O lado bom da vida

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— Garoto? Tudo bem?... tentou se matar? — perguntou uma voz estranha e masculina.

  Eu ainda estava no banheiro, caído tentando recuperar minhas forças.

— Vou chamar alguém.

  Ele não pode chamar ninguém, pensei.

— Não, não chama — digo finalmente.

— Ora, está quase morrendo e não quer que eu chame ajuda?

— Não, por favor, estou bem.

— Okay então, forças ai. Meu nome é Henrique. E o seu é Moisés.

— Prazer.

  Ele se levanta e sai do banheiro.

  Ouço o sinal tocar e eu me levanto do chão ainda com uma dor imensa na barriga. Lavo meu rosto pois deve estar cheirando água sanitária. Seco meu rosto na minha camiseta e me dirijo para fora do banheiro, acabado..

  Vou para a sala quando os alunos já entraram.

— Está atrasado Sr.Kendrick — disse o professor. — Mas vai entrar pois a aula vai ser interessante senão te levava para a diretoria.

— Leva esse lixo para a diretoria logo professor — disse Gustavo.

— Quieto Sr.Miller. Entra logo nessa sala Kendrick.

  Entro na sala e me dirijo até o meu lugar, sendo seguido por olhares de deboche e pena.

***

— Cheguei, Rute — aviso assim que entro em casa.

— Estou indo para a igreja, se comporte, Moisés.

— Sempre.

  Ela sai de casa e eu subo para meu quarto. Jogo minha mochila na cadeira da escrivaninha e tiro meus tênis. Entro no banheiro e tomo um banho demorado. Saio e coloco uma roupa aleatória toda preta e pego meu skate, o celular e o fone.

  Saio de casa e vou para a pista de skate.

  Quando chego faço que eu tanto necessito. Vou até a Cassia, Leslie e o André.

— Olha quem veio! — disse Leslie.

— Quem é vivo sempre aparece — falei pegando o cigarro de sua mão.

— Quando vai sair daquela escola, Moisés? — perguntou Cassia quando viu meus hematomas.

— Quando eu me formar — respondo sorrindo.

  Esses três são meus primos e eles são irmãos.

— Você é louco, ficar apanhando — disse André.

  Dei de ombros e continuei fumando.

— Não encontrou nem uma amiga ou amigo? — perguntou Cassia.

  Balancei minha cabeça negativamente.

— Vamos para a nossa escola, Sés — sugeriu Leslie.

— Vou continuar naquela até eu me formar — repito.

— Então pelo menos tenta fazer as pessoas pararem de te agredir — disse, como se fosse fácil.

  Eu assenti não dando a mínima para o que eles falavam, pois eu estava em outro mundo. A droga tirava todas as minhas dores e me colocava em um mundo sobrenatural aonde eu podia relaxar, coisa que não faço no mundo normal.

MoisésOnde histórias criam vida. Descubra agora