Além dos mundos: Ascensão do caos

6: Em pedaços

   Depois de recuperar o fôlego, os três voltaram a definir os próximos passos. Lion precisava entrar em contato com a equipe que passaria as informações completas sobre as missões, enquanto isso Venus conversaria com Axel e mostraria mais da casa para ele.
   Os dois então saíram da sala, deixando Lion sozinho enquanto ele ouvia o telefone chamar.
   Ele não sabia o porquê, mas se sentia nervoso enquanto esperava, como se uma onda de dúvida o tivesse acertado com tudo. Mas tentou se manter calmo a todo custo. Já tinha tomado sua decisão, e não mudaria de ideia agora.
   O beep do outro lado da linha era ensurdecedor, até que finalmente, ele escuta uma resposta.
  - Alô?
   Era Jacob o mesmo atendente de sempre. Lion não sabia se era o fato de Jacob se achar demais, a forma como se faz de desentendido só para dificultar a conversa ou então o simples fato de aquela voz ser tão chata e entediante que o deixava tão irritado. Era como se fosse um efeito automático. 'Acho que lembrei o motivo de não querer ligar' Pensou o garoto consigo mesmo.
  - É o Lion, preciso das informações completas de duas missões. Primeira e última.
   Lion definitivamente não estava com paciência de lidar com Jacob, e tentou ser o mais direto possível, o que no final acabou soando mais rude do que o planejado.
  - Pensei que tinha morrido - Jacob fala rindo em tom de deboche - Some assim do nada depois de uma "Missão importante". Pelo jeito voltou mal educado.
  - Desculpa, eu estou com um pouco de pressa - Lion falava enquanto cravava as unhas na palma da mão, cerrando o punho com força tentando manter a compostura na voz - Foi só um problema com o tempo, mas deu tudo certo. Enfim, você tem as informações com você?
  - Sei... As crianças de hoje em dia não sabem mais conversar como seres humanos.No seu caso mesmo não sendo um, vocês deveriam se comportar melhor. Falar um "Olá como vai?" não mata ninguém. São todas irresponsáveis.
   'Deus como eu odeio esse cara!' Pensou Lion, sentindo sua raiva sair do controle.
  - Olha só Jacob! Me poupe da sua opinião generalizada sobre jovens ou qualquer coisa que parece ser um incômodo para você, mas você tem um trabalho, que é me passar a merda das informações que eu preciso, para impedir que mais pessoas como você morram! Eu não posso fazer o meu trabalho se você não cooperar, então se for possível você parar de ser um... - Todos os nomes possíveis se passaram em sua cabeça antes que ele pudesse responder, mas apenas decidiu cravar as unhas em sua mão com mais força ainda - Parar de reclamar e só fazer seu trabalho eu agradeceria!
  - Tá bem, estressadinho! Mas da próxima, meça suas palavras comigo, ou eu abaixo seu salário.
   Lion tinha total consciência de que ele não tinha o poder de fazer isso, mas apenas concordou para impedir que dissesse algo de que se arrependeria mais ainda no futuro.
   Após o fim da conversa mais longa do que realmente deveria, Lion desliga o telefone irritado. Havia conseguido todas as informações que precisava, mas isso tinha lhe custado todo o resto de paciência que tinha.
   Lion sentia seu sangue ferver de ódio ao desligar o telefone. Não havia percebido, mas apertava a mão com mais e mais força, até que sentiu um líquido quente escorrer. Quando encarou a palma da mão percebeu que havia ido longe o suficiente para cortá-la, agora estava cheia de sangue.
- Que merda - Sussurrou, olhando para o corte que havia feito.
   Era algo raso, com certeza estaria curado até o final do dia, mas não era isso que o incomodava. Era a sensação de estar fora de controle.
   Era como se tudo estivesse colapsando e ele não podia fazer nada. Ele não sabia se havia feito a coisa certa, não sabia o que fazer a seguir, ele não poderia controlar isso da mesma forma que não pode se controlar. Era frustrante para alguém como ele, que geralmente mantém tudo sob controle, ter o perdido assim tão de repente.
   Ele desvia o olhar para o porta canetas bem a sua frente na mesa, o jogando longe ao ponto de acertar a parede do outro lado da sala.
  - Que MERDA!
   Era claro que agora estava quebrado. Tanto o porta canetas quanto o Lion. Ele então se levanta, pegando cada pedaço do porta canetas do chão, os colocando em cima de uma prateleira. Ele se encosta na parede, escorregando até estar sentado no chão. Lion abraça os joelhos e tenta se conter. Tudo o que lhe restava fazer era se acalmar.