Capítulo II

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– Hora do óbito 2:35 da manhã – digo com as mãos ensanguentadas afastadas do corpo inerte do meu paciente olhando para o relógio digital em cima da porta de entrada da sala cirúrgica. – Senhorita Marshall e Senhor Watson vocês vem comigo falar com os familiares – falo e me afasto do corpo me sentindo frustrado e impotente, nunca gostei de perder um paciente, existe quem diga que com o tempo a gente se acostuma, mas sou formado há 6 anos e até hoje não me acostumei, perder um paciente não é como perder algo que consigamos adquirir novamente, é perder uma vida, isso jamais conseguiremos recuperar.

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Após a saída do Sr. Miller e do pequeno Ethan, voltei ao trabalho, mesmo que o belo sorriso do homem alto de olhos verdes viesse a minha mente, como uma espécie de cena de filme, que se repetia e repetia. Quando o relógio marcou 11:45 da noite recebemos um telefone da central informando que uma vítima de acidente de trânsito em estado gravíssimo estava sendo trazida de ambulância, eu tinha menos de 5 minutos de acordo com a informação para reunir a equipe e montar uma estratégia para otimizar e agilizar o atendimento, reuni a Senhorita Marshal e a mandei juntamente com um dos internos para preparar a sala de trauma 1, recomendei que a enfermeira chefe Susy deixasse o banco de sangue em alerta, eu não sabia o que iriamos encontrar, fui para a porta de acesso a emergência das ambulâncias juntamente com o residente Chris Watson.

– Quando essa ambulância parar eu quero o máximo de agilidade possível – Falei para o residente ao meu lado sem tirar os olhos do acesso da rua.

Quando Dr. Watson iria me responder escutamos as sirenes da ambulância se aproximando, os minutos que se seguiram foram caóticos e rápidos, antes mesmo que a ambulância parasse de vez, Dr. Watson e eu nos aproximamos das portas traseiras e a abrimos com rapidez, puxamos a maca com o auxílio do socorrista que estava junto ao paciente e o ventilava manualmente, já fomos andando apressados para dentro do hospital.

– Vítima do sexo masculino, múltiplas fraturas, inconsciente desde o acidente, o amigo teve apenas arranhões e apresenta sinais de embriaguez – Fala e só então reparo que um jovem de mais ou menos 20 anos andava apressado com a gente em direção a sala de trauma. – Apresentou obstrução das vias aéreas, entubamos ele ainda no local, posicionamos a maca ao lado da cama hospitalar.

– No três – Falo e todos assentem – Um, dois, Três – falo e colocamos o rapaz na cama e comecei a examiná-lo.

– A gente estava numa festa, mas ele não bebeu muito, apenas duas cervejas, o que eu vou dizer para a minha tia? – Falou o rapaz que havia entrado junto conosco na sala.

– Você, tira ele daqui – Falei olhando para uma interna, ela assentiu e retirou o rapaz da sala – Precisamos de uma TC de Crânio.

– Pressão e batimentos caindo – Avisou a Senhorita Marshall.

– Droga, ele vai parar, iniciando massagem cardíaca, tragam o carrinho de parada e chamem a cardio! – gritei enquanto iniciava a massagem cardíaca e a Dra. Marshall rasgou a camisa do paciente com o auxílio de uma tesoura assim que parei de fazer a massagem o coração parou, peguei o desfibrilador enquanto Watson deu continuidade a manobra – Carrega em 100, afasta – o residente se afastou com destreza e encostei as pás no peito do paciente, mas não adiantou e Watson voltou a fazer a massagem – Carrega em 200, afasta – gritei e mais um vez dei um choque e dessa vez adiantou.

– Temos um ritmo e a pressão está subindo, o abdome do paciente apresenta sinais de hemorragia interna – Falou o Dr. Watson.

Neste momento Dr. Tyler, um médico na casa dos 55 anos entrou na sala de trauma e começou a examinar, a hemorragia interna constatada pelo residente foi confirmada e a tc de crânio teria de esperar.

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