POV Emma
Ainda estava escuro quando abri os olhos. O ar-condicionado estava ligado, balançando a pequena árvore de papelão pendurada no espelho retrovisor. As cores, da bandeira norte americana, pintadas na árvore dançavam em minhas retinas, fazendo meu estômago vazio revirar.
Tento me erguer no assento, mas acabo batendo o nariz na janela e dando um jeito no pescoço, quase me enforcando com o cinto de segurança cinza.
"A mesma Emma estabanada de sempre. - Uma voz grave e irônica se fez presente - O que seria de você sem mim?"
"Uma catástrofe". - Respondo com um sorriso de canto -
Não estávamos mais no jipe, arbustos e arvoredos beiravam a estrada iluminada apenas pelos fracos faróis amarelos do pequeno carro. Pela primeira vez em anos, vi as estrelas que os holofotes monstruosos de ThunderCloud ofuscavam. Eram tão brilhantes, tão intensas, que não podiam ser reais. Eu não sei o que era mais impressionante: a extensão infinita da estrada ou o céu. Lágrimas queimaram meus olhos.
"Não se esqueça de respirar, Patinha". - Olho para August, ele também chorou -
"Cisne! Sou um Cisne". - Corrijo-o -
"Ainda não. Você é até virgem. Patinha!" - Provoca Gust -
"E o que isso tem a ver?" - Questiono com a feição confusa -
"Nada, é só que... Aquela menina ali não tira os olhos de você. - Ele aponta para a loira ao lado do garoto magricela - Investe, Swan. É como eu sempre digo, não pode perder tempo".
"Você é nojento! - Falo torcendo o nariz em uma careta divertida, quando August finge beijar alguém no ar - Para com isso!"
"Vamos, Patinha". - Gust enlaça minha cintura com o braço, para seguirmos ao encontro dos outros -
"Está bem, Pinóquio".
POV August
"Vocês já ouviram falar da Liga das Crianças?" - Pergunta a doutora assim que entramos no carro -
"Algumas vezes". - Diz Emma -
Não deixava de ser verdade. Mas eram apenas sussurros. Se os rumores fossem verdade, era um grupo antigovernamental. As crianças mais novas, as últimas a chegarem em ThunderCloud, contaram que esse grupo estava tentando derrubar o sistema de acampamentos e supostamente escondia crianças para que não fossem levadas. Sempre pensei se tratar de uma lenda urbana. Um conto de fadas bom demais para ser verdade.
"Nós - Explicou, a auto intitulada fada - somos uma organização dedicada a ajudar as crianças afetadas pelas novas leis do governo. Albert Spencer... Já ouviram falar dele? Era comandante e conselheiro de inteligência no governo Gold".
"Ele criou a Liga das Crianças?" - Interroga a loura escura -
"Sim. Depois de perder o filho, ele percebeu o que aconteceria com as crianças sobreviventes, tentou denunciar todos os testes realizados nos acampamentos. Mas nenhum dos grandes jornais queria publicar a história, porque, na época, as coisas iam tão mal que o presidente Gold controlava a mídia com pulso firme em nome da 'segurança nacional', e os jornais menores tinham fechado por conta da crise econômica".
"Então... - Emma tentava assimilar o que lhe era contado, provavelmente imaginando se não teria ouvido errado. Ela é um pouco lerda, não posso culpá-la, fomos para ThunderCloud com dez anos, onde não tivemos nenhum ensino e mal sabíamos as matérias do sexto ano, embora eu seja verde e a Patinha tenha algo de gênio - Então, ele criou a Liga das Crianças para nós ajudar?"
Um sorriso iluminou o rosto da médica.
"Sim, isso mesmo".
"E os outros?" - A pergunta que brotou de Swan foi como uma erva daninha solitária e profundamente enraizada. Eu mesmo não reconheci sua voz -
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Mentes Sombrias - Swanqueen.
FanfictionDo dia para a noite, crianças começam a morrer de um misterioso mal súbito. Em pouco tempo, a doença se espalha e os que sobrevivem a ela desenvolvem habilidades psíquicas assustadoras. Obrigados a viver em acampamentos que seguem as diretrizes brut...