Brown Cat

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1692, 𝑆𝑎𝑙𝑒𝑚

        A ÚLTIMA SEMANA não havia sido muito gentil com Eliza, a jovem bruxa de apenas treze anos de idade agora estava sozinha no mundo, sua avó Elizabeth havia sido queimada em praça pública no dia 19 de julho de 1692 por ser acusada de bruxaria.

     Havia chego um novo padre na cidade, o que fez com que um grupo de meninas começassem a acusar mulheres inocentes de bruxaria apenas para chamarem atenção, já que as pessoas do sexo feminino eram vistas apenas como donas de casa ou máquinas que servem apenas para satisfazer o desejo dos homens. O padre, por ser novo na cidade, acabou por acreditar nas crianças e começou a prender todos aqueles que as meninas acusavam, isso fez com que todos ficassem com medo e antes de serem presos, eles entregavam mais pessoas cujo inventaram que usavam magia.

       Sua avó foi uma das primeiras a ser queimada viva, nem cachorros escaparam da maldita mentira criada em Salém.
       Eliza agora tinha que se cuidar sozinha. Alguns dias antes de ser morta, sua avó a mandou para o antigo chalé da família que era localizado no meio do bosque, longe o bastante do vilarejo.

       Nos seus dois primeiros dias naquele chalé, um gato marrom com olhos azuis e listras pretas em suas costas apareceu em frente a sua porta, o coitado parecia ter sido espancado, estava com diversos machucados por todo o corpo. No instante que a menina viu o gato, ela se lembrou do que sua avó disse certo tempo atrás.

   "Uma bruxa sempre tem um animal de estimação no qual chamamos de familiares. Eles nos ajudam com a canalização de magia e são ótimos companheiros"

     Com o tempo, foi criado um certo vínculo entre Eliza e seu mais novo gato, o qual ela nomeou de Liam. Liam parecia compreender cada palavra proferida pela garota.

      A chuva caia violentamente no lado de fora do chalé. O barulho dos trovões e das gotas de chuva caindo no chão era relaxante para Eliza, a garota aproveitou o momento para ler um de seus livros favoritos, deitada na poltrona da sala. Na parede atrás de si havia alguns buquês e plantas presas de cabeça para baixo por uma fita velha, ao lado da poltrona havia um vaso com flores — mesmo a maior parte das plantas estando mortas — poções de diversos tipos estavam espalhados ao seu redor, junto de um livro velho de capa dura marrom. Liam estava deitado na parte superior do encosto da poltrona, de vez em quando tentando espiar o livro que Eliza estava lendo.

   A garota tentava pronunciar uma palavra escrita em Latim, um feitiço antigo que sua mãe havia escrito em seu diário. Não era preciso de lamparinas para iluminar a pequena sala do chalé, a luz dos raios fazia isso por si só.

   Eliza nunca conheceu seus pais, foi criada por sua avó desde seus seis meses de idade. Em 1679 houve um incêndio na residência Howe, no qual apenas Eliza sobreviveu. Muitos disseram que foi um incêndio acidental, mas sua avó sabia que era mentira.

    Elizabeth sabia que sua filha havia usado uma magia poderosa que seria herdada pelos seus descendentes, isso faria o mais poderoso usuário de magia negra caçar Eliza para matá-la.
     
Seis anos haviam se passado, Seis anos de uma (quase) completa solidão

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𝑆𝑒𝑖𝑠 𝑎𝑛𝑜𝑠 ℎ𝑎𝑣𝑖𝑎𝑚 𝑠𝑒 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎𝑑𝑜, 𝑠𝑒𝑖𝑠 𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 (𝑞𝑢𝑎𝑠𝑒) 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑖𝑑𝑎̃𝑜

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1698, 𝑆𝑎𝑙𝑒𝑚

     A luz do sol iluminava todo o campo de flores, o aroma de lavanda deixava tudo ainda mais mágico. Eliza colhia algumas plantas para a fabricação de novas poções e perfumes junto da companhia de Liam.

     Seus fios de cabelo negros como a escuridão dançavam com a brisa do vento, assim como seu longo vestido cinza.

     A garota estava prestes a completar seu aniversário de dezenove anos, então devia fazer um pequeno ritual para que os espíritos de suas ancestrais possam estar presentes em um momento tão memorável como esse. O aniversário de dezenove anos para a família Howe é algo mágico, é o dia em que a magia de seus antepassados é passada para a aniversariante, lhe tornando mais forte.

      O ritual consiste em desenhar um círculo com rosas vermelhas no chão, ao redor do círculo deve ser posicionado treze flores-de-lis, quando for exatamente meia noite do dia de seu aniversário, a bruxa deverá entrar dentro do círculo e proferir um feitiço em latim. Isso criaria um vínculo tão forte entre ela e seus ancestrais que nem o plano astral seria capaz de cortar.

      Quando o ritual for concluído, suas antepassadas conseguirão conversar com Eliza através de sonhos, para lhe guiar em direção ao melhor caminho.
    
  — Liam, o que você acha? — indagou Eliza para seu gato, mostrando um pequeno buquê de flores que havia feito para decorar seu lar.

      O gato inclinou a cabeça, como se estivesse pensativo, deu as costas para sua dona e caminhou em direção a uma flor chamada Flésia, olhando para ela em seguida.

  — Ótima ideia — A garota sorriu para seu animal de estimação, pegando as flores de diferentes cores — Melhor voltarmos, ainda tenho que organizar algumas coisas para o ritual.

     O caminho de volta para o chalé era repleto de árvores e ervas de todos os tipos, pequenas pedras espalhadas pelo chão e pássaros procurando minhocas para alimentar seus filhotes. Eliza contemplava a natureza durante todo o caminho, de vez em quando olhava para trás apenas para garantir que não estavam sendo seguidos.

      Na varanda do chalé havia um banco de madeira com uma mesa redonda ao lado. Um pequeno jardim cobria três metros da parte da frente do chalé, o que trazia um aroma agradável ao lugar.

      Ao fechar a porta de sua casa, Eliza sentiu a mesma sensação que estava tendo há três anos, como se estivesse sendo observada. Respirando fundo, ela caminhou em direção a cozinha e colocou a cesta com as flores em cima da mesa de madeira.

       Quando se virou para trás, notou a sombra de um homem projetada no chão em frente a janela da sala.


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- espero que tenham gostado, amanhã sai mais um cap

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