stop your crying, baby ও l.s

𓂅 2.

Não foi uma coisa de um dia.

Os golpes causados pelos passos de quem decidiu inviabilizar sua vida continuam ao longo da semana.

Na terça-feira aconteceu de novo, fazendo com que ele chegasse ao corpo de bombeiros na quarta desejando que Liam o pedisse para ficar de guarda naquela noite. Ele prefere acordar no meio da noite para salvar vidas do que tirar a do vizinho.

Não pôde deixar de começar a odiar a pessoa responsável por suas noites sem dormir. Não entendia o motivo daqueles barulhos e desejava com todas as suas forças que eles parassem ou realmente iria acabar com sua paciência.

O pior é que isso é algo fácil.

O fato é que as caminhadas matinais eram intermitentes. Tiveram alguns minutos no meio da noite e, em um momento, pararam de soar como um inferno em sua cabeça. Quando Harry pensava que finalmente iria dormir um pouco, as caminhadas retomavam sua rotina por mais alguns minutos. Assim durante a longa e fria noite.

Dizer que ele quer se matar todas as manhãs seria pouco ao mesmo tempo que pode soar dramático.

— Liam, por favor, diga que precisa de mim. — Seu bom amigo, que nunca se surpreende com sua ânsia de ajudar, olha para ele com certa pena.

— Harry, aproveite seu dia de folga um pouco e só venha quando realmente precisar. Você tem que aproveitar a vida fora do trabalho. — Com um grunhido baixo, ele balança a cabeça.

— Eu não quero isso. Quero estar aqui e fazer algo útil. — Sua voz soa baixa e exigente, sem pensar que seu amigo pode apenas querer fazer algo bom para ele.

— Pare de rosnar assim, você assusta as pessoas. — Não se sentindo nem um pouco culpado, Harry encolheu os ombros e continuou a franzir a testa para o alfa. Tampe os ouvidos ou algo assim. — E se você realmente quer estar aqui, equipe o caminhão ou realize trabalho de escritório.

Revirando os olhos, ele decide que a melhor coisa a fazer é organizar a papelada ou algo assim. Os caminhões estão sujos e cheios de roupas usadas, suadas e com cheiro de alfa, prontas para serem lavadas, o que pessoalmente não definiria como sua atividade favorita.

No entanto, assim que entra no escritório, ele se lembra por que nunca fica por perto.

Tyler.

Observando o ômega organizar as gavetas de seu escritório, ele arregala os olhos abruptamente e corre para sair dali o mais rápido possível sem ser pego. Porém, ao tentar fugir de costas, ele esbarra em uma caixa próxima à porta e provoca um barulho que acaba alertando o loira de olhos cor de mel.

Merda.

— Harry! — O ômega se levanta com uma alegria um tanto perturbadora e envolve seu tronco como se fosse seu melhor amigo. Se ele não fosse seu parceiro e irmão de Liam, provavelmente já teria levado um golpe.

Ele não odeia isso. Não chega a esse extremo, mas irrita demais sua confiança, mesmo sem que ele tenha dado origem a nada disso. O garoto parece ter uma pequena obsessão por ele, principalmente depois do ocorrido alguns meses atrás.

Harry estava na casa de Liam como sempre, e teve o azar de ficar na sala enquanto ele foi comprar algumas coisas para o jantar. Seu amigo já o havia informado da visita de seu irmão, que ele conhecia desde crianças, mas não via há muito tempo.

Tyler estava no último ano do ensino médio, então sua estada naquela casa seria curta e ele passaria a maioria do tempo em seu quarto. O infortúnio foi que seu cio veio justamente naquele momento.

— Ok, estou indo. Tenha um bom dia. — Tyler lhe dá um sorriso amoroso e tem que admitir que sente um pouco de pena dele. Liam continua dizendo que todo esse absurdo acabará, mas realmente precisa que isso aconteça o mais rápido possível.