– Se você não me disser a verdade, não poderei te ajudar – disse o advogado, exausto, a um cliente que há dias recusava-se a falar.
– Você não pode me ajudar – ela sussurrou. – Ninguém pode.
– Por que não começamos do princípio? Por que matou...?
– Eu não a matei! – interrompeu a moça, a voz grave e embargada. – Eu a amava!
- Está bem! – disse o advogado, rendendo-se. – Então, o que aconteceu?
Ela se calou novamente. A pele sob os óculos escuros estava inchada. Olhando-a sob a luz da sala de visitas da prisão, percebeu-se claramente o vasto sofrimento gravado em seu rosto. Era uma moça jovem, vinte e seis anos, e certamente havia sido bela. No entanto, toda a sua beleza esvaíra-se rápida e tragicamente.
O rosto que ele encarava agora não se parecia, de alguma forma, com a última imagem fotografada em sua rede social. E ele simplesmente não conseguia imaginar o que poderia ter causado aquilo.
– Por favor, Micaela – insistiu o advogado. – Deixe-me ajudá-la.
Os lábios franziram numa indicação de choro, mas nenhuma lágrima escorreu pelo rosto. Nem poderia.
– Conte-me o que aconteceu – insistiu.
– Você não acreditaria. Eu mesmo quase não acredito.
– Tente.
Como ela permanece em silêncio, acrescentou.
– Eu prometo ouvir com o coração aberto.
Um silêncio pesado caiu sobre a sala por algum tempo. Até que finalmente ela começou a narrar sua história:
– Foi tudo obra daquele maldito jarro...
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O Jarro da Fortuna
HorrorMicaela e Valentina descobrem um misterioso jarro num antiquário, que a vendedora alega ser o "Jarro da Fortuna", abençoado pela deusa romana da sorte. Diante da promessa de riquezas sem fim, essas duas amigas acreditam ter tirado a sorte grande. El...