Antes. Durante. Depois

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Antes
Durante
Depois

São palavras simples separadas, ainda mais sem o contexto.

Antes eu sorria e meu cabelo era longo.
Durante sorria, mas sem aquele brilho.
Depois meu sorriso fechou e meu cabelo foi cortado.

Antes do trauma, eu ria sem pensar, sorria sem filtro e vivia sem medo.
Durante o trauma, eu me isolei, fechei o sorriso, controlei as risadas e parei de viver, passei a sobreviver.
Depois do trauma, eu mudei, cortei meu cabelo, mudei meu círculo social totalmente e adoeci.

A pandemia veio para me curar. Não as mortes, muito menos a doença, mas o tempo. O tempo sozinha era do que precisava. Me tranquei em casa como uma versão e sai dela totalmente diferente. Com novos sonhos, novos conceitos sobre mim mesma.

Alice Dauphin foi o nome que criei para me curar, me proteger.
Percebi que não tinha medo da morte, e sim de ficar sozinha. Percebi que eu tinha parar de viver pelo futuro e começar a viver pelo agora. Percebi que ansiedade não era "ficar triste".

Ansiedade é sentir todo o peso de uma única conversa batendo na sua cabeça repetidamente, é estalar todos os seus dedos diversas vezes, é ler cada vez mais livros, até escrever os proprios tentando suprimir a realidade que constrói e derruba na mente, é... escrever textos para não transbordar e sentir aquele peso no peito, a falta de ar, as mãos tremendo... é se preocupar com tudo, com cada olhar, cada frase, cada roupa, cada segundo de cada dia. Imaginando todos os desfechos possíveis para cada situação desde as mais improváveis e desejadas até as mais prováveis.

Não passei por tudo que passei para não viver tudo tão plenamente e verdadeiramente quanto mereço, quanto sonho. Para não ver todos os meus sonhos e metas seres realidade. Não vou desistir sem lutar antes. E eu sangro, caio, grito, bato antes de desistir.

Beyond the words...Onde histórias criam vida. Descubra agora