CAPÍTULO 2 a maldição de sangue
A morte do renomado cientista Walter Jacobs foi causada pelo cansaço e pela doença, ele trabalhou tanto em uma solução para a doença que ele carregava, Walter carregava em seu sangue uma praga, que tomava conta de seu corpo lentamente, foi resultado de uma de suas centenas de experiências; uma substância negra, que ele acreditava que era capaz de o fazer transcender sua humanidade, decifrar a existência, com apenas o simples fato de consumir uma pequena parte de sua substância negra. Foi uma pequena parte, mas essa fração da substância, essa pequena fração, ao ser consumida, foi o motivo de que o cientista procurasse pelo resto de sua vida pela cura da doença que ele mesmo criou, seu corpo estava apodrecendo por dentro, sendo lentamente transformado em parte de sua própria criação. Ficava fraco, dia após dia, cuspia seus órgãos para fora, e cada dia tudo o que desejava era a cura daquela doença que ele mesmo criou em busca da transcendência humana. E ele conseguiu criar a tão buscada cura, apenas não teve tempo para aproveita-la....1970, Frankfurt, Alemanha A visão era turva, e a sensação faria qualquer um vomitar, os olhos da garota tentavam localizar algo, reconhecer, mas de nada adiantava. Aura se levanta, em meio à um escuro indescritível, a única coisa reconhecível era uma pequena cama que seu corpo repousava, mesmo não sendo a mais confortável, a vontade dela era de permanecer dormindo ali, mas precisava saber o que tinha acontecido; em certa confusão, ela se senta na cama e percebe algo de estranho, ela poderia estar sendo enganada por sua mente, mas ela sentia que suas pernas não eram mais as mesmas, eram pernas curvadas, grossas, e em suas pontas, tinham cascos. Mesmo assim, ela tenta levantar, olhando a sua volta e tentando descrever algo ao seu redor, mas acaba caindo em suas próprias pernas, aquilo definitivamente não eram pernas humanas, correndo suas mãos por elas, a dúvidas que ainda residiam na cabeça de Aura foram respondidas. Ela agora tinha pernas de cabra, e em terror puro ela grita o mais alto que pode e começa a se rastejar a algo que pudesse se apoias, eventualmente chegando à uma parede, não, não era uma parede, era um grande painel de vidro, que ela usou para se escorar e tentar levantar, mas ao se virar para o grande painel, ela vê em seu reflexo duas orbes amarelas brilhando no escuro, eram seus olhos. — Mas que? Isso, isso são meus olhos! —. Ela fica observando por algum tempo a sua própria imagem, tentando compreender o que ela via. Depois de um tempo, ela também percebeu a presença de chifres feitos de um bode, aquilo não era mais ela, por quanto tempo havia ficado presa ali? E onde estava Flora? Muitas questões rodeavam a mente dela, e as principais eram sobre sua irmã, pensou tanto que acabou dormindo novamente, enquanto olhava seu reflexo, em meio as lágrimas que escorriam de seu rosto. Lugar desconhecido - 4 horas depoisApós um certo tempo, Aura acorda do mesmo jeito em que se encontrava antes, encostada no painel de vidro, agora estava de certo modo mais claro, e uma luz que havia sido ligada mostra com mais clareza onde ela estava. Ela se levanta e observa ao redor. Tudo o que via era uma sala branca com isolantes nas paredes, uma pequena cama de metal, cujo não havia colchão, apenas um tecido que dava para se deitar, havia uma pia e um vaso sanitário; uma mesa de madeira simples, onde havia um pequeno caderno e uma caneta, que por ora ela iria ignorar.Ao olhar para fora da sala, ela vê outras salas semelhantes, de longe, era perceptível que haviam outras criaturas enjauladas, uma mais grotesca que a outra, algumas choravam, outras liam revistas que provavelmente lhe foram dadas para que parassem de reclamar da nova moradia, onde ficariam para sempre — Que lugar desgraçado, como aquele tal de Rudolph tem tempo pra fazer isso tudo?— Aura suspira, olhando direto para as outras celas à procura de outra atividade que não fosse se ajoelhar e chorar, ou ler revistas velhas de 1950 sobre pessoas que já estavam mortas, ela acaba batendo o olho em uma cela particularmente diferente das outras, não tinha uma porta, para falar a verdade não tinha nada que houvesse relação com encanamento ou ventilação, e o que mais chamava atenção era uma grande cama king-size, que ocupava quase todo o espaço da pequena cela; Aura observava essa cela com atenção enquanto murmurava para si mesma — Como que o coitado do ser que mora ai ainda "tá" vivo? — Então ela percebe um sutil movimento na cama, que logo começa a se movimentar bruscamente, fazendo ela se assustar. Isso continuou até que a cama começasse a se contrair e se deformar na forma de o que parecia ser um garoto de mais ou menos 12 a 14 anos, mas não era como se ele fosse feito de carne, sua pele parecia um tipo de geleia azul, o que deixa ela levemente curiosa, mas também assustada — EEEEEEEEEEEEEEeeeeeeeeeeei! Garota nova! — Aura recua em um susto — Mas que caralh- o que você é?!— o garoto parecia incomodado com o tom de voz da Aura — ei, você não foi muito legal..., mas "tá" tudo bem — o garoto geleia se senta em uma cadeira que ele mesmo cria a partir de sua gosma — primeira vez, certo? —— Que porra de lugar é esse? Por que me colocaram junto de uma monte de monstros e aberrações e.. — Ele olha com uma expressão séria a ela — olha, eu sei que você 'tá' confusa sobre tudo isso e tal... mas não vai construir uma boa reputação se sair chamando os experimentos de monstros, sabe? Todos nós já fomos humanos normais, e outra coisa, imagino que já tenha percebido seu novo corpo, você não é diferente desses monstros. — Ele diz assumindo a forma dela, fazendo Aura se calar, ela agora pensava no que poderia falar, mas nada vinha em sua mente, apenas pedir desculpas—...perdão, eu não foi o que eu quis dizer. — O garoto muda sua expressão para algo mais amigável — hum, certo. Eu sou Victor! Muito prazer, garota cabra! — Diz transformando sua gosma em uma figura deles dois apertando as mãos — Garota cabra? Ah céus, ok, primeira coisa, o que você é exatamente? — — Ué, eu sou Victor! Ou 1.0.4 para os cientistas, sabe, o patrão não gosta muito quando somos chamados pelo nome — — Ah, não! Não é isso que eu quero dizer, eu me refiro à o que diabos é você —— Ah, não vê? Sou um humano — a gosma toma então uma forma mais humana, ele tinha realmente virado um garoto de verdade, a pele era branca e parecia feita de carne, os cabelos eram longos e negros, perfeitamente desfiados, mas bagunçados, e olhos em um tom carmim — Vê? Sou humano — ela suspira em desilusão, e se ajoelha próxima à sua tela de vidro — Merda... quando eu ver a cara daquele Rudolph de novo eu vou socar ela até que fique deformada, ele me transformou numa aberração cabra e me jogou junto aos outros... — — Olha, pelo menos você "tá" bonitona, brincadeira... Então você conhece a chefia? —— Chefia? Ah, sim, infelizmente sim, conheci ele ontem, junto daquele merda do cara bem vestido, EU MATO ELE! — Ela soca o painel de vidro com certa força — Eita nós! Vai com calma aí... O cara bem vestido, ele é um homem loiro e alto? — Ela o olha com uma expressão confusa — uh sim, pelo menos é assim que eu me lembro —— Hah! Caramba, é o Kleiton —— Você conhece esse cara?! —— pff, claro! Ele trabalha aqui, foi ele quem me trouxe aqui, ele é meio que o fornecedor da chefia, não sei como funciona direito, mas acho que ele traz pessoas para ele e recebe em troca por volta de 20.000 euros — — Que cara de pau hein? — — Inclusive... você é tipo, a última a chegar, você e aquela outra garota cabra que eles trouxeram —— ...consegue me mostrar como ela é? — Victor então se transforma em uma garota que fisicamente se aparentava com Aura, tinha chifres, uma pele levemente rosada, os olhos eram negros, tinha pernas de cabra, mas parecia mais nova, e seu cabelo era curto, feito os de sua irmã, coisa que a deixou intrigada — Essa aqui é a garota desmaiada, tadinha, ela chegou aqui tem duas semanas e ainda não acordou, ela parece com você — Aura fica olhando, procurando por alguns traços de sua irmã que ainda permanecessem, mas ela apenas assume que era de Flora que estavam falando, teria que ser, ou se não os esforços de Aura seriam em vão — Ah.. Que seja, eu vou acha-la e vamos embora daqui, só nós duas. — — Uhum, olha, você não vai embora. —— Claro que vou! Nada vai me impedir de ir embora e vou me vingar desses caras. —— Se fosse eu, ficava, hoje é dia de mingau — ele diz sorridente. — Nossa, a quanto tempo você "tá" aqui? Você parece tão acostumado. — — A uns.... 5 ou 6 anos por agora. —— Porra! Parabéns por não ter perdido a sanidade! —— Nunca comemoram meus aniversários, isso é de perder a cabeça. Fazer aniversário sem ter amigos por perto é horrível. —— Você foi sequestrado e "tá" se preocupando com aniversário? Quanto a sua família? — — Eles provavelmente pararam de me procurar tem muito tempo. Vai, relaxa, a gente não tem mais nada "pra" fazer de qualquer jeito. —— Ah tanto faz! Eu tenho muitos problemas e um deles é minha irmã, vou esperar anoitecer e vou embora — Victor se vira — Boa sorte então. — Ele se deita num canto — Você não vai fugir. Faz que nem eu e vai dormir —— É o que vamos ver. — Um tempo se passou, o dia inteiro, Aura observava atentamente as atividades de cotidiano dos experimentos, até pegou o caderno que a haviam deixado, e ignorando todas as escrituras de regras que lá haviam, ela começa a fazer alguns rascunhos básicos, e alguns poemas que lhe viam a mente, ou até mesmo cartas, destinadas para pessoas imaginárias, ela fez isso por um bom tempo até que uma mensagem vinda do interfone tocasse— Noite, meus caros experimentos, a noite chega, e mais um dia se completa, essa semana um novo experimento chega ao laboratório, seu número de série é 2.2.6, sexta teremos um exame coletivo. Estejam prontos para apresentarem seu melhor. O horário é 23:30, as luzes serão apagadas e vocês deixarão de fazer suas atividades para repousarem. Uma mensagem de seu anfitrião, Rudolph Richards.— O interfone para de tocar, e Aura sabia que fazer, assim que as luzes se apagaram, e ela se levantou — é a hora perfeita. — Ela se posiciona com os chifres apontados para o painel de vidro, tomando velocidade e correndo ao encontro do painel. Tendo um impacto com o máximo de força possível, rachando o vidro em pedaços, que em uma segunda tentativa, é estraçalhado em milhares de pedacinhos, coisa que rendeu vários cortes, mas junto com ele, o chifre esquerdo de Aura se racha junto. — Ahh! Merda, merda, merda!! Consegui, agora eu tenho que achar a Flora — Ela então começa a correr de um jeito desajeitado no meio do corredor, ignorando as dezenas de celas e parando apenas na frente de uma delas que a chamou atenção, esquecendo por um tempo a existência do alarme que tocava de forma ensurdecedora. Era um tipo de aquário, onde ela via pequenos peixes nadando, e dois olhos brilhantes que rapidamente se aproximavam, revelando um experimento. Uma sereia, que se mostrou interessada em Aura — Ah.... Olá garotinha, você me entende, né? — A sereia acena com a cabeça positivamente, mostrando um pequeno sorriso — Certo! Você sabe me dizer para onde fica a cela da garota desmaiada?! —A sereinha aponta para o lado direito do corredor — Muito obrigada, querida — E Aura continua sua corrida até parar na frente de uma cela cujo tinha uma placa na porta "2.2.5" e dentro dela, havia a garota que Victor tinha imitado, deitada, dormindo. Aura colocou a mão no painel de vidro dela e sussurrou baixinho para si mesma — Flora... vou te tirar daqui. — E ela armou para fazer a mesma coisa que fez com seu painel de vidro. No momento em que Aura iria quebrar o vidro da cela... — PARADA AI! VOCÊ VAI SE VIRAR PARA NÓS E IRÁ VIR CONOSCO SEM NOS ATACAR, VOCÊ NÃO TEM CONDIÇÕES! —
Fim...?
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W.J org
Science Fiction"isso é a vida real? isso é fantasia? pego em um desabamento de terra, sem escapatória da realidade." . . . Frankfurt, Alemanha. 1970 aquele lugar parecia tudo, menos um laboratório, eles gritavam por ajuda. Mas, ninguém se importava, não eram mais...