Epílogo

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Ao cair do Caos
Alice Tamura, 7 anos antes do Caos.

Qual a definição concreta de caos? A desarmonia e a confusão de mãos dadas em uma sinfonia plena e nada calma que arrasta consigo todo e qualquer sentimento de plenitude. Sentada no sofá enquanto leio a mais idiota comédia romântica um grande estrondo toma conta do ambiente e ecoa por toda casa, de repente não há mais luz e a escuridão tomou conta, posso ter a certeza que se não fosse pelos pequenos e fracos raios de sol de um cair de tarde eu não enxergaria nada. Eu imagino que seja apenas um apagão geral, essas coisas acontecem. Mas daí eu ouço o primeiro grito e ele é distante quase como uma ilusão, quase como aqueles devaneios que temos de alguém nos chamando de muito longe e quando me levanto da cama e apoio meu corpo no parapeito da janela eu posso ver e entender finalmente. Isso é o caos.
Vejo pessoas correrem e então aquele grito distante e solitário se transforma em uma onda de desordem e barulho, as pessoas correm e atrás delas oque parecem ser oque algum dia foram pessoas, não sei dizer oque são e nem por que agem de forma tão violenta mas meu corpo trava, meus sentidos me enganam e eu não me movo horrorizada com aquilo, eu caio em mim quando meu pai sacode meu corpo, minhas mãos tremem e ele grita. — ALICE, NÓS TEMOS QUE IR! — Quase como em um impulso eu o encaro, ele parece desesperado pra partir mas não com medo de todo aquele caos, como se ele o conhecesse. Não tenho tempo, meu olhar cai uma última vez no porta retrato em cima da minha escrivaninha, uma última vez eu encaro o rosto de Ilyan e me despeço, me culpo por ter sido covarde e não ter exposto meus sentimentos. Suspiro e então me sinto ser puxada pela mão de meu pai, descemos as escadas e sou guiada diretamente para a garagem, meu irmão gêmeo, Atlas, já está no carro. Não penso, meu pai abre a porta e me coloca ao lado de meu irmão, tempo suficiente para que eu raciocine e veja que mamãe não está ali. — Onde está mamãe? — Questiono. Sem resposta. — Onde ela está pai? — Já no banco do motorista ele se vira com uma lentidão e me encara, seu olhar penetra o meu e depois o do meu irmão. — Ela se encontrará conosco em um lugar seguro. — Mesmo que sua voz tente passar um tom de firmeza tem algo que me incomoda, a pequena fresta de dúvida no fundo de seu tom seguro. Aquilo me assusta mas prefiro pensar o melhor. — Pra onde estamos indo? — Mas uma vez o silêncio se instaura e meus nervos que já estão à flor da pele me impulsionam a fazer algo que eu nunca faço, ou quase nunca, gritar com meu pai. — PRA ONDE ESTAMOS INDO? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — Eu poderia dizer que naquele momento a face da filha quieta e calma caiu, mas eu não dava a mínima. Eu com toda certeza não ligava. — Vamos para a base da OCI. — Ele diz e eu tento entender, eu raciocino e suspiro. Um cientista de renome como meu pai, envolvido em diversas pesquisas, fui tola em não parar pra reparar que sua falta de medo é a resposta para oque eu temia, ele sabe oque está acontecendo, ele sabe oque é o CAOS.

Entre o Caos e a Fumaça Onde histórias criam vida. Descubra agora