Era época em que os civis fariam um grande festival em homenagem a criação da cidade, várias jovens nobres e até alguns de idade avançada se misturavam com o povo simples na intenção de aproveitar a diversão sem etiquetas rígidas que lhes era imposta.Elena mesmo tendo toda a sua marra de nobre perfeita, sempre se deixou levar pelos encantos dos fogos de artifício. Saindo escondida levando apenas um guarda para se proteger.
- Senhorita - o guarda que a acompanhava a tantos anos entrou em seu quando quando teve a permissão- vai hoje novamente ao festival? - ele sabia como ela adorava ir.
- pode ir aproveitar dessa vez Júlio- Elena se levantou de sua escrivaninha que escrevia.
- tem certeza jovem? - ele a olhou preocupado, era verdade que ele sempre perdia de ir sozinho para proteger a garota, mas se divertia igual, e agora ela não demonstrando interesse em levá-lo para a proteger, isso o preocupou.
- Sim - ela o encarou suavizando sua expressão azeda.
- certo senhorita - ele se curvou e se retirou.
Enquanto caminhava em direção a saída uma das servas o parou.
- Senhor Júlio - ela se curvou respeitosa para o cavaleiro- O mestre o espera no escritório -
- Certo, estou indo- ela se curvou novamente e foi em direção oposta. Júlio retribuiu o gesto e foi em direção ao escritório.
Quando chegou na enorme porta de de madeira rústica e bateu.
- Estou aqui Senhor - Júlio avisou.
- Júlio? Entre. - a voz grave do outro lado da porta se fez presente.
Obedecendo, o cavalheiro encarou o homem ruivo que parecia perdido em livros em seguida fechou a porta atrás de si.
- Elena já te pediu pra acompanhá-la no Festival? - o homem perguntou sem olhar para o outro.
- não. - direto.
- pode ir... Espera, não? - Finalmente Louis tirou os olhos do livro em suas mãos e encarou o cavalheiro- eu escutei certo Júlio?
- Sim senhor, a senhorita não solicitou minha presença...
- ...mas não significa que ela não vá. - completou. - não faço idéia qual é o pensamento da minha filha, mas fique de olho. Pode se retirar.
- sim mestre- Júlio fez uma referência e saiu.
O grande homem ruivo encarou a porta já fechada e suspirou.
- Ângela... Você saberia resolver essa situação? Me ajude com essa filha- ele pediu olhando para a moldura que cobria boa parte da parede, nela existia uma mulher de grandes olhos castanhos e cabelo preto e Louis ao seu lado.
Estava cada vez mais difícil lidar com a garota, ele estava quase a casando para ver se dava de salvar um pouco da criança gentil que já existiu.
Por que Elena se tornou tão desprezível?
A um tempo ele descobriu que umas das servas havia ficado severamente doente graças a uma ordem de Elena, que quando perguntada sobre isso, apenas riu e falou que era uma "brincadeirinha", a serva morreu no dia seguinte.
Ele valorizava a vida humana após passar tanto tempo guerreando, e descobrir que sua filha nem sequer se importou com a morte da serva fez seu coração de pai esfriar, e o carinho diminuir.
Finn entrou na sala e percebeu que seu pai estava pensativo.
- Algum problema? Algo sobre a irmã mais nova?
- Sim, acha que não está na hora de ela se casar?
Finn observou o robusto homem ruivo.
- Eu acho que não.
- O que? - ele não estava surpreso.
- Elena é jovem demais para ficar presa em um relacionamento. Tenho certeza que se o problema fosse a personalidade dela, o pai deveria conversar apenas, as vezes tudo só precisa de uma conversa.
- Conversa conversa. - Louis zombou pertubado parecendo ver Ângela ali falando no mesmo. - Não precisamos conversar, precisamos agir.
Finn suspirou.
- Por que não espera ela completar 18? Até lá vai vendo os pretendentes.
- Deixo essa tarefa em suas mãos, até depois. - e saiu batendo a porta com força. Finn ficou no silêncio encarando o porta retrato.
Aquele homem não era um pai mau, mas também não era bom.
Ele fugia de tudo que envolvesse Elena, e quando ela causava problemas achava que um casamento seria a solução perfeita. Finn suspirou cansado, sua irmã mais nova era problemática, mas era apenas uma criança tola ainda, querendo a atenção, que seu pai não percebia nunca que deveria dar.
- Que família. - ele tocou sua testa.
Louis o havia abrigado e o dado um título, isso ele jamais negaria, mas nunca fingiria que o homem não possuía defeitos.
Finn caminhou para fora do escritório, não sem antes olhar a grande imagem da família de 3 pessoas, Ângela parecia ter sido uma mulher calma.
Enquanto caminhava pelo corredor ele viu Elena indo em direção contrária. Quando passou lado a lado da garota ele sentiu algo diferente, os olhos delas que sempre estavam preenchidos pelo ódio, possuíam um brilho diferente, algo sutil, apesar de não parecer tanto, era o mesmo brilho que ele viu nos olhos de Ângela, experiência.
- Olá irmã mais nova. - ele a cumprimentou.
- Irmão mais velho. - ela apenas acenou de leve com a cabeça e continuou a andar.
Elena era uma nobre arrogante, que estudou muito etiquetas e aprimorou sua educação nobre, mas olhando agora o caminhar dela Finn se surpreendeu, era como uma imperatriz de vários anos de vivência, e elegância, a postura não era esnobe, era perfeita.
A arrogância deu lado a elegância. Era isso que parecia.
Finn não acreditava que as pessoas mudavam da noite para o dia, mas dessa vez ele sentiu que Elena mudou, não era mais uma criança mimada, era uma mulher experiente.Finn sorriu e continuou seu caminho, mas seu sorriso não desmanchou em nenhum momento.
Ele tinha fé que Elena poderia mudar, e agora ela mostrava uma evolução que ele nunca viu antes.
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Sete vidas
General FictionElena é uma vilã como toda a história, possessiva e que sempre está abaixo da protagonista. Após passar por seis vidas e chegar na sétima ela simplesmente entendeu o que acontece ali, ela sempre vai perder fazendo o certo ou errado, sempre será a v...