𝐓𝐇𝐄 𝐏𝐀𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑, Hyunlix

01.

The painter, Hyunlix.

     𝐃𝐄𝐒𝐃𝐄 𝐐𝐔𝐄 Felix recebeu seu novo vizinho, rapaz dono de madeixas morenas e hidratadas do qual vivia na casa em frente a sua, do outro lado da rua, Felix se via perdido, não conseguia tirar o moreno de seus pensamentos, nunca se falaram, mas Felix sentia como se tivesse vivido toda a sua vida com o mesmo.
     A casa pela qual o moreno vivia era grande, mas nada exagerada. Tinha dois andares, onde as paredes do lado exterior eram em cor de creme bastante claro, quase um branco amarelado, o teto era em formato de V invertido, esses em tom branco, haviam bastantes detalhes espalhados pela casa, a porta era de marrom, com detalhes transparentes, feitos de vidro, era uma casa bastante reconfortante, e sob qualquer uma das janelas espalhadas pela mesma, existiam plantas diversas, dando um pequeno ar mais natural. Posicionada em um local pelo qual, da sacada presente no segundo andar, se possuía a paisagem perfeita do lindo parque em meio às várias ruas de Seul.

     Felix não desejava parecer um stalker ou algo do gênero, estava mais para um apreciador, amava ter a visão do moreno na janela, ao fim da tarde, por volta da 16, ele sempre possuía um semblante calmo e sofisticado, enquanto seu cavalete ficava virado para o parque, e o moreno dividia sua atenção entre a paisagem e suas pinceladas. Às vezes, quando o moreno terminava suas obras sobre a vizinhança, Felix podia vê-lo com uma pequena ecobag em seu ombro, com alguns pincéis à mostra na boca da bolsa, seu cavalete fechado em sua mão esquerda, era o menor cavalete do moreno, e Felix chutava haver tintas em sua ecobag. Esses dias eram os pelos quais ele mais apreciava, o dono de seus pensamentos parecia tão imerso em suas pinturas, e o loiro tinha certeza de que adoraria tê-lo em seus braços.
    
     Havia um bom tempo desde que Felix aceitou que deveria falar com Hyunjin de uma vez, sabia que o moreno já havia notado o olhar do loiro vindo do apartamento da frente, e vez ou outra recebia um sorriso calmo e confortável do moreno, por que não se aproximar?
     Hoje, Felix havia chegado a decisão de que queria ir até uma cafeteria, o garoto estava precisando de um chocolate quente com mini marshmallows, o inverno de Seul era rigoroso, e os pequenos flocos de neve pairavam suavemente pela cidade, dando um ar de relaxamento, mas, mesmo adorando esse clima, Felix ainda assim preferia a primavera, o clima neutro e as árvores enfeitadas pelas cores vibrantes das flores.
     Bem, mas, mesmo assim, lá estava o Lee, com sua calça preta, levemente alargada, uma camisa de mangas longas aveludadas, feitas de lã, e gola alta, também da cor preta, por cima estava o seu sobre-tudo na cor marrom claro, e nos pés, um sapato social do qual mais parecia um coturno, sentado em uma mesa levemente afastada, posicionada na extremidade da parte interna da cafeteria, comendo um brownie e bebericando o seu chocolate quente tão esperado.
    
     Foi quando ouviu o sino da porta tocar, indicando que alguém havia adentrado o local. Lee não se atreveu a olhar quem era, estava concentrado de mais em seu próprio pedido, mas o cheiro forte e delicioso de café com um fundo de chocolate adentrou suas narinas, ele não se conteu, como alguém poderia ter um cheiro tão bom?
     Assim que se virou, pôde sentir suas bochechas queimarem levemente, ali estava o rapaz pelo qual havia tomado seus pensamentos nesses últimos meses, ele era mais alto do que Felix achava, mas era realmente belo. Estava usando calças de alfaiataria da cor preta e uma camiseta longa e de gola feita de tweed, da mesma cor de suas calças, usava um tênis bege, um cinto podia ser visto em sua cintura, e usava um sobre-tudo de couro sintético preto. Seus dedos eram enfeitados por anéis e suas orelhas por diversos brincos.
     Era tarde demais para que desviasse o olhar, o rapaz já estava retribuindo a encarada, e então sorriu, um dos sorrisos mais belos que Felix já havia visto, muito embora fosse um sorriso sem mostrar seus dentes. Lee não pôde deixar de retribuir o pequeno ato, apesar de se sentir extremamente envergonhado. Usando certo esforço, ele desviou o olhar, voltando a olhar para seus brownies. Pôde ouvir a mesa de trás de si ser ocupada, possivelmente era seu vizinho, sentando calmamente enquanto fazia seu pedido a atendente que acabara de o atender.