O Acordo

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  Já haviam se passado 20 horas e eu tinha finalmente tomado minha decisão. Eu estava em casa, tinha passado a maior parte do dia aqui pensado.

Eu quase sempre tomava boas decisões, sempre sabia o que recusar e o que aceitar sem problema algum. Eu sempre buscava a perfeição em meus trabalhos

Mas dessa vez era diferente. Era a minha própria vida em jogo, algo com que eu havia sonhado durante toda minha existência. Mas será que eu estava realmente pronta? Claro que sim, Fantasma!

  De repente, uma sensação de frio tomou conta da casa, e um arrepio percorreu meu corpo. Olhei em direção ao canto perto da poltrona, e lá estava Arius, segurando uma rosa de plástico que provavelmente pegou na mesa ao lado. Eu amava rosas, mesmo nunca tendo visto uma de verdade aqui embaixo, onde a vegetação não existia. Talvez fosse por isso que ele começou a me chamar assim, já que eu tinha algumas rosas decorativas e algumas pinturas que a Cigana Ametista havia feito para mim.

— Ainda faltam 4 horas — disse, levantando-me da cadeira em frente minha mesa de trabalho.

— Já sei que tem uma resposta — ele me encarou. Jogando a rosa para longe — Rosa.

  Ele usava uma roupa parecida como a  última vez, mas o único diferencial era o casaco que  tinha detalhes prateados, assim como seus olhos.

— Eu talvez já tenha — cruzei os braços.

Ele sorriu de lado.

— E então?

— Eu quero saber do plano

Ele suspirou, mostrando um pouco de impaciência, e disse:

— Eu já disse que iremos pegar...

— Iremos nada — o interrompi — Eu trabalho sozinha.

— Eu não vou deixar de participar. Isso não é apenas sobre você, é sobre minha irmã — ele falou com frieza, sem esboçar reação.

  Ele tinha razão. Era a vida da irmã dele que estava em jogo, e ele tinha todo o direito de participar. No entanto, isso não significava que eu confiava nele.

  Mas eu percebi que, para finalmente me entender, precisava me jogar de cabeça na situação. Fui até ele e estendi a mão.

— Eu aceito — disse, olhando em seus olhos.

  Ele me deu um sorriso largo e segurou minha mão suavemente. Apesar das luvas de couro, eu conseguia sentir um frio intenso emanando delas. Sombras começaram a rodear nossas mãos, e comecei a sentir um formigamento em meu couro cabeludo. Os olhos de Arius estavam totalmente negros, com veias saltadas, mas, por alguma razão, eu não sentia medo.

  Ele parecia examinar minha alma, e quando soltou minha mão, seus olhos voltaram ao normal.

— Temos um acordo, Rosa — disse ele com um sorriso sarcástico. — Não sei se você sabe, mas eu tenho a alma de todos em minhas mãos.

— E o que isso quer dizer? — perguntei, um pouco trêmula.

Ele me olhou de baixo a cima.

— Se você me trair, você morre — disse ele, com um olhar ameaçador. — E vou garantir que terá uma morte bem dolorosa.

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