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Luna Ortega

Demorei pra me lembrar onde estava quando abri os olhos

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Demorei pra me lembrar onde estava quando abri os olhos. Encarei a decoração mórbida do quarto mal iluminado e agradeci por estar numa cama grande e confortável. Emma ainda dormia entre os travesseiros, — que eu coloquei pra ela não rolar- parecia tudo bem agora.

Pensei nas palavras de Enzo e em como fui pega de surpresa. Honestamente, eu vivo chorando então eu nem considero esses "momentos" mais. Foi surpreendente quando ele me falou aquelas coisas e eu nem sei como me sinto sobre isso até agora

Interrompo meus pensamentos quando a pequena criaturinha se esforça para chegar até mim. Procurando leite, claramente.

Eu senti e passei por muita coisa durante toda a gestação de Emma, e depois dela também. Mas a única certeza que eu tinha era que nós temos uma a outra, e é por isso que neguei abortar e neguei a adoção quando meus pais sugeriram. Talvez seja por isso também que não tenho mais ninguém.

— Luna?— Enzo aparece apenas com a cabeça na porta, entrando por completo quando percebe que eu estava acordada.—Eu pensei em trazer o seu café aqui mas eu queria te apresentar para os meninos, então você pode ir pra lá a hora que quiser, ok?

Apenas assinto várias vezes, mesmo estando um tanto nervosa quanto a isso. O moreno apenas sorri fraco e sai.

Eu não pretendia ficar. Eu não podia ficar. Ele poderia me julgar como ingrata mais tarde, mas não dá pra viver as custas de ninguém.

Quando Emma  termina de mamar e eu coloco minha camisa no lugar, respiro fundo antes de pegar a pequena no colo e me levantar.

— Ah, ela chegou! Gente, essa é a Luna.— O maior caminha até mim, me segurando pelos ombros, num ato carinhoso.— E, essa é a Emma.

Kai não se importa em passar por nós de cara fechada e entrar no corredor. Uma porta bate alguns segundos depois.

— O técnico não deixou ele voltar pra casa antes do jogo do dia oito.— Um moreno cabeludinho faz aquilo soar como uma justificativa, enquanto caminha até mim.— Eu sou o João é um prazer te conhecer.— Toca meu antebraço, como comprimento.— E você também princesinha.—Sua voz afina aqui, ele segura a a mãozinha de Emma, que ri.—  Posso pegar?

Uhum.—Murmuro, um tanto apreensiva com isso. Mas a própria Emma se joga para o colo do maior, e logo os dois estavam brincando como se fossem amigos de longa data.

— Bom, quer tomar café?— Enzo chia humorado, assistindo Lucas jogado no chão com Emma.— Vem, os outros meninos estão na cozinha.

Fui apresentada a Mason e Kepa. Eles pareciam simpáticos e gentis. Sugeriram que eu comesse do bolo de chocolate e me perguntaram se eu conhecia o time deles.

— Precisa de alguma coisa? Tipo, sei lá, do que você precisa?— O de cabelos platinados apoia o cotovelo na mesa, o rosto na mão.

— Eu não posso ficar nas suas custas, Enzo.— Murmuro, deixando minhas mãos caírem no vão entre minhas pernas, não evitando rir fraco quando escuto a gargalhada da minha filha.

— Mas você não está às minhas custas
.— Ele ergue as  sombrancelhas.—Você é uma amiga que está passando por um momento difícil, e que eu estou tendo o prazer de ajudar.

Ri fraco de suas palavras. Do fato dele realmente estar tão disposto a ajudar. Talvez eu não precise negar.

 Talvez eu não precise negar

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Alright | Enzo FernándezOnde histórias criam vida. Descubra agora