Não é de hoje...

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POV Hermione

"Puta que pariu!"

Fazia exatamente trinta minutos que eu havia estacionado em Blue Hill (o bairro onde moro) e ainda mantinha minha cabeça abaixada, colada ao volante, sentindo todo meu rosto arder em chamas e meu coração descompassado; que ideia burra foi aquela? Como meu "eu" de uma hora atrás pensou que seria promissor fazer de George minha presa? Por que infernos ele flertou comigo tão abertamente? Ele nunca havia feito isso antes!

Bom, exceto nas dezenas de vezes que ele flertou sim comigo, mas de brincadeira, para provocar o Rony ou me consolar. A primeira vez, quando foi? Talvez aquela no meio da feira do livro quando vi Ronald com sua primeira namorada, logo após de termos nos beijado.

Eu estava totalmente na dele e havia roubado um beijo o qual ele retribuiu, mesmo assim me ignorou totalmente no dia seguinte e para completar saiu com Lilá Brown, fazendo questão de levá-la ao evento no qual eu estaria, ele sequer gostava de ler, mas por algum motivo que só a cabeça dele pode processar achou que tudo bem. George, por sua vez havia sido arrastado por Alicia Spinnet e estava tão entediado que ao me ver colou em mim como um carrapato, deixando-a em um estande cheio de republicações de "Pai rico, Pai pobre".

— Sério Mione! Ela só gosta de autoajuda, to cansado de fingir interesse em Augusto Cury, me salva!

Revirei os olhos e já ia dizer não quando vi Rony e Lilá virando a esquina do estande de autoajuda. Uma olhada para a esquerda e eles me veriam, assim, no pânico, entrelacei meus dedos aos de George e o puxei um pouco mais para perto. Seus olhos se arregalaram momentaneamente e isso foi tão rápido que eu não teria visto caso não estivesse implorando ajuda com o olhar, totalmente concentrada nele, sua expressão suavizou à medida que apertava minha mão e sorria diabolicamente; George não perguntou nada, não sabia o porquê de eu tê-lo puxado, não parecia se importar tampouco, apenas se aproximou do meu ouvido esquerdo e sussurrou "quero um livro como recompensa".

Aquela foi a primeira vez que ele fez meu coração acelerar, pude sentir tudo em mim esquentar ao ponto de ficar difícil de respirar, minha cabeça entrou em pane total e só voltou a funcionar quando Rony o puxou bruscamente perguntando o que estávamos fazendo.

— Ora maninho, não é óbvio? — o tom de George era indecente e fez meus pelos arrepiarem, ele ainda segurava minha mão, fazendo círculos na minha pele com o polegar, mordi meus lábios para recuperar a compostura.

— O que, George? — Rony aumentou a voz, chamando a atenção de várias pessoas ao nosso redor.

— Que merda, Rony? Isso é sequer da sua conta? Vem George. — puxei o ruivo mais velho  na direção contrária e fui adiante sem olhar para trás uma vez sequer. Só parei quando vi enormes cartazes de Doctor Who.

— Pensei que fosse me sequestrar. — o tom dele era o de sempre, cínico é brincalhão, sem uma dose sequer do constrangimento que eu sentia, então larguei a mão dele soltando um bufo irritado.

— Anda logo, George, não me faça desistir de pagar minha dívida.

Depois daquilo houveram outras vezes que o ruivo fez questão de me "salvar": nas festas quando um cara qualquer tentava impor sua presença, nos encontros de turma e nos bailes onde geralmente Rony ficava enchendo meu saco, mesmo tendo uma acompanhante. Até nos jantares em família da casa dos Weasley, ele conseguia fazer minha cabeça ficar uma bagunça, meu coração acelerar e logo em seguida levantava uma enorme parede entre nós, passando vários dias sem sequer me dá um oi!

Mesmo sabendo que eu me atraía fortemente por ele, não considerava gostar dele de verdade; então comecei a ficar com outras pessoas, tive alguns namorados, até morei com um carinha por dois meses... e foi então que as coisas começaram a ficar gritantes.

Cavaleiro SolitárioOnde histórias criam vida. Descubra agora