008. 𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒𝐂𝐀𝐄𝐓𝐀

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Ser argentina e morar no Rio de Janeiro já era algo inusitado. Mas ser dançarina e acabar conhecendo Giorgian De Arrascaeta? Isso ninguém acreditaria.

Eu trabalhava em uma companhia de dança que fazia apresentações em eventos e, às vezes, participava de clipes musicais. Foi assim que tudo começou. Um dia, meu grupo foi chamado para gravar um comercial de uma marca patrocinadora do Flamengo. Eu não ligava muito para futebol, mas sabia que alguns jogadores estariam lá.

No intervalo da gravação, fui pegar água quando esbarrei em alguém.

- Desculpa! - falei rapidamente, olhando para cima.

E então vi aqueles olhos claros me encarando com curiosidade.

- Tudo bem - ele respondeu, com um sotaque que me soou familiar.

Franzi a testa.
- Você é uruguaio?

Ele sorriu.
- E você é argentina?

Assenti, rindo.
- Então estamos os dois longe de casa.

Ele encostou no balcão ao meu lado, cruzando os braços.
- E o que uma argentina faz dançando no Rio?

- Trabalho. Paixão. O que um uruguaio faz jogando no Flamengo?

Ele riu.
- Acho que a mesma coisa.

Depois daquele encontro, não sei explicar como aconteceu, mas nossas conversas foram ficando frequentes. Primeiro, por acaso. Depois, por vontade. Ele aparecia nos ensaios, arriscava uns passos desajeitados só para me fazer rir.

Um dia, depois de um evento, ele me puxou para perto e murmurou:

- Você me ensina a dançar?

Levantei uma sobrancelha divertida.
- Só se você me ensinar a gostar de futebol.

Ele sorriu.

Arrascaeta sorriu, me puxando pela cintura.
- Fechado. Mas... se eu aprender a dançar, o que eu ganho?

Cruzei os braços, fingindo estar pensativa.
- Depende... se você não for um desastre completo, eu posso considerar te levar pra um show de tango.

- Tango? - ele arregalou os olhos. - Isso parece sério.

- E é. Mas primeiro, vamos ver se você sobrevive ao básico.

Nos dias seguintes, começamos com pequenas aulas improvisadas. Ele aparecia nos meus ensaios quando podia, sempre com aquele olhar curioso e a vontade de aprender, mesmo que pisasse nos meus pés algumas vezes.

- Não ria de mim - ele resmungou um dia, enquanto tentava me acompanhar num giro.

- Eu não tô rindo de você - menti, mordendo o lábio para segurar a risada.

Ele parou, estreitando os olhos.
- Tá sim.

- Tá bom, talvez um pouco.

- Então eu tenho que te fazer pagar por isso.

- Ah, é? Como?

No dia seguinte, ele me arrastou para a arquibancada do Maracanã. Era um clássico contra o Vasco. Eu não entendia muito do jogo, mas a energia do estádio era viciante. E quando ele marcou um gol, olhou direto para onde eu estava, apontando discretamente.

A torcida explodiu, mas meu coração disparou por outro motivo.

Depois do jogo, ele veio até mim, ainda ofegante, com um brilho no olhar.

- Então, dançarina... gostou de futebol agora?

Cruzei os braços, tentando segurar o sorriso.
- Talvez... mas acho que você ainda precisa melhorar no tango.

Ele riu, passando um braço pelos meus ombros.
- Então temos um acordo. Eu te ensino futebol, você me ensina a dançar.

- E se nenhum dos dois aprender?

Ele sorriu, me beijou.










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Reescrevi! Espero que gostem, votem e continuem nos comentários.

 𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 𝐅𝐔𝐓𝐄𝐁𝐎𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora