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Posso te fazer uma pergunta? - Disse enquanto deslizava as pontas dos meus dedos pelas pernas da Amber. Estávamos no gramado do jardim da minha casa, ela deitada com a cabeça no meu colo e com os joelhos colados um ao outro. Os raios do sol refletiam o azul dos seus olhos, os deixando mais claros do que eu poderia imaginar.

- Claro. - Ela inclinou a cabeça um pouco pra cima e sorriu quando seus olhos encontraram os meus. Aquele sorriso me deixava com formigamento em toda parte do meu corpo. Eu amava ele.

- O que você prefere, amar ou ser amada? - Pra minha surpresa o sorriso sumiu do seu rosto. Amber abriu um pouco a boca pra responder, mas logo a fechou e respirou fundo olhando pro outro lado. Era como se as palavras quisessem sair, mas ela estava tentando achar um jeito melhor de usá-las.

- Amar alguém é ter que lutar, e eu prefiro ser amada do que uma lutadora.

- Por que?

- Porque toda a minha vida eu passei lutando. Eu nunca senti uma sensação de conforto, porquê todo esse tempo eu estive escondida, então nunca tive alguém pra chamar de meu. No fim estou acostumada com as pessoas sempre irem embora. - Seus olhos voltaram a encarar os meus. - A verdade é que amar só fez com que eu ficasse mais sozinha, e é por isso que prefiro ser amada do que amar.

- Mas do que adianta ser amada e não retribuir esse amor?

- É simples. - Amber se levantou do meu colo e se sentou de joelhos na minha frente sem tirar os olhos de mim, ela nunca tirava os olhos de mim. - Você não sente, e se você não sente, não se machuca.

- Por que você tem tanto medo do amor? Por que tem tanto medo de se machucar?

- Porque eu só conheci o lado feio do amor.

- Não é porque você só conheceu o lado feio dele que não pode conhecer o lado bom, vc só tem 17 anos.

- Não posso conhecer o lado bom dele, porque pra eu conseguir fazer isso preciso sentir, e eu não sinto. - Ouvir aquelas palavras fizeram com que os batimentos do meu coração diminuíssem, por um momento eu não conseguia mais sentir ele.
Como amar alguém que não sente nada? como amar alguém que não te ama de volta?

- Isso é impossível, você não é um robô Amber! Você é um ser-humano, é claro que você sente. - Me levantei do gramado e bati  mão uma na hora tirando os pedacinhos de mato que grudaram nas palmas.

- Vi...

- Não, não! - Minha respiração começou a ficar pesada, era como se não tivesse ar o suficiente a minha volta, e a cada segundo ficava mais difícil de puxar ele pra dentro dos meus pulmões. - Você tem que sentir alguma coisa, você tem que...

- Ei. - Amber se levantou com tudo e envolveu os seus braços em volta de mim me abraçando. O abraço dela era tão reconfortante e tão preso que mesmo que você quisesse não conseguiria me soltar. - Olha pra mim, respira junto comigo. - Ela pegou no meu rosto me fazendo olha-lá. Segui a sua respiração e aos poucos foi ficando mais fácil de respirar sozinho. - Tá tudo bem, tá tudo bem.

Coloquei minha mão em cima da dela que ainda estava sobre o meu rosto. Mas foi naquele momento que eu percebi que aquela relação não era nada saudável. Eu estava tendo uma crise de ansiedade, estava sofrendo por um amor que nunca iria ser real, a Amber era como droga e eu era dependente dela. Estávamos em uma balança na onde só o meu lado tinha peso, mas ele não era o suficiente pra sustentar os dois lados.

69 𝕥𝕠𝕟𝕤 𝕕𝕖 𝕡𝕣𝕖𝕥𝕠 (Ps: Você Ainda Me Ama!)Onde histórias criam vida. Descubra agora