𝗣𝗥𝗘𝗚𝗡𝗔𝗡𝗧; vinnie hacker.

FIFTY-TWO vinnie

Raiva.

Raiva dos sites de notícias, das
pessoas que xingavam Caliza mesmo não tendo um terço de conhecimento da situação, e... bem, de mim também.

Aí você se pergunta, ué porquê ele
está com raiva? Eu poderia resumir
tudo e simplesmente dar uma
resposta direta? Sim.

Porém, vamos à lista de fatores:
Número um: o fandom é meu e tudo
que está acontecendo poderia ter
minimizado se no início de tudo eu
tivesse estabelecido um limite entre
nossa relação de fã e ídolo;

número dois: se eu tivesse me
lembrado de colocar a maldita
camisinha ou gozado fora, Cali não
estaria passando por isso;

número três: cogitar o número dois
mesmo estando apaixonado;

número quatro emergencial porquê
não me posicionei bem no número
três: apaixonado pelo bebê, é claro!!

Já que...se eu não tivesse seguido
pelo caminho dos deuses e deixado
minha oferenda lá, provavelmente
não teria experimentado tamanha
felicidade tão cedo.

Enfim, Caliza estava sozinha em casa quando cheguei em sua casa com três sucos de morango com maracujá, uma caixa com tacos veganos quentinhos e outra com cupcakes sabor morango e chocolate branco.

(Aparentemente Emerald deu uma
desculpa fuleira para nos deixar
sozinhos. O que obviamente adorei, é claro)

Para de ficar parado que nem
mosca morta e pega os pratos logo,
Vinnie! - com sua delicadeza de
sempre, Cali me tira de devaneios

- Eu não consigo alcançar com essa
barriga me impedindo de tudo e
estou morrendo de fome também!
Anda logo ou seu filho vai nascer com remorso.

A cena até seria cômica se não fosse o olhar fulminante em minha direção, mas com certeza a culpa é dos hormônios, né?

Sem vontade de brincar com a morte
num dia tão lindo quanto este resolvo pegar logo os pratos que a garota insistiu, já que segundo ela os pratos que estão secos na lava-louças não são apropriados para a refeição. A verdade é que eles só não caberiam tantos tacos quanto os que estou pegando no armário.

- Seus pratos, querida - estico a mão
com os utensilios observando que
eram realmente muito bonitinhos.

- Não sou sua querida, Vincent - disse a garota revirando os olhos enquanto organizava a mesa para comermos

- AI! - disse (gritou) a garota num
pulo - Isso foi tão A seleção! Acabou
para vocês, selecionadas, sou a nova
rainha de Iléa! Caliza Rolle, casta três senhoras e senhores.

Então a nerdzinha é realmente uma
nerdzinha, não sei esperava alguma
coisa mais refinada, tipo Machado
de Aziz. Ou será Assis? Não me
lembro bem das aulas de literatura
estrangeira.

- Ok, rainha de Iléa, pare de enrolar
e me diga logo como está se sentindo
hoje.

- Não sei bem como te responder
isso - respondeu de boca cheia
enfiando mais comida na boca.-
Mão estou tão chateada assim, se te
responde alguma coisa.

- Não pode fugir das minhas
perguntas sempre, baby Cali.- puxo
o prato da garota em minha direção
- E por favor coma devagar, a
comida deve ser bem ingerida para
chegar no bebê

- Não estou fugindo das suas
perguntas, só não sei realmente como me sinto. Passei um bom tempo me odiando e odiando essa gravidez essa semana, em outra parte desse mesmo tempo me odiava mais ainda por estar odiando a gravidez, porque não é assim que eu ajo, entendeu? Eu não odeio as coisas e isso me deixou em
um conflito realmente grande.

Talvez eu não estivesse preparado
para essa resposta e para as lágrimas que escorrem livremente por seu rosto.

- Nunca me permiti ver apenas o
lado ruim das coisas e de repente
tudo que eu conseguia ver era
justamente isso, V.- soluçou a garota - O pior era realmente cogitar que
todos aqueles comentários negativos
estavam certos de alguma forma e
realmente seríamos péssimos pais
ou que estávamos estragando nossas
vidas.

Não resisti ao impulso de rodear a mesa e abraçar a morena. Ficamos um tempo só assim, entrelaçados e envolvidos num leque de carinho mútuo.

Eu, minha garota e nosso bebezinho.

Juntos.

- Não pense só por um segundo
mais que seremos péssimos pais, ok? - questiono ao limpar os vestígios
do choro no rosto da garota; espero
ela confirmar para prosseguir - Nós somos novos nisso, e totalmente inexperientes, eu sei.

Não pude prosseguir a sentença
já que fui interrompido por uma
grávida a beira de um surto.

- Isso era para estar ajudando ou? - ela realmente parece irritada, mas com esse rostinho enfezado só consigo imaginar ela em algumas posições não muito propícias para o momento.

Droga.

Quando foi que me tornei um maldito tarado por belas jovens grávidas?

- Deixe-me terminar, amor - pedi
educadamente em sussurro em seu
ouvido, enquanto com uma das mãos procurei descer por seu ventre até contornar a barriga e chegar nas
coxas agraciadas ainda mais pela
gestação - por favor.

- Oh... ok- replicou num pigarro
e friccionou as pernas abalada com
meu golpe baixo - prossiga?

- Podemos ser novos nisso mas
seremos os melhores do mundo para
essa coisinha aí dentro, Cali. Já temos o bastante por enquanto, o resto o tempo cuida de nos fazer aprender.

- O que temos de bastante? Desespero? Inexperiência?

Não pude conter uma gargalhada,
que logo cessou ao olhar impetuoso
da caribenha. Até o mais belo dos
homens teme a morte, puff.

- Temos amor, Caliza Elain. Amor
de sobra, e isso terá que bastar por
enquanto.

O arquear de sobrancelhas surpreso
da garota e os lábios carnudos
entreabertos foram suficientes para
que eu tomasse coragem para fazer
algo estúpido, e o fiz.

Beijei a garota

E foi glorioso.