Capítulo 61

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Vincent pov

Segurei minha respiração, mais uma vez, tentando me controlar, mas não era hora para isso.
Olhei para S/N, não poderia simplesmente causar algum acidente, não mesmo.
Parei o carro á beira da pista, não demorei a abrir a porta para sair desesperadamente de dentro do automóvel.
Me abaixei em cócoras, fechando meus dedos aos lados de minha cabeça para cobrir meus ouvidos, me esforçando para afastar as vozes e vultos o quanto antes.

No outro lado da pista, eu enxergava um ser peculiar. Ele tinha chifres assimétricos, olhos amarelos semelhantes a um felino e três bocas em seu rosto. Desde criança esse ser me assombra, e todas as vezes que ele aparece, algo muito ruim acontece. Me lembro quando ele me encarava fixamente quando prendi as crianças no quarto trancado da pizzaria, sorrindo e esboçando a sua felicidade em meu rosto. Meu coração sempre acelera quando estou próximo a ele, e eu tive essa sensação todas as vezes que saía do quarto no cruzeiro, como se estivesse ao meu lado o tempo todo, mesmo que eu não consiga o enxergar.

Não demorou para que S/N despertasse, eu apenas percebi isso quando senti a porta do carro atrás de mim se fechando fortemente, logo a garota se abaixou ao meu lado.
Suas mãos eram gentis e preocupadas, se posicionaram contra as minhas com o fim de que eu não acabe acidentalmente me automutilando como das outras vezes que isso ocorreu.

Ela estava falando comigo, mas de seus lábios não saía uma palavra sequer, me senti extremamente horrível por não ouvir o que minha amada dizia, mas sua expressão me contava cada detalhe do que estava querendo dizer. S/N sempre foi muito expressiva, não consegue esconder o que sente quando realmente está em aflição.

Meus olhos estavam fracos em direção a menor, fardos de ver todas aquelas imagens apontando suas mágoas e afiando seu rancor em minha direção. Todas aquelas crianças voltaram para se vingar de mim, eu sei que voltaram.

Me surpreendi quando percebi minha noiva procurando algo desesperadamente em sua bolsa, retirando uma pequena embalagem provisória, contendo cinco unidades de navalhas. Ela ofereceu as navalhas em minha boca, eu hesitei assustado quando faltava poucos centímetros de distância para que me cortassem os lábios.
Ela tentou colocá-las em minha boca a todo custo, movi minhas mãos para a região, cobrindo-a das navalhas que S/N insistia que eu engolisse. Por que ela estava fazendo isso comigo? Não era hora de me preocupar com isso.

Perdendo a paciência, a garota removeu minhas mãos com força, tentando alcançar minha boca para abrí-la contra minha vontade, mas acabei a bloqueando com meu braço.
Ela gritava comigo, dessa vez fiquei grato por não escutar suas palavras enfurecidas pela minha teimosia, mas eu não poderia engolir essas navalhas de forma alguma.

Eu me levantei, me afastando de S/N enquanto ela ainda caminhava em minha direção, com as navalhas, brilhantes diante a luz do luar, nas quais refletiam meu olhar desesperado conforme ela se aproximava.
Da minha boca não saía uma palavra sequer, era como se ela tivesse sido preenchida por pedras e costurada fortemente.

Quando reparei, já havia chegado ao capot do carro, porém assim que fui desviar de S/N, a menor me prendeu fortemente contra a carcaça metálica.
Em um passo rápido, ela abriu minha boca, colocando todas as navalhas sobre a minha língua, fechando-a fortemente para que não as cuspisse novamente.

Olhando para ela desesperadamente, ainda com a boca cheia de navalhas, ela chutou minha intimidade com força. Quando senti a dor, acabei engolindo as navalhas acidentalmente.
Me curvei, dolorido, foi quando ela se abaixou ao meu lado, me abraçando e apoiando minha cabeça em seu ombro.
Ela passava carinhosamente uma de suas mãos pelos meus cabelos, com cuidado. Eu não queria evitar a garota, mas eu não entendi por que ela estaria agindo dessa maneira tão repentinamente.

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⏰ Última atualização: Aug 17, 2023 ⏰

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You Can't Love Me | Purple Guy x LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora