do submundo, onde eu mecho meu corpo de acordo com a música e faço pupilas dilatarem. Homens e mulheres, todos me olhando atentamente.
Me desejam como Lúcifer desejou o perdão de Deus, mas permanecem distantes. São como animais em jaulas, na verdade todos somos, apenas temos motivações diferentes para ir atrás da liberdade.
Me sinto como um pássaro negro, em mares de tristeza, loucura e maldade. É normal que as pessoas sintam medo, é inevitável.
Nem sempre fui assim, eu gostava de saborear as futilidades da vida, como o almoço de domingo, ou ir na sorveteria com o garoto que eu gostava, meu primeiro beijo com uma mulher...
Me lembro de quando minha mãe saía de casa bêbada e demorava dias para voltar, então eu colocava músicas altas, e dançava com a solidão que me rondava.
Quando derrepente eu sentia aquelas mãos profanas, passando como rio no meu corpo, sempre que eu dançava ele vinha me visitar, era como uma sombra, mas ele não me dava medo. Ao passar dos anos ele foi se revelando para mim, quando finalmente ele me disse seu nome: Satan.
O rei das trevas, o pai da luxúria, o homem que desafiou Deus sem exitar. Por muito tempo me perguntei o porque ele me dava tanto atenção, com tantas almas por aí. Mas ele é um homem misterioso demais. Ele disse que me enviaria seu filho para viver comigo no mundo carnal, anos se passaram sem que eu sentisse a presença de Satã novamente, mas ele realmente me enviou seu filho, Lukener.

Ele é a única "pessoa" que ainda tenho contato desde a minha infância, que ironia, o filho do  diabo é meu único amigo.
Quando eu saí de casa a minha vida tomou um rumo que eu não imaginava, eu consegui um aluguel barato, e um emprego meia boca, que o salário era uma merda. Mas Lukener disse que iria me ajudar, e derrepente um homem me para na rua e me pergunta se eu estava precisando de trabalho. Por fim, aqui estou eu, voltando para casa com notas até no sutiã, me mudei para um apartamento no centro da cidade, e estou tirando minha carteira de motorista.
Não sei nada sobre a minha família, nem sequer se estão vivos, mas sinceramente não me importa, quero que eles pensem que eu morri. Que eu desapareci na minha própria escuridão.
Meus dias são as madrugadas, voltando para casa, contando meu dinheiro, ouvindo músicas sensuais, e sendo guiada pelo vento gelado que sopra e resfria minha pele.