capítulo único.

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O ruivo cantarolava uma velha canção que aprendeu com a sua babá, a mulher que cuidava dele. Ela costumava cantá-la para que ele pudesse dormir a noite inteira.

Ele viu seu reflexo na adaga limpa que estava carregando, aquele instrumento não era dele, mas sim de seu marido e rei, Rengoku Kyoujurou. Aquele objeto era, de fato, bonito e pesado, era necessário que ele soubesse segurar e manusear a arma corretamente, para evitar que sofresse algum acidente ou fratura que ele não gostaria de ter que explicar.

"Ficarei aqui até que Bon chegue."

Seu olhar viajou para a janela do seu quarto, ele encarou a lua cheia e a noite sem estrelas. O clima estava úmido e gelado do lado de fora, qualquer um que não estivesse preparado para aquele frio – ou estivesse alojado em algum lugar sem devido aquecimento – iria tremer dos pés a cabeça. Por mais que durante o dia todo fizesse calor, a noite era fria e gelada. O vento forte era capaz de derrubar casas e apagar até mesmo os piores incêndios.

Uma luz passa por seus olhos e, então, ele sai do quarto. Ele toma cuidado ao passar pelos guardas, visando não acordá-los do sono que estavam tendo, o ruivo anda pelo corredor extenso fazendo o mínimo de barulho possível, apenas o som leve de seus passos e o farfalhar do chão do corredor era ouvido naquele silêncio.

Akaza começa a sorrir ao se aproximar da porta do quarto das crianças que ele tanto amou. Os guardas, assim como esperado, estavam dormindo como todos os outros. Ele sorri enquanto entra no quarto das suas duas crianças, ele ainda estava cantarolando aquela canção, ele observava seus filhos dormirem, eles eram tão lindos e angelicais.

"Assim que Bon acabar, não estarei aqui."

O ruivo sorri com amor e carinho ao ficar entre as camas daquelas crianças. Os lindos fios dos cabelos loiros e as expressões relaxadas e descansadas alegravam o seu coração, o seu coração batia enlouquecidamente de amor e de saudades.

"Quanto mais cedo Bon vier, mais cedo poderei ir para casa."

O homem passou os dedos pelo rosto sereno do garotinho mais novo, esse que franziu a testa pelo toque repentino em sua face, mas logo se aconchegou ao sentir e reconhecer a quem pertencia aquele toque doce e sutil.

O garotinho tentou abrir os olhos, mas logo a voz gentil ecoou:

— Não se preocupe, volte a dormir.

O garotinho fez o que Akaza mandou. Ele relaxou os olhos e o corpo novamente e descansou mais uma vez.

O coração do ruivo novamente acelerou, aquilo era fofo. A forma que aquela criança, não, seu filho, obedecia tudo sem hesitar, era fofo e comovente. Provavelmente os outros pais têm inveja da forma que seus filhos se comportavam em sua presença.

"Eu sou um mendigo, apenas um mendigo
Eles são pessoas ricas.
Com boas faixas e bons vestidos."

Ele olhou para a outra criança, a que estava ao seu lado esquerdo. Ele sorriu mais largo dessa vez, deixou um leve beijo na testa do menino, fazendo com que ele remexer-se na cama, mas não para acabar acordando. Talvez, assim como o seu irmão, ele reconhecesse a presença de Akaza até mesmo enquanto estivesse dormindo e, para o ruivo, aquilo era fofo e fazia seus olhos lacrimejarem de tanto orgulho e admiração por seus próprios filhos.

"Quem vai chorar por mim
Quando eu morrer?
Apenas as cigarras na montanha atrás da casa"

Ele olhou para a adaga em suas mãos, o reflexo reluzente dela mostrava os seus olhos chorosos e frios, o rapaz balançou a cabeça e fechou seus olhos enquanto franzia os lábios e, pela última vez, olhava para os seus filhos, sussurrando palavras doces e amargas.

correntes amarelas - AkazaOnde histórias criam vida. Descubra agora