Lapin Tueur | jjk + pjm

00. bunny teeth

Não esqueçe de deixar a ⭐!

|🐇|

Sometimes, you're a
stranger in my bed
Don't know if you love me
or you want me dead
Push me away, push me away
Then beg me to stay,
beg me to stay, yeah

Estava chovendo forte naquela madrugada. O vento cortante e furioso passava entre as brechas das janelas emitindo um som agudo e melancólico como um choro fantasmagórico. Essa combinação fomentava a atmosfera mórbida e aterrorizante que pairava sobre a cidade e principalmente, naquele momento, o pequeno apartamento escuro de Michel Richii.

Que apenas não se encontrava completamente tomado pelo breu por conta da luz que o aparelho de televisão emitia contrastando a face horrorizada do loiro. Michel sequer piscava olhando para a tela onde passava um boletim informativo de emergência. A imagem borrada de um torso humano ocupava a tela e ao seu redor era possível perceber faixas amarelas e vermelhas juntamente aos flash das sirenes policiais. No canto, uma caricatura de um rosto: um homem jovem de nariz de botão e lábios finos com um sorriso torto. Os olhos estavam riscados. Provavelmente a polícia ainda não tinha informações suficientes para traçar por completo a face do criminoso.

Porém o que realmente fez o coração de Michel parar por alguns segundos foram os dentes. Os pares frontais de incisivos centrais grandes e bem específicos.

Dentes de coelho.

Ele conhecia alguém exatamente como a caricatura. Essa pessoa estava dormindo no quarto atrás dele, era possível ouvir o ronco rouco e abafado cruzar a porta de madeira branca.

A imagem é trocada e agora o pulso do falecido estava em evidência. Nele um cortes formando as consoantes L.T escorriam sangue. Seguido de uma lista de possíveis nomes que começavam com essas letras.

Um sentimentos de leveza tomou conta do peito do homem que soltou a respiração que sequer havia notado que estava segurando. Piscou algumas vezes antes de desligar a televisão e ir em direção a cozinha em silêncio sem se importar com o escuro. Precisava beber. Talvez estivesse ficando louco.

"Foi apenas uma coincidência" Ele pensou enquanto abria uma latinha de cerveja escorado contra a pia. Richii tentava se convencer, mas os acontecimentos recentes estavam deixando a dúvida crescer em seu peito machando sua lucidez como tinta preta em um pano branco. Pouco a pouco, novas gostas caiam.

Primeiro começou com sapatos sujos de terra e molhados na entrada da casa. Tiveram até uma briga por conta disso.

"Não sou seu empregado! Já lavei esse tênis 3 vezes só essa semana Dario Galli!"

"Já disse para não mecher nós meus sapatos. Não estou obrigando você fazer nada disso. Apenas deixe como e onde achou!"

"Você é um porco! Por onde tem andado para se sujar desse jeito?"

"Plantando cenouras"

Depois disso, encomendas de materias de jardinagem começaram a chegar na casa. Juntamente, as saídas na madrugada ficaram frequentes. Sempre voltava com um corte ou hematoma novo que Galli nunca sabia explicar como adquiriu e quando resolvia inventar algo era as coisas mais absurdas que o loiro já havia ouvido na vida.

"Vai mesmo me dizer que fez esse corte na bochecha plantando de madrugada?! Isso vai formar cicatriz, certeza" — Michel estava sentando ao lado de Galli no sofá. Ele fazia um simples curativo no moreno enquanto um bico enraivecido tomava seus lábios.