capítulo 28

4K 167 9
                                    

Continuava minha vida com Gabriel em festas, drogas e corridas, mas eu sentia que queria e que precisava de mais. Estava viciada em ganhar e em ser a melhor, queria mais dinheiro, queria que mais pessoa me conhecessem...

Um dia, uma garota da minha escola que andava comigo no clube de boxe ficou observando eu lutar e depois perguntou se eu gostaria de entrar em lutas de boxe para receber dinheiro cada vez que ganhasse com as apostas que as pessoas faziam. Eu não tinha completa noção que isso também era ilegal, por isso aceitei e foi algo que mantive apenas para mim, ninguém ficou sabendo.

Me deu adrenalina, era uma forma de deixar tudo o resto para trás. Eu não era conhecida pelo meu próprio nome e os sítios das lutas não ficavam do lado da minha casa e da minha escola, então lá ninguém me conhecia. Eu sempre ia com essa garota e minha mãe não suspeitava de nada, meu pai também não. Eu estava completamente perdida.

Então minha vida era essa. Gabriel, caos, drogas, festas, dinheiro, apostas, corridas de carros ilegais, raiva, vitórias, medalhas, lutas ilegais, adrenalina... uma vida que tentei deixar para trás.

Vocês se perguntam se meus pais nunca descobriram de nada... eles acabaram sabendo de tudo. Um dia eu estava num péssimo dia e cheguei em casa muito tarde com sangue na cara, na roupa e com os nós dos dedos rasgados. A luta tinha ido mal.

Eles ficaram super preocupados comigo, pensaram que eu tinha sido agredida e que algum homem ou garoto tinha abusado de mim. Eles disseram que iam chamar a polícia e minha mãe começou a chorar assim que eu entrei em casa.

Eu disse que ela não devia chamar a polícia e decidi que estava na hora de contar tudo para eles. Já estava vivendo essa vida dupla há quase um ano e nunca ninguém tinha desconfiado de nada, mas eu precisava de parar com tudo isso.

Meus pais choraram, ficam em choque, disseram que a culpa era deles, gritaram comigo, me colocaram de castigo, eu também chorei, eu não sabia o que fazer nem o que dizer.

Eles me disseram que tudo iria ficar bem, que eles me amavam, que iríamos arranjar um solução para tudo, que isso iria passar e que eu iria deixar essa vida para trás. Eles choraram dizendo que eu podia ter morrido e se sentiram culpados por não saberem de nada. Eu chorei junto.

Jurámos os três que esse assunto iria ficar enterrado e que nunca diriam nada a ninguém sobre isso. Era um segredo de família e um assunto do passado que não era para ser levado para o futuro.

Depois disse a Gabriel que iria terminar com tudo o que andávamos fazendo ao que ele reagiu bastante mal e apenas voltou a falar comigo dois dias depois. Nosso relacionamento era muito tóxico mas acabámos por continuar juntos porque uma força maior impedia que nos afastássemos.

O primeiro ano do ensino médio terminou e as férias de verão chegaram. Tudo estava indo melhor, Gabriel continuava na mesma vida de antes mas com menos intensidade porque eu já não estava do seu lado para o acompanhar.

Duas semanas antes das férias de verão terminarem aconteceu o pior dia da minha vida. O dia em que assistir minha mãe ser morta mesmo na frente dos meus olhos e eu não puder fazer nada para ajudar. Essa história eu já contei e quanto menos eu falar nisso, melhor.

Eu mudei completamente. Me tornei numa pessoa irreconhecível e fiz de tudo para mudar. Eu precisava deixar minha mãe orgulhosa e ser a filha que meu pai precisava que eu fosse.

Minha vontade de voltar para a vida antiga era grande porque eu sabia que meus problemas ficariam sempre "escondidos" enquanto eu estivesse correndo, lutando ou sob o efeito de drogas. Mas eu não poderia fazer isso e decidi entrar num psicólogo.

Gabriel sempre ficou do meu lado me apoiando, isso fez com que eu gostasse dele e tinha percebido que talvez eu o amasse. Malia também me apoiou muito e nos tornámos inseparáveis.

Eu e Gabriel continuámos o casal sensação da escola, todos nos conhecíamos mas agora eu era a vítima que todos olhavam com pena e diziam para eu ter força agora que minha mãe tinha morrido.

Depois de uns meses tudo começou a voltar ao normal, as férias do verão começaram e agora estou aqui. Na praia com esse grupo de pessoas que conheci há dois dias atrás enquanto esperam alguma reação da minha parte sobre o que Amelie dizia.

O Filho da Minha MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora