The angel of music - Hyunlix

• Capitulo unico •

Felix abandonou o palco iluminado após as cortinas pesadas terminarem de baixar, seu peito subia e descia rapidamente pela euforia de se apresentar pela primeira vez em um papel principal e ter toda a plateia clamando por seu nome entre palmas estaladas. Jisung o encontrou no meio do caminho até a ante sala, onde poderia finalmente descansar, sorrindo orgulhoso enquanto desfazia o laço de suas sapatilhas e as retirava antes mesmo de chegarem ao local.
— Você foi incrível! - Jisung o abraçou quando finalmente entraram na sala.
— Uau... - Felix murmurou em um espanto maravilhado ao notar as flores de todos os tipos, dispostas em diversos buquês, que enfeitavam os cantos do local. Observou atentamente as paredes adornadas em um papel de parede com tons de azul e dourado. Nunca haviam adentrado aquela sala, já que era dedicada apenas à voz principal da ópera.
— Viu isso? Eles te amam! - Han gritou enquanto pegava uma camélia rosada entre tantas outras flores.
Felix riu para o amigo, ainda não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo consigo, antes apenas um bailarino e agora, a voz principal da ópera... Tudo isso graças à ele, seu anjo da música, seu professor misterioso. Pousou seu olhar em uma única rosa vermelha adornada com um laçarote preto em seu caule e soube com seu coração que era um presente dele. A tocou com delicadeza e a levou até os lábios rosados e cheios, depositando um beijo suave nas pétalas e depois inalando seu perfume, não conteve mais um sorriso.
— Uh, essa é especial? -  o amigo curioso perguntou, enquanto se aproximava e o ajudava a se libertar da peruca alta e do busto incômodo que constituíam o figurino.
— Digamos que sim...
— Do seu "anjo da musica"? - fez aspas com os dedos ao falar.
Felix apenas assentiu, depositando a rosa em cima da penteadeira e se sentando para livrar suas madeixas dos grampos e laços, seu cabelo loiro se libertando.
— Você sabe... o que todos dizem desse seu misterioso professor, certo? — Jisung entregou um lenço com tonico para que Felix pudesse retirar a maquiagem que lhe cobria o rosto — O fantasma da Ope...
— Han Jisung. - Lee Minho, o coreógrafo do ballet adentrou o aposento, interrompendo o mais novo — Acho que deveríamos deixar a estrela da noite descansar, sim? Venha comigo.
O dançarino apenas levantou, sempre concordando com tudo que Minho dizia, e o seguiu para fora da sala. Mas o silêncio não durou muito, logo a porta se abriu novamente e Christopher Bang entrou, ele carregava um lindo buquê de flores multicoloridas e um sorriso encantador nos lábios. Felix sorriu de volta com surpresa.
— Meu pequeno Lix! Você foi incrível hoje, sua voz sempre foi maravilhosa.
— Obrigado, Channie, você é um doce. - Felix corou levemente enquanto aceitava os elogios e as flores.
— O que acha de sairmos? Para comemorar seu sucesso?
— Err... Creio que não posso, meu professor é muito exigente e não gosta que eu saia por aí assim. - lamentou.
— Ora, mas é só um jantar, vamos! - Chris insistiu, oferecendo uma das mãos para o mais novo que negou novamente com a cabeça.
— Sinto muito, eu adoraria, mas não quero aborrecer meu professor.
— Tudo bem, não quero que meu pequeno Lix leve uma bronca por minha causa. - ele piscou para o garoto e andou até a porta - Aproveite e descanse, espero que você tenha uma ótima noite de sono.
Felix suspirou cansado assim que se viu sozinho, levantou e caminhou até o grande espelho que compunha o fundo da sala, encarou seu rosto limpo, as sardinhas como estrelas adornando sua face, desceu seus olhos para o resto do figurino que ainda vestia, o corset underbust, branco, em um lindo tecido brocado, deixando seu peito reto exposto, dando, assim, ainda mais destaque para as pintinhas que salpicavam por seu ombro e torso. Levou as mãos até a cintura para se libertar da saia volumosa, deixando apenas o leve forro de seda que protege sua pele das camadas ásperas de tule, duas aberturas estrategicamente localizadas para que suas pernas pudessem se movimentar com facilidade, essas que estavam cobertas com meias até a metade da coxa, também brancas.
As luzes das velas oscilaram por um segundo, assustando o garoto, que passou os olhos pela sala em busca de algo que não sabia ao certo e se assustou novamente ao voltar sua atenção para o espelho e se deparar com o que deveria ser apenas seu próprio reflexo.
Seu professor, seu belo anjo misterioso estava ali, atrás de si, com metade da face coberta por uma máscara branca que marcava os detalhes escondidos de seu rosto, os cabelos longos e negros presos para trás, os fios maiores caindo pelos ombros, e um sorriso sombrio pintado em seus lábios avermelhados. Ele vestia uma camisa creme com os primeiros botões abertos, deixando seu peito pálido exposto, a manga bufante destacava ainda mais suas mãos bonitas e cheias de anéis que se esticavam em sua direção.
Felix desviou os olhos ao notar que estava encarando por tempo demais, sentindo suas bochechas esquentarem. Não tinha culpa de ficar sem ar toda vez que aquela figura etérea aparecia diante de si.
— Meu anjo, você foi perfeito hoje. - Felix voltou a encará-lo, sentindo a voz suave do outro penetrar em sua carne como um feitiço. Hyunjin sorriu ao notar o efeito que tinha sob o mais novo.
— Tudo graças a você, meu mestre. - o garoto se virou, esperando encontrá-lo ali, esperando sentir o toque da mão que ainda se estendia em sua direção, e não se surpreendeu ao ver o nada atrás de si, suspirando em decepção.
Hyunjin riu sonoramente, fazendo o outro se arrepiar.
— Você quer tanto assim sentir meu toque? - indagou, ansiava pelo momento em que pudesse pôr suas mãos no pequeno a sua frente mas não queria assustar seu precioso anjo com sua forma grotesca.
— Sim... - Felix respondeu baixo, levando seus olhos para os próprios pés, timidamente.
— Se é o que você deseja. - o espelho entre eles se abriu, revelando-se uma passagem secreta. Hyunjin deu um passo à frente, atravessando a moldura dourada e levando uma das mãos ao queixo delicado e o puxando - Olhe pra mim.
Um arrepio percorreu a coluna de Felix, agora sentindo o toque frio em sua pele, assim como a  voz que deslizava por seus ouvidos como uma melodia suave. Ergueu os olhos e levou sua mão de encontro à de Hyunjin, que sorriu com a cena e retirou os dedos do queixo do menor para entrelaçar seus dedos, o puxando consigo para dentro do espelho falso.
Felix o seguia sem questionar, desciam por escadas infinitas e mal iluminadas, mas ele sabia que seguiria aquele homem para qualquer lugar que ele o levasse, sem se importar com as possíveis consequências. Hyunjin cantarolava melodicamente a música que os moradores do teatro viviam cantando a respeito de si, sua voz deixando Felix cada vez mais rendido pela figura misteriosa que o puxava, ele conhecia a música e aos poucos se juntou ao seu mestre, suas vozes se unindo de forma espetacular.