Me chamo Ari Leirbag, acabei de abandonar a faculdade de direito, cheio de dívidas e com nenhum futuro aparentemente satisfatório pela frente, meus amigos me chamam de escritor, publico alguns textos na internet, já bati o recorde de até cinco curtidas em alguns, e neste segundo estou correndo por uma avenida enorme, perfazendo o mesmo caminho de todos os dias até o meu trabalho, uma multidão segue em meu encalço, a imprensa entre eles, por alguma razão estou sorrindo, melhor dizendo, gargalhando, me lanço entre os carros sem medo de ser atingido, as pessoas gritavam o meu nome, de alguma forma eles me conheciam, um sentimento de euforia enchia os meus pulmões, eu estava em êxtase, nunca usei ilícitos, mas tinha certeza que era essa a sensação, observo uma senhora passar por mim em direção contrária à multidão, distraído, me sinto um pouco ofendido pela falta de adoração da mesma, me volto para o meu trajeto, vejo a minha mãe parada na minha frente, interrompo a corrida enquanto um carro me atinge em cheio.
Acordei assustado naquela manhã, o despertador enchendo o quarto como um lembrete desesperado de como eu estava na merda, e tinha que levantar logo, mais um dia naquela empresa, eu já estava de saco cheio, mas precisava do dinheiro, tenho vinte e sete anos de idade, moro sozinho desde os meus dezoito, meus pais são do interior, sempre que posso eu os visito na minha terra natal.
Me preparo para o trabalho, a mesma rotina de oito anos, eu sou escrevente de notas no cartório da cidade, um pouco frustrado, não estava mais tendo um bom retorno financeiro que coincidisse com os serviços que eu prestava, ter uma formação acadêmica já não se faz o suficiente, você se vira conforme a oportunidade que surge no caminho, queria muito viver da minha escrita, modéstia à parte, escrevo muito bem, mas tudo ainda me parece um sonho ingênuo.Ao sair de casa sigo o meu caminho, rapidamente me lembro de alguns vislumbres do sonho que tive na noite anterior, nada fez muito sentido, mas sempre confiei no meu 'feeling', então deduzo que possa estar rolando alguma coisa com a minha família, o olhar da minha mãe no sonho foi bem real. Peguei o telefone e disquei o número da minha mãe enquanto faço o meu percurso até o cartório, ela me atende no segundo toque:
– Bença mãe! – digo assim que ouço a sua respiração.
– Oi meu filho, Deus te abençoa! Está tudo bem? Você sempre me liga mais tarde. A preocupação estava aparente em sua voz.
– Não aconteceu nada, só queria saber se está tudo bem por aí com vocês, tô chegando aqui no cartório e aproveitei para ligar.
– Estamos todos bem, seu pai está lá no quarto dormindo, enquanto isso já fiz tanta coisa! Lavei roupa, dei banho em cachorro, fiz almoço... misericórdia, sou eu para tudo nessa casa!Eu comecei a rir, ela riu junto, Gera reclamar era o seu normal, então tudo estava bem. – Vou indo, mais tarde te ligo!
Desliguei o telefone e entrei no cartório, dei bom dia para todos, entrei na sala, segurei o meu terço e torci para que fosse um bom dia, atendimento ao público, nunca sabemos o que esperar.
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Eles conhecem o meu nome
Mystère / ThrillerFrustrado com a sua rotina, o escritor anônimo Ari Leirbag finalmente consegue publicar o seu primeiro romance, mas ninguém sabe os bastidores obscuro por trás de cada página. Até o dia do lançamento, tudo vai mudar. Crime ou arte? Um thriler emocio...