Capítulo I

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Em uma época onde os conflitos eram resolvidos apenas nos campos de batalha e muitas vidas eram  perdidas durante as árduas lutas entre os povos chineses e os mongóis pelo controle do norte da província, uma curiosa  festividade ocorreria naquela noite, numa distante aldeia entre as plantações de arroz, conhecida comumente, como A Vila Perdida.

Alheios à guerra, os aldeões estavam animados, se preparavam para o Festival Qixi, que  acontecia todo mês, nas noites de lua cheia, em alusão à conhecida lenda chinesa ao  casal "Niu e Zhi, que apaixonados haviam sido separados pelo Imperador do Céu, e reunidos novamente com a ajuda das fadas casamenteiras"

Para as jovens mulheres solteiras da aldeia, era a grande chance  de serem escolhidas e saírem de lá com um casamento vantajoso. Já para os homens era a oportunidade de encontrar  uma boa moça para tomar conta  seu lar e constituir família.

Luminárias nas cores vermelho, laranja e amarelo eram penduradas por toda a vila. Dísticos espalhados para afastar a má sorte e muitas flores completavam a decoração romântica da festa.

Diferentemente de suas duas melhores amigas, Sarada não estava  nem um pouco animada para tal evento.
Emburrada, tudo o que a garota queria, naquela noite era seguir com seu plano,  após uma tarde exaustiva de treinamento  com seu mestre.

— Não me olhe assim, Aoda. Você sabe que se eu não fugir agora vovó me obrigará a ir no Festival e desta vez a mamãe não conseguirá me ajudar.

Ela explicou com carinho para sua cobra de estimação, enquanto passava metade do corpo para fora da janela da pequena choupana em que dividia com os pais e a matriarca dos Uchiha's, Mitoko.

— Adeus meu amorzinho, prometo que volto para te buscar quando eu me tornar uma guerreira importante.

— SARADA HARUNO UCHIHA !!! Entre agora nesta casa se quiser continuar respirando!! Shannarō.

O berro bravo de sua mãe a fez estremecer  e voltar rapidamente para dentro do quarto.

— Sim, mama...

Ela  murmurou sem graça, escondendo dentro do armário, a mochila que havia preparado para a fuga.

— Ótimo! Agora vista seu kimono e me aguarde que irei arrumar seu cabelo e maquiagem. Temos  um combinado! Eu permiti que você treinasse  com o Coronel Uzumaki desde que participasse dos Festivais Qixi.

Sakura ordenou sem ter que se levantar de sua cadeira perto da lareira. A dor nas costas por conta da gravidez havia piorado muito nos últimos dia.

— Pare, Aoda! Eu não sirvo para ser esposa! Sou uma Uchiha! Como meu avô, meu tio, e meu pai! Não nasci para ser donzela.

A morena  resmungou enquanto vestia seu kimono de seda vermelho. Resignada, prendeu os longos cabelos em um grande coque tradicional no alto da cabeça e chamou por sua mãe,  para que esta finalizasse com  a maquiagem tradicional.

— Não me olhe assim, querida. Os Festivais não são tão ruins, quem sabe você tenha sorte esta noite  e conheça alguém especial que irá te amar tão profundamente como eu encontrei seu pai, anos atrás.

Comentou a rosada, tentando confortar a filha. Era difícil para ela também essa imposição, mas não havia nada que pudesse fazer para amenizar o sofrimento da filha.

(...)

Sozinho, em  silêncio ele reverenciava seus  ancestrais, acendendo um incenso para cada um até ser interrompido.

— Papa? Atrapalho?

Perguntou Sarada, em um tom baixo, ao adentrar no Templo Uchiha.

— Você? Nunca, minha princesa.

Sarada - A História de uma Guerreira Onde histórias criam vida. Descubra agora