14 - Pau Pequeno

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Enquanto esperamos lá fora, na calçada, Jennie me pergunta:

– O que diremos pro seu pai?

E lá vem a pergunta na qual tenho evitado pensar a noite toda. O velho é um cara correto – cortês. Tradicional. Gostaria de pensar que ele teria orgulho do que fiz para defender a honra de Jennie. Mas ele também é um empresário. E a verdade é que eu poderia ter defendido a honra de Jennie e ainda assim ter assinado com Anderson. É o que eu devia ter feito. É o que eu teria feito se fosse qualquer outra pessoa que estivesse na mesa de negociações.

– Deixa meu pai comigo.

– O quê? Não. Não, somos uma dupla, lembra? Nós duas perdemos este cliente.

– Fui eu quem dispensou o cara.

– E fui eu quem não te impediu. Sou muito grata pelo que fez por mim, Lisa, de verdade. Você foi mesmo incrível.

Talvez seja só a vodca, mas suas palavras fazem eu me sentir quente e confusa.

– Mas eu não preciso que ninguém me salve – ela continua –, sou bem grandinha e, com certeza, posso lidar com qualquer coisa que seu pai fizer. Vamos falar com ele juntas na segunda-feira de manhã. Fechado?

Isso faz com que eu conclua: Jennie Kim é uma mulher incrível.

– Fechado.

Logo em seguida, um Thunderbird preto chega cantando os pneus na rua e para na nossa frente. Sim – eu disse Thunderbird. Direto do túnel do tempo. Dele, sai um cara com estatura mediana e cabelo castanho-claro.

Sou só eu ou você também acha que ele parece um otário? Do tipo antiquado. Daquele jeito sem sal, nem açúcar.

Com cara de reprovação, ele olha para Jennie antes de me medir. Depois disso, parece muito mais nervoso. Talvez o bobão não seja tão burro quanto eu achava, ele percebe que tem uma concorrente.

Billy dá a volta e abre a porta do carro para Jennie. Ela suspira e me dá um sorriso forçado. Depois, dá dois passos em direção ao carro e tropeça em um buraco na calçada. Eu me movo para segurá-la, mas o Pau Pequeno está mais próximo e me empurra para fazer isso. Ele a segura nos braços, e a raiva em seu rosto está mudando para nojo.

– Você está bêbada?

Não gosto de seu tom de voz. Alguém precisa ensiná-lo a ter modos.

– Não começa, Billy. Tive uma noite ruim – informa Jennie.

– Uma noite ruim? Sério? Como se você estivesse fazendo a apresentação mais importante de sua vida e sua namorada não aparecesse? Isso foi tão ruim, Jennie?

Apresentação? Ele disse mesmo apresentação? Ela dorme mesmo com este idiota? Você só pode estar de brincadeira comigo.

Ela sai dos braços dele.

– Sabe de uma coisa…

Jennie começa a falar decididamente – e depois para.

– Vamos… pra casa.

Ela entra no carro e o imbecil bate a porta atrás dela. Ele olha para mim com raiva, e dá a volta até o banco do motorista.

Jennie abre a janela.

– Boa noite, Lisa. Obrigada… por tudo.

Dou-lhe um sorriso, apesar da minha enorme vontade de socar a cara do seu noivo.

– De nada.

E o Thunderbird sai voando. Deixando-me, pela segunda noite seguida, sofrendo por Jennie Kim. Esfrego minha mão em meu rosto e ajeito minha franja, quando escuto uma voz atrás de mim.

– Ei, gatinha. Acabei de sair. Quer sair comigo?

É a garota dos drinques. Ela é bonitinha – nada em especial –, mas está ali. E depois de ver Jennie indo embora com aquele covarde com quem vai se casar, eu me recuso a passar o resto da noite sozinha.

– Claro, querida. Vou chamar um táxi pra gente.

Venho buscar meu carro depois – quando estiver sóbria o bastante para dirigir sem batê-lo em um poste.

(...)

É uma trepada ruim. Aí vai um conselho: ficar parada e quieta como um cadáver quando estão te comendo nunca será lembrado como uma experiência sexual espetacular.

A outra razão por ter sido ruim é que não consigo parar de pensar em Jennie. Fico comparando a garota dos drinques com ela e, a primeira, é lógico, acaba me decepcionando.
Você me acha uma cretina por fazer isso? Fala sério – vai me dizer que nunca imaginou que era o Brad Pitt te comendo em vez do seu marido barrigudo? É, foi o que pensei!

Continua me achando uma cafajeste? Então você está com sorte. Terei o que você acha que eu mereço em breve.

Atraída (JenLisa) (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora