Capítulo 3

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GISELE VALENTE

Depois de dias e mais dias trabalhando dobrado para dar conta de todo o planejamento junto com Eduardo, estou exausta. Ainda assim, preciso fazer compras e devolver uma roupa. E é isso que estou tentando fazer: Estou correndo pela rua tentando entrar numa loja antes que ela feche quando esbarro em um homem engravatado segurando um copo de café, claro. Eu peço desculpas umas dez vezes, não que ele pareça aceitar. O homem é bonito de uma forma óbvia, alto, pele levemente dourada como se tivesse passado um bom tempo no sol nos últimos dias.

— Sinto muito, de verdade, mas tenho que ir ou vou... - começo a dizer. Ele acena com a cabeça me dispensando e então eu volto a correr e rezo para não tropeçar em mais ninguém. Posso ver a loja há alguns metros de distância quando o segurança começa a descer a porta metálica. — Merda! - resmungo, meus esforços são em vão.

Meu telefone toca quando estou derrotada pelo azar e então vejo o nome de Louise, minha irmã, na tela. Tento atender mas meu telefone é uma porcaria velha cujos botões não funcionam, tento novamente até que finalmente consigo.

— Me desculpe, meu telefone não queria funcionar...

— Você precisa de um telefone novo.

— Para que? Para que ele seja roubado novamente? Seis...

— Seis telefones nos últimos dois anos - ela completa imitando minha voz, às vezes Louise é tão irritante, mas mesmo quando está sendo irritante ela me faz sorrir. — Gisa, você precisa de um telefone novo e precisa comprar um que seja facilmente rastreável. Não faz sentido você ter um celular que nem mesmo tira fotos.

— Eu não sou digital influencer, não preciso de um celular que faça fotos.

— Você é igual ao nosso pai, sabia? Deveria ter entrado para o exército também.

— Claro. A soldada destrambelhada.

— O que está fazendo, maluca?

— Sendo sacaneada pelo azar.

— Então não há nada de novo sob o sol...

— É. E você?

— Só liguei para confirmar nossa ligação mais tarde, os três mosqueteiros...

— Estamos mais para os três patetas - digo. Louise sorri ao ouvir isso.

— É, além disso, os três mosqueteiros são sérios, não combinam com a gente. Podemos ser as três espiãs demais...

— Zander vai adorar.

— Ele é claramente uma Sam - minha irmã afirma me fazendo gargalhar. — Ou podemos ser as meninas super poderosas. Nos falamos às dez? Tenho que ligar para o Zander...

— Ok, nós falamos às dez. Amo você.

— Te amo mais!

Temos esse ritual, nos ligamos pelo menos três vezes no mês, de forma sagrada, no dia 05, 15 e 25, sempre às 00h01. Zander, o mais velho de nós três, nasceu no dia 15 de dezembro, Louise no dia 05 e eu, claro, no dia 25. Fazer aniversário no dia de Natal é uma das minhas muitas sortes. Isso significa que eu nunca, mas nunca mesmo, tive uma festa de aniversário. Minha mãe sempre disse que não fazia sentido porque as pessoas estavam em suas casas, com suas famílias, para as ceias de natal no dia vinte e quatro, e o dia vinte e cinco era sempre um dia de ficar com a família. Além disso, não era como se eu tivesse mesmo amigos para convidar para minhas festas.

Isso não quer dizer, claro, que não comemorávamos. Saímos para jantar. E desde o meu aniversário de dez anos Zander sempre aparecia com um bolo, não importava onde estivessemos ele sempre dava um jeito. Meus irmãos são minha sorte, todos os meus aniversários eles estão do meu lado, fazendo com eu me sinta especial.

UMA ESPOSA AZARADA E GRÁVIDA PARA O CEO - RETIRADA DO LIVRO: 30/09/2023Onde histórias criam vida. Descubra agora