Uma avenida movimentada, em uma cidade grande, um mar de pessoas, um oceano de vidas desconhecidas, é um prato cheio de pensamentos e sentimentos, uma sensação esquisita de se pensar na verdade.
Parada em um meio fio qualquer, observava as pessoas vivendo suas vidas. Não compreendia aquele sentimento que rondava seu peito. Era algo estranho, parecido com o que havia lido em um livro uma certa vez, mas... era mais complexo do que isso. O pensamento de que ninguém naquela rua movimentada sabia dos seres abissais que existiam a sua volta, pairando no ar, grudado em alguns como carrapatos, ou vagando sem rumo procurando uma vítima ou propósito.
Podiam ser diferentes coisas, fantasmas, demônios, maldições, sentimentos materializados em aspectos sombrios, são infinitas possibilidades que podem ou não estar conectadas, mas Hadria carinhosamente os chamava todos de Pregos*.
*Pregos, irritantes e doloridos.
Entretanto ela não estava lá por causa deles, eram peixinhos pequenos comparados com o que ela procurava, Hadria possuía uma função no mundo muito semelhante ao Caronte, porém muito mais ativa que o saco de ossos que só ia para lá e para cá com um barquinho, era uma æčęþųœ, mas como se tornou uma palavra perdida e de difícil pronunciamento, popularmente, Hadria era uma Dux Mortus.
Sua função era buscar aqueles que fugiam do próprio destino, convencer, acolher e se preciso dar um fim nas almas que não aceitavam a própria mortalidade, essa era sua função destinada, entretanto, pode se dizer que acabar com maldições, espíritos malignos e coisas desse mundo sobrenatural também estavam no pacote.
Digamos que o grande deus da morte tinha mais o que fazer do que ficar correndo atrás de espíritos por aí.
-Olá Hefesto –A pequena gosminha flutuante emitiu alguns barulhinhos enquanto aconchegava em seu pescoço- encontrou?
O pequeno morph se transformou em uma luva branca em formato de "positivo", logo voltando a sua forma vermelha e gosmentinha habitual, se remexendo animado, provavelmente esperando algum elogio ou mimo vindo de sua dona.
-Esse é meu gosmentinho –Murmurou acariciando no centro do que seria sua cabeça, logo jogando um pedaço de jujuba para ele- ganha outra se mostrar direitinho onde está.
A criaturinha se agitou contente em receber seu prêmio, e partiu rapidamente em uma
linha reta com sua jujuba, Hefesto amava jujubas, principalmente as azuis.
----------------------------------- -É aqui Hefesto?...nossa você foi bem longe dessa vez...-Outra jujuba foi jogada no ar.
Ignorando o que seria os murmúrios de um Hefesto brabo*, Hadria caminhou pela pracinha deserta. O ar pesado e sombrio que sentia, era completamente o aposto do que devia passar um lugar que era para estar repleto de crianças. *A jujuba não era azul.
Mas olhando pelo GPS, subindo a escadaria a frente devia existir um templo, e só de olhar o aspecto do lugar e de como as veias das suas mãos escureciam a Kijo devia estar bem próxima.Hefesto já estava ao seu redor, a jujuba já havia sumido, e ele estava estranhamente calado, sua forma ficou menor e ele logo se escondeu ao redor do seu pescoço, formando uma espécie de gargantilha de metal. Mesmo temendo tanto, ele ainda o estava protegendo.
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A história de uma Dux Mortus
FantasyHadria possuía uma função no mundo muito semelhante ao Caronte, porém muito mais ativa que o saco de ossos que só ia para lá e para cá com um barquinho, era uma æčęþųœ, ou na língua comum, uma Dux Mortus. Sua função era buscar aqueles que fugiam do...