Capítulo 1

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Assim que acordei naquela manhã sabia que não podia mais ficar daquele jeito.

Eu estava machucando todos aqueles que eu amava por causa de algo fútil. Quantas garotas pelo mundo já não foram abandonada por seus namorados?

Ok, eu namorava um vampiro, mas, isso não muda nada. Ele ainda era um idiota que tinha me deixado naquela floresta mesmo sabendo o quanto isso me feria.

Levantei da cama e pela primeira vez em meses eu a arrumei. Troquei os lençóis que ainda tinham um pouco do cheiro dele e os coloquei na máquina de lavar. Papai me olhava de forma curiosa. Creio que seja pelo fato de eu não estar mais usando meu pijama de sempre. Uma camisa que Edward havia deixado aqui em casa certa vez em que nos beijamos e as coisas ficaram intensas.

Depois de fazer uma faxina daquelas em meu quarto, comi qualquer coisa e fui tomar banho. Saindo da ducha, tirei o vapor do espelho e me olhei. Arfei. Eu tinha olheiras profundas, minha pele já muito pálido agora estava praticamente translúcida. Eu estava mais magra. Os ossos saltando de forma saliente em meus ombros eram um bom indicativo. Meus cabelos, que mesmo sendo sem graça sempre, estavam opacos e sem vida. Eu estava morrendo em vida e não havia notado isso até hoje.

Deixei algumas lágrimas caírem. Não mais por ele, mas, por mim. Como eu pude permitir que um cara tivesse tanto poder sobre mim? Como pude ficar dessa forma?

Me arrumei de qualquer jeito e vasculhei meu closet atrás de algo. Encontrei o envelope pardo e sentei na cama.

Contei e ao todo eu tinha mais de cinquenta e nove mil dólares. Mais quatro mil de todas as mesadas e salários que eu guardei nesses meses de depressão. Sessenta e três mil para gastar como eu bem quisesse.

Peguei o cheque. Mais de cem mil que Alice me deu. Ou seja, numa soma total, caso eu considerasse o cheque, seria cento e sessenta e três mil dólares.

-Ela iria querer isso. Obrigada, Allie!

Peguei dez mil e coloquei na minha bolsa. O resto voltei a guardar no envelope pardo e pensando bem o guardei comigo. Iria ao banco e lá ele ficaria bem guardado.

Desci e meu pai estava na sala. Era sua folga e ele não quis ir pescar.

-Pai eu vou com Ângela até Seattle para algumas compras.

-Você está bem?

-Sim. Só demorei tempo demais para notar que não sou a primeira nem a única que o namorado deixou.

-Antes tarde do que nunca. Como é sexta-feira quero você em casa as onze e meia. Nem um minuto a mais.

-Ok.

Sai e Ângela me esperava em seu carro. Uma Ferrari que ela ganhou do avô rico que ela descobriu a pouco que tem.

Em duas horas e vinte minutos depois estávamos estacionando no shopping. Compramos tudo que podíamos. Paramos para comer e fomos ao salão de beleza. Pela primeira vez eu estava curtindo um dia de garotas como jamais consegui.

Passamos por tudo que tínhamos direito. Massagem, depilação, unhas, hidratação, cabelos, sobrancelhas, maquiagem...

Saindo de lá jantamos num restaurante. Como estava ficando tarde, ligamos para os nossos pais avisando que iríamos dormir em Seattle. Óbvio que eles não viram problemas nisso. Principalmente Charlie.

Estávamos a caminho do carro dela quando notamos que estávamos sendo seguidas...

Só não podia imaginar o que ia acontecer.

******************************
Três dias depois:

Abri meus olhos notando o quanto as coisas pareciam mais nítidas. A mesma dor da morte que senti por horas e mais horas não existia. Sentei na cama a tempo de ver Ângela fazer o mesmo. Ela rosnou ao me ver e eu fiz o mesmo com ela.

Seus olhos eram de um vermelho carmim intenso. Ela pareceu avaliar.

-Bella? -Sua voz era melodiosa.

-Ang... -Falei não reconhecendo minha própria voz.

Saímos de nossas posições de ataque e nos abraçamos. Eu sabia exatamente o que tinha nos acontecido.

-Somos vampiras!

Ela arfou e eu rapidamente expliquei a ela algumas coisas e ela pareceu entender.

Vi que tinha um papel dobrado na cômoda.

Querida Bella...

Eu queria mesmo matar você e sua amiga. Ainda mais quando o sabor do sangue perfeito de vocês duas entrou em minha boca.

Mas, Victoria havia me mandado fazer isso. Como eu não quero mais contato com ela, não o fiz. Achei melhor fazer de vocês vampiras.

Mas, não sem um desafio. Vocês estão na cobertura de um hospital infantil. Notam que eu fiz tudo tão bem que é manhã? Olhem a hora. Se passarem pelos corredores, serão assassinas de crianças e bebês. Se saírem pelas janelas, estarão revelando a existência de vampiros ao mundo e os Volturi irão atrás de vocês.

Espero que gostem de brincar.

Laurent.

Rosnei amassando o papel em minhas mãos. Ângela chorava sem lágrimas. Nossas gargantas queimavam como o inferno. Mas, eu me recusava a matar humanos. Ângela parecia partilhar meus pensamentos.

No relógio marcava que era sete e quinze da manhã.

Olhei pela janela. O carro de Ângela estava estacionado na frente. A chave estava ao lado das nossas bolsas. Ele nos deu a escolha de partir. Porém, antes teríamos que passar por esse inferno que está em nossas gargantas. A sede de sangue.

As horas pareciam se arrastar.

Eu andava pelo quarto tentando não focar nos barulhos. Respirações, sangue correndo nas veias... O cheiro.

Ângela notou que não precisávamos respirar e então prendemos a respiração. Lembrei que Edward comentou sobre isso. As memórias humanas eram nubladas. Como se sempre tivéssemos visto tudo por detrás de uma cortina negra densa.

Olhei novamente. Cinco e vinte.

O dia ainda estava claro. Porém, poderíamos sair sem brilhar.

Arranquei a janela do banheiro. Olhei pra baixo e para os lados. Quinze andares abaixo.

Ângela pulou na frente e depois eu. Pousamos no chão como se tivéssemos apenas pulado em nossos lugares. Corremos até o carro e graças a Deus não tinha ninguém em volta.

Eu fui para o motorista e sai rapidamente dali.

-Tem mais de cem ligações de Charlie em seu celular e oitenta dos meus pais. -Ângela falou olhando nossos celulares.

-Vamos ter que nos livrar dos celulares. Você sabe que não podemos voltar pra casa.

-Eu sei.

Acelerei e dirigi até anoitecer. Passava das nove e meia quando arrumamos as roupas que compramos em duas malas que Ângela tinha comprado porque estava pensando em viajar com Ben.

Deixamos o carro pra trás. Entramos pela floresta.

-Caçar animais? -Ela perguntou pasma.

-Ângela, eu não vou matar humanos! E eu sei que você também não. Então, temos que fazer isso.

Escondemos nossas malas e bolsas. Era hora de caçar!

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