–S…Sherly? Está certo?– O professor pronuncia meu nome com dificuldade, estranhando um pouco.Meu nome era o último da chamada.
–Presente e…está certo.– Eu digo calmamente com um rosto tranquilo, ele gesticula para que eu me apresente, com um olhar penetrante e frio –Meu nome é Sherly e eu tenho 18 anos…e gosto de ler, escrever, cozinhar…– Minha voz é meio tediande e meio tímida, 'já estamos no último ano no Ensino Médio e temos de fazer essa apresentação tola?' penso comigo mesma, ele me dá medo.
Ele acena com a cabeça e anota a presença em silêncio com aquele semblante neutro…por que ele é assim?Logo ele se levanta e começa a passar o conteúdo no quadro.
–E eu achando que minha letra era feia– Cochicho para a Annie ao reparar a letra dele, que é uma letra cursiva, ela dá uma risadinha e começa a copiar.
Após passar a matéria, ele começa a explicar:
–Bom, a dependência do Brasil foi realizada em 7 de setembro de 1822, o ato foi feito por Dom Pedro I, ás margens do rio Ipiranga, porém, a assinatura da independência foi realizada pela Princesa Leopoldina, que estava como regente já que seu marido estava em viagem para São Paulo…– Ao longo da explicação, eu já estava quase dormindo…odeio história! Annie pelo ao contrário, prestava atenção em tudo, ela é realmente amante de história, principalmente quando se trata da história do Brasil…Eu escutava e fazia anotações em meu caderno, para ler e memorizar depois, a aula estava chata, e incrivelmente, os alunos estavam em silêncio.
–Entenderam?– Ele pergunta e todos concordam, até eu, mesmo não tendo entendido quase nada – Então tragam-me o caderno para eu poder dar o visto– Ele se senta na cadeira, os alunos se levantam e vão até ele, inclusive eu, com o caderno em mãos.
Eu estava na fila, conversando com a Patrícia até chegar a vez dela. Ele observa o caderno dela e se ela estava com a matéria em dia da época em que a Anna dava aula.
–Está ótimo– Ele diz calmamente enquanto dá o visto, depois ele se vira para mim assim que a Patrícia volta para o lugar dela. Ele ainda tinha aquele jeito frio e distante…por que ele é assim?
–Aqui– Entreguei a ele e esperei, ele analisava, eu fiquei meio temerosa, seu semblante sério e neutro, ele parece um militar, nenhum sorriso e risada durante essa aula…
–Ótimo, só precisa melhorar essa letra– Ele diz com aquele tom sério, como se nem ligasse, falasse só por obrigação, ele carimba em meu caderno e assina.
'Olha quem fala' eu murmuro e ele me olha com um olhar sério e frio, eu fico sem graça e sem jeito, apenas abaixo a cabeça, e digo calmamente:
–Vou tentar, mas não prometo nada– Eu saí dali como se nada tivesse acontecido, mas eu noto que ele me olha de canto de olho, eu volto para meu lugar e noto o olhar dele sobre mim, parecia que queria me matar…
Eu fico quieta e converso um pouco com a minha amiga no tempo livre igual aos outros alunos, mas logo o professor Willian se levanta e passa algumas atividades sobre a matéria explicada…
–Ave Maria Cheia de Graça…– Eu resmungo enquanto olho assustada para o quadro: Eu não sei de nada!
Eu suspiro e passo a mão pelo rosto: 'Esse ano não duvido que eu fique de recuperação em história, de novo.' penso comigo mesma e tento responder as questões…mas era falho.
–Aonde você está com dúvida?– Escuto aquela voz grave e mansa ao meu lado, ele estava um pouco inclinado sobre mim, observando meu caderno. Meu corpo arrepiou todo e fiquei com medo.
– Em tudo– Eu suspiro e digo baixinho e com a cabeça baixa, meio intimidada por ele, apesar de que ele estava com a voz mais calma do que o habitual.
Ele suspira e olha para o meu caderno, me mostrando em quais partes dos textos estavam as respostas.
–Basta ler seu caderno, as respostas estão todas debaixo de seu nariz– Ele diz, como se estivesse dando um sermão, mas entendo que ele quer me ajudar. Ele se afastou de mim e deu um toque suave em meu cabelo, 'como aquela mão bruta e que parece ser tão áspera, pode ter um toque tão suave?', 'por que ele foi tão legal?', 'será que ele percebeu que eu fiquei meio intimidada?' penso comigo mesma voltando a fazer os exercícios.
Aos poucos, vou respondendo os exercícios, ainda com dificuldade em alguns…'Será que eu peço ajuda?' penso comigo mesma, mas algo me diz que é melhor não, talvez o medo ou a timidez.
Depois de alguns minutos, ele passa a correção no quadro, e eu copio as respostas das questões em que eu não sabia a resposta, logo bate o sinal, e ele sai da sala, em silêncio, passando quase despercebido pelos alunos.
————
Após as outras 2 aulas, vou para o recreio, onde fico conversando com minha amiga, ao lado da sala dos professores.
– Ele explica bem– Annie diz para mim, com aquele sorriso amigável e genuíno.
–Hm, acho que ele esconde algo.– Eu a respondo com um olhar curioso e pensativo.
–E por que você acha isso, Sherly?– Ela me lança um olhar sarcástico e irônico.
–Intuição, ele é tão…misterioso e…distante.– Eu digo depois de pensar nas palavras certas para descrever o comportamento do novo professor.
Annie me olha com uma cara sarcástica novamente, e eu já sabia o que ela queria dizer com aquela carinha.
–Tá…admito que fiquei curiosa, se tivesse pelo menos uma forma de descobrir mais sobre ele para ver se minha intuição está certa…– Eu digo dando um suspiro, pensando em como, ele despertou minha curiosidade, e como eu não tinha nenhum mistério para me intrometer, por que não?
Annie dá uma risada, e oferece a ajuda dela para qualquer coisa, eu claramente aceito.
Conversamos sobre algumas coisas aleatórias, sobre ela e o Nathaniel, sobre a vida, entre outros assuntos. Quando minha atenção se volta para a Patrícia, que estava vermelha, enquanto conversava com o Kennedy, ela se avermelhava muito fácil, e Kennedy aproveitava da situação.
Eu e Annie rimos da cena, mas meu olhar escapa para dentro da sala dos professores, e noto Willian, nos observando com aquele olhar frio e distante…Me sobe um arrepio na espinha e me pergunto se ele escutou toda a conversa e me preocupo, apesar de não ter falado nada demais, minhas paranóias falam mais alto.
Ele lentamente desvia o olhar e bebe o café, voltando a conversar com os professores…'Jezabel' que pariu! Annie ainda ri e não percebeu o olhar, mas não demora muito para ela notar minha cara de nervosismo e preocupação.
–O que houve, Sherly?– Ela me pergunta, me olhando com curiosidade.
–Acho que ele escutou nossa conversa…– Eu digo preocupada, reforçando o 'acho'. Annie me conforta, dizendo que eu não precisava me preocupar, afinal, não estávamos fazendo nada de errado, apenas comentando sobre a chegada do novo professor.
Eu suspiro e decido não dar bola para isso…ou pelo menos tentar não dar bola.
————
Olá! Espero que gostem desse livro, desculpem qualquer erro ortográfico, estou meio 'enferrujada' na escrita.
>Críticas CONSTRUTIVAS são muito bem vindas.
> Se inspirar, peço que dê os devidos créditos.~1227 Palavras.
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Deadly Game (+16)
RandomUma jovem adolescente apaixonada por mistérios, graças a sua curiosidade, se põe em uma enrascada perigosa. Plágio é Crime.