Quando Yelena Descobre

Capítulo 03

Ela estava sentada em um canto, olhando para o nada. Havia conversado mais um tempo com Clint Barton, ele havia respondido todas as suas perguntas, contado todos os detalhes e Yelena imaginou como seria quando fosse obrigado a repetir essa história para os filhos dele. 

"Você trouxe a tia Nat?", era a frase que sempre recebia da filha quando voltava para casa. Yelena só conseguia imaginar como aquilo deveria significar muito para a irmã. Ela ainda não acreditava que os Vingadores fossem uma família, o pouco que observava da dinâmica ao seu redor confirmava isso, mas acreditou no Gavião Arqueiro. Ele deu para Natasha uma família e fazia sentido ela fazer de tudo para mantê-los a salvo. 

Conhecia a irmã, ninguém amava com mais força do que Natasha. Ninguém estava disposta a ir tao longe por uma pessoa que amava como ela. Yelena não entendia esse lado da irmã, esse amor e vontade de salvar o mundo, um mundo que nunca tinha sido muito gentil com pessoas como elas. Nunca teve nada que pudesse fazer, agora muito menos. 

Não parecia certo. 

Não parecia justo. 

Não parecia real. 

Mas toda a dor que a desolava naquele momento deixava bem claro que era sim tudo real. Apesar de parecer um pesadelo, infelizmente era a nova realidade deles. 

Yelena também percebeu o famoso Capitão América olhando na direção dela diversas vezes. Era que o homem só estava esperando uma oportunidade para se aproximar, por algum motivo, que ela desconhecia mais estava agradecida pela existência, ele permanecia longe. Ainda não era capaz de lidar com a própria raiva, o próprio luto, não queria mais ninguém se aproximando. Havia permitido Clint ali porque foi ele quem esteve com a irmã nos últimos minutos dela. Mais uma vez sente o coração apertar ao imaginar a situação. 

Barton havia lhe dito que a irmã admitira estar tranquila, que sabia que aquela era a hora dela. Deus, como Yelena a odiava naquele momento. Como alguém podia ficar tranquilo sabendo que iria morrer? Era algo que só Natasha diria e mais uma vez Belova não conseguia compreende-la. 

— Eu falhei com ela. — Clint falou — Nos últimos cinco anos, falhei com ela. Minha família foi blipada, toda a raiva que você está sentindo agora, eu senti quando aconteceu. Todo o ódio, o desejo de vingança. Sempre achei que fossemos muito parecidos, nós dois tínhamos problemas, um passado manchado. Só que a verdade é que ela era muito melhor do que eu. Enquanto virei uma espécie de justiceiro, Nat assumiu o comando dos Vingadores e não desistiu de tentar salvar todo mundo. As pessoas podiam não precisar de uma heroína, mas ela estava lá, pronta para quando necessitassem. 

— Ela é melhor do que nós dois. — Yelena sussurrou de volta — Ainda sinto vontade de te matar para ser sincera, mas sei que Natasha me odiaria se fizesse isso e por mais que deseje vingança, não sou mais capaz de viver em um mundo em que desrespeito a memória dela. 

— Você deveria falar com o Steve depois. — Barton falou e esperou que a mulher esboçasse alguma reação, mas ela não fez isso. — Ele nunca deixou o lado dela desde que se conheceram. 

— Eles estavam de lados opostos no tratado, pelo o que ouvi. 

— Eu também estava. Nós brigamos, mas nada de mais. Acontece às vezes. — um sorriso mínimo aparece no rosto dele após lembrar do diálogo com a melhor amiga naquele dia — Sério, fale com ele. 

— Eu não quero. — rebateu de forma teimosa — Não queria falar nem com você e se estou fazendo isso é porque foi o último a vê-la com vida.  

— Sua irmã traiu mais de cem países para salvá-lo. Não foi porque ela mudou de ideia, foi para ajudá-lo a escapar. — Clint falou sem se importar com os ataques da loira — Acredite em mim, você quer falar com Steve Rogers. 

Yelena olhou novamente para a direção do Capitão América, ele parecia devastado, como se mesmo após ganharem, a Terra tivesse parado de girar. Steve Rogers tinha um olhar perdido muito parecido com o que ela sabia existir em seu próprio rosto. Perguntou-se pela primeira vez, qual seria a natureza do relacionamento dele com a mulher a quem chamava de irmã. 

— Eu amo tanto ela. — Belova falou de repente, sentindo que podia voltar a chorar a qualquer momento

— Eu também. — Clint diz e mesmo que de forma hesitante, envolve os ombros da mulher com seu braço. Percebe a loira ficar tensa, mas também não faz movimento para afastá-lo.

— Não estou pronta para falar com ele ainda. — fala de forma sincera.

— E está tudo bem, só faça isso em algum momento. Vai ajudar vocês dois. 

Clint se afasta indo em direção ao grupo de amigos. Ele queria ir para casa, ver seus filhos, mas o complexo estava uma bagunça, pessoas tinham se machucado e Tony Stark também havia morrido. Não gostava de mesurar sofrimento, só que assim como Yelena, irritava a forma como as pessoas pareciam não se importar com a morte de sua melhor amiga. Sem o sacrifício dela nada daquilo seria possível. Então era bom que começassem a valorizá-la um pouco mais.

— O que vamos fazer agora? — Melina pergunta ao se aproximar de Yelena, tao silenciosa quanto uma viúva negra poderia ser. 

— Ir embora, eu acho — Alexei diz, o rosto vermelho indicando que também andara chorando — Não tem nada para a gente aqui. 

— Precisamos fazer um funeral. — Yelena diz baixinho — Precisamos criar um lugar que possamos visitar, que as pessoas possam prestar seus agradecimentos. Ela é a porra de uma super-heroína, salvou o mundo e merece ser reconhecida por isso. Não como uma espia ou assassina como costumavam fazer, mas como uma Vingadora. 

— Uma super-heroína... — Alexei faz coro a afirmação de Yelena. — Onde faríamos isso?

— Em Ohio — Melina responde. — Foi o momento mais normal da vida dela. 

O silencio caiu sobre eles. Os três repensando aquele momento de sua história, ainda havia muitos pontos a serem discutidos entre eles, porém Natasha os considerava sua família. Para Yelena aquilo só servia como outra prova de que a irmã era a melhor entre todas as pessoas naquele local. 

Fiquei distraída com o livro novo que comecei e acabei esquecendo de postar. Foi mal gente 💜