Maila e Eu

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Subi no meu quarto em quatro passos ultra largos, e abri minha bolsa a procura do meu celular, eu ainda não o tinha ligado, acho que nunca meu celular tinha ficado tanto tempo desligado, graças ao fato de minha vó ainda viver no século vinte, e não ter colocado internet na cabana. Mas não me importava mais, mesmo que estava por fora de tudo o que estava acontecendo no mundo. Tudo isso valia a pena pelo simples fato de poder ouvir a voz da Maila pelo telefone.


Maila tem 17 anos e é um ano mais velha que eu e é extremamente linda, seus cabelos são pretos e lisos, seus olhos são escuros e brilhantes, ela é um pouquinho bochechuda, o que a torna ainda mais linda e fofa, sua voz é engraçada e delicada, quando ela conversa comigo, ela me olha nos olhos e me escuta de verdade, as vezes ela é meio esquentadinha, mas isso a torna mais especial ainda. Eu cresci com ela, estudei na mesma escola e por dois anos na mesma sala. Foi a primeira e a única pessoa que eu me apaixonei em meus dezesseis anos de vida, e embora sempre pudesse contar qualquer coisa para ela, eu ainda não tinha mencionado que curtia ela de verdade.


- Olá Srt. Maila de Deus. Sim esse era o nome dela, e eu nunca perdia a chance de encher o saco dela por isso. – Como está Jesus e toda trupe ai no céu?


- Estão discutindo se já chegou a sua hora de morrer e qual dos dois deve assumir essa tarefa, mas eu mesma disse que vou fazer isso. – Maila disse com sua voz de anjo.


- Mas eu pensava que quem ficava a cargo de fazer esse tipo de coisa era a dona morte. – Falei.


- E você acha que eu sou quem queridinho? Quais são suas ultimas palavras. – Maila estava segurando o riso.


- Goku por favor, use as esferas do dragão e me salve. – Falei.


- Ai não vale. Maila estava gargalhando e eu também. – Ai não pode Euler, tem que usar pra alguma coisa mais importante. – Maila disse.


- Nossa, e o que é mais importante do que a minha pessoa? – Falei.


- Sei lá rs, já pensou se acaba todo o chocolate do mundo, eu não pensaria duas vezes, invocaria o Shenlong. – Maila disse.


Eu não parava de vomitar arco íris com a nossa conversa idiota, além de linda ela continuava legal. Embora eu conversasse com ela pelas redes sociais, era raro conversarmos em uma ligação normal, eram sempre mensagens ou áudios.


- Tá, agora é sério. Tenho uma coisa bem doida pra te contar, e quero sua sincera opinião. – Falei.


Maila estava quieta, esperando eu começar a falar, e eu não tinha ideia de como contar as coisas que estavam acontecendo, sem parecer completamente maluco. Mas resolvi contar desde o começo.


- Pois bem, ontem quando em cheguei na casa da minha vó, minha mãe me disse que minha vó não tinha colocado internet na cabana ainda, e eu fiquei meio emburrado porque não tinha trazido nem se quer um livro pra ler. – Falei.


- Sério, agora senti pena de você rs. – Maila disse.


- Haha, pois deveria se sentir mesmo. Mas voltando ao assunto, minha vó viu que eu fiquei chateado e me deu um telescópio pra eu passar o tempo. – Falei.


- Cara, o que tem de tão sério em ganhar um telescópio? – Maila me interrompeu.


- O que tem de tão sério não é o telescópio, é o que eu vi nele. – Falei.


- Meu deus, você viu seus pais brincando de casinha seu safado. – Maila não perdia uma.


- Sério Maila? Eu vi uma coisa estranha na floresta, uma sombra de alguma coisa. No começo achei que fosse uma pessoa muito alta, mas a sombra era enorme e ficou me encarando por uns 2 minutos.


- Puts Euler, você não sabe que um rato pode ter uma sombra enorme, dependendo de onde a luz esta, eu acho que você esta exagerando. – Maila disse.


- Eu também achei que estava Maila, mas minha avó viu essa mesma sombra faz uma semana e ela vem sentindo umas coisas estranhas, como se essa sombra quisesse o mal dela. – Falei.


- Que estranho cara, se isso aconteceu faz uma semana com a sua avó e ontem com você, quer dizer que algo esta errado mesmo, você já contou pros seus pais? – Maila parecia tensa.



- Eu não, eles vão achar que é só mais uma brincadeira minha, mas estou com um pouco de medo, vamos embora amanhã a noite e não queria deixar minha avó sozinha nesse lugar. – Falei.


- Cara eu acho que você deveria contar mesmo assim, eles vão pelo menos consultar a sua avó e vão ver que não é uma brincadeira. Minha mãe esta me chamando pra sair, vou ter que desligar, amanhã nos vemos ok? – Maila disse.


- Beleza Srt. Maila, não vejo a hora. – Falei


Desliguei o telefone e deitei na cama, imaginar que veria a Maila no dia seguinte me tirou um pouco do foco, estava olhando para o teto e rindo, como se fosse um adolescente apaixonado, puts eu era exatamente isso.


Liguei pro Mateus e a Carol e contei a mesma coisa que contei pra Maila. O Mateus achou o maior barato, disse que a floresta que minha avó vivia podia ser a mesma em que filmaram o filme: A Bruxa de Blair, ficou enchendo o saco pra eu pedir pra mãe dele o deixar dormir na cabana hoje, e ficou falando de uma lenda super nada ver que ele disse que a cidade de Rowling tem, me mandou entrar até em um site que fala sobre essa tal lenda, mas isso só me fez lembrar que estou vivendo na idade da pedra. Já a Carol ficou rindo demais e falando que eu estava assistindo muito Supernatural, e que toda vez que fosse falar comigo de novo, iria me chamar de Euler Winchester.


Fiquei meio irritado com os dois, por não me levarem a sério e não entenderem que minha vó podia não estar segura morando sozinha na cabana, mas depois de um tempinho comecei a rir do Mateus achando que a floresta era da Bruxa de Blair e a Carol me chamando de Winchester. Eu tenho bons amigos.


Desci as escadas correndo e fui dar uma olhada no que o povo estava fazendo. Minha avó estava assistindo tv, meu pai e minha mãe estavam vendo álbuns de fotografias antigos e Sophia estava desenhando em cima da mesa. Dei um beijo em minha mãe e um abraço no meu pai e fui tomar um banho, precisava relaxar.


Por mais que eu me entretece em alguma coisa, a imagem daquela sombra sempre me voltava a cabeça, não conseguia parar de pensar que amanhã iria embora e iria deixar minha vó sozinha nesse lugar, eu tinha que fazer alguma coisa, mas a única coisa que consegui fazer foi ir pra cama e cochilar.

48 HORASOnde histórias criam vida. Descubra agora