Sinuca

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Loki e Theo se tornaram amigos no começo do ano. Agora, próximo ao natal, já podia-se dizer que eram um pouco mais do que isso; porém, é claro; enquanto não conversassem sobre seus sentimentos, este era só um detalhe.

Parecia nunca haver brechas o bastante para isso. Eles acabaram apenas se afastando ao longo do tempo quando Theo se formou na faculdade, e Loki ainda tinha um ano de estudos pela frente. Entretanto, sempre tentaram manter contato, mesmo que quase nunca se encontrassem fisicamente.

As cartas, de um jeito secretamente romântico, ajudaram a matar a saudade.

Depois de um bom tempo sofrido de estudo e trabalho para cada um dos lados - Loki, tendo de aguentar as manias grosseiras do pai e do irmão enquanto punhados de professores o pressionavam intensamente na faculdade; e Theo, desesperado para arranjar serviço suficiente que pagasse seu pequeno apartamento em Londres, e suas demais despesas -, eles finalmente arranjaram um dia livre em comum, e decidiram que o mais sábio a se fazer com ele era ir ao bar do Clube do Inferno; um estabelecimento que proporcionava o melhor que podia para classe média alta; para jogar sinuca e encher a cara de cerveja.

E, óbvio. Ao se reencontrarem no bar, foi como se todo aquele aperto no peito que sentiram enquanto distantes se extinguisse. Como se tivesse valido a pena todo o esforço de Loki para implorar ao pai que o deixasse sair de casa à noite, pouco depois do começo de seu recesso da faculdade, e o esforço de Theo para arranjar dinheiro para bancar o jantar e as bebidas.

Houve abraço, sorrisos largos, olhos molhados, mais abraço (apertado) e rostos corados de pessoas que não aguentavam mais ficar separadas.

Depois, aproveitando a reserva especial na sala de sinuca, onde ninguém poderia os incomodar, Loki e Theo colocaram o assunto em dia enquanto aproveitaram o jantar gorduroso que pediram e os primeiros goles de cerveja - uma bem vagabunda para Theo, que já se acostumara com o gosto amargo; e outra mais cara para Loki, que só conseguia beber ouro, aparentemente.

Ainda sem acabar com as porcarias à mesa, e já num estado deplorável, onde só faltava a cerveja escorrer de seus queixos, os rapazes decidiram que era hora de começar a partida de sinuca.

Eles jogaram desajeitadamente, visto que, eram péssimos naquilo e a bebida já fazia efeito. Ah, e como fazia. - Esta se tornaria mais uma memória divertida e desastrosa para a lista que Loki contava de momentos bons com Theo.

Pouco mais tarde, tropeçando um no outro de tão bêbados, a partida fazia menos sentido ainda: Loki já usava o taco de bilhar pelo lado errado, a bola 8 sumira, e Theo ria como condenado.

Ambos não conseguiam seguir as regras do jogo, e nem se importavam. Depois da primeira crise de risos, começaram a falar asneiras e em diante, só mais risadas deselegantes vinham. Não havia nada que pudessem fazer para impedir.

Quando perceberam que já não estavam mais jogando - talvez nunca tenham jogado de verdade - e não podiam mais ficar de pé, Loki e Theo sentaram-se em um degrau, apoiados em uma das paredes de madeira chique da sala, de frente para a mesa de sinuca e as demais a frente com suas bebidas e refeição.

A sala em tons de marrom e preto girava para eles, e o silêncio permaneceu depois que pararam para recuperar o fôlego após tantas risadas.

Agora, encaravam um grande nada e talvez, um chão brilhante, esperando que o assunto chegasse logo para testar o raciocínio que ainda restava escondido no meio do álcool.

Deus, seus órgãos internos estavam em guerra, Loki pensou, e com certeza não durariam muito tempo. Ainda assim, ele não podia deixar de se concentrar no seu melhor amigo ao lado, que não estava em uma condição muito melhor, mas, ainda permanecia ali.

Sinuca - Theoki (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora