Paz

V - Mistérios

Levantei antes do meu despertador tocar (ou da Kyrah entrar gritando no meu quarto). Fui ao banheiro, fiz minha higiene, coloquei meu uniforme e fui para a sala. Peguei um bloco de papel e comecei a desenhar. Tentei transmitir o q sentia, para tentar entender.
Desenhei James. Em Preto e Branco. Mas pinte seus olhos de azul. Não consegui chegar à cor ideal, mas era só uma representação.
Me desenhei logo à frente, deixando um espaço entre nós. Fechei os olhos e pensei no que sentia por ele, no complicado sentimento que eu tinha, e deixei o lápis correr à vontade. Tinha aprendido esse truque com um amigo da academia, que era mago. Ele usava isso para prever o futuro, mas disse que eu poderia usar para entender o passado. E essa técnica não necessita de uma habilidade para funcionar. Era só liberar seu subconsciente.
Quando abri os olhos e olhei para o que tinha desenhado, vi que haviam vários traços, mas quatro tipos de padrão: Uma engrenagem, uma estrela, um coração e uma caveira.
A engrenagem simbolizava curiosidade. A estrela simbolizava esperança. O coração simbolizava amor. Eu estava realmente me apaixonando. Mas o que significava a caveira? Normalmente simboliza a morte ou decepção. Mas ele não me decepcionou. Não tinha esse sentimento. "O que será que..."
Ouvi alguém dando duas batidas na porta do apartamento e ir embora. Me aproximei e vi um envelope. Tinha o carimbo do governo. "Sarah?"
Abri o envelope e vi a convocação para uma reunião. O objetivo era discutir os assassinatos anteriores conosco e com a equipe envolvida na investigação. A reunião seria as 07:30 hrs.
Bati na porta do quarto da Kyrah.
- Kyrah. Temos uma reunião às 07:30. Esteja pronta, por favor.
- Sim senhor.. - Voz de sono. Ela estaria pronta.
Voltei para a sala, guardei meu desenho e fui tomar café da manhã.

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Fomos ao local combinado. Claro que a Kyrah ficou debochando de mim o caminho todo. Mas chegando la, ela entrou em seu modo profissional, assim como eu.
Entramos em um grande prédio redondo, preto e vermelho por fora, branco e azul por dentro. Estávamos na sede do governo - regional EUA.
Fomos encaminhados a uma sala onde estavam 13 pessoas sentadas ao redor de uma mesa redonda. Kaio Visamp estava lá, sem o capuz. Ele tinha cabelos roxos. Achei interessante.
Uma porta se abriu e de la saiu a senhora de verde, Sarah, usando um terninho verde e uma saia da mesma cor. Junto com ela, entraram mais dois senhores, identificados como o governador regional e seu vice governador, representantes da região dos EUA no Conselho da América, da qual fazia parte todos os países da antiga América do Norte, Central e do Sul, agora unificadas.
Sentaram-se e a reunião foi iniciada. Nos situaram sobre os assassinatos, sendo passadas todas as evidências encontradas. Existiam alguns padrões, como as marcas encontradas nas vítimas e nos ambientes onde aconteceram os ataques. Mas nada além disso.
A marca identificada por Kaio no dia anterior foi exposta. A caveira com anéis e uma flor nos dentes.
Provavelmente era o símbolo de algum tipo de quadrilha ou máfia que os assassinos faziam parte.
- Uma pesquisa de evidências passadas foi feita e foi identificado um criminoso que usava esse símbolo. - Sarah apontou para o Centro da mesa, de onde apareceu uma imagem tridimensional. Era um homem. Eu já havia o visto antes.
- Caso 1451, região do Brasil, Hiago Correia Silva. Responsável por um suicídio coletivo há 6 anos.
"Hiago? Eu conheço esse caso. Nosso professor nos ensinou que esse assassino tinha a habilidade de persuasão e usou isso para promover o suicídio coletivo."
- Foi uma tragédia. O responsável foi identificado somente três anos depois do fato, ja que o mesmo confessou o crime.
- Onde está esse criminoso atualmente? - o vice-governador indagou.
- Segundo registros oficiais, o mesmo foi morto pelo agente de segurança responsável por ele. - Um senhor de óculos e cabelos brancos e longos respondeu.
- Sim. E isso aconteceu de forma misteriosa. O corpo havia sido dilacerado, como que por um animal selvagem. O agente responsável alegou que não realizara aquilo, mas o mesmo possui habilidades de transmutação em bestas, o que acabou por dar o caso como encerrado e promover a prisão deste oficial.
- Hahaha! - uma gostosa risada ecoou pela sala. Todos se voltaram ao autor da mesma: um senhor alto, com cabelos espetados e um sobretudo vermelho.
- Algum problema, senhor Rogers? - Vic Rogers era o guardião caçador mais bem suscedido da atualidade. Fora responsável por inúmeros feitos importantes em prol da manutenção da paz do mundo.
- Claro. Evidente que sim. Tenho apenas que rir de nosso sistema investigativo. É óbvio que o agente de segurança não foi o culpado.
- Tenho que discordar, senhor - o governador iniciou - Todas as evidências apontavam para ele. O agente foi SIM o assassino desse criminoso imundo.
- Sim.. Ele foi o assassino. Mas contra sua vontade!
- Você deve estar pensando a respeito da habilidade de persuasão do criminoso Hiagho, certo? - o senhor de cabelos brancos interrompeu. - Segundo registros, a habilidade funcionava apenas perante contato físico prévio entre o mesmo e sua vítima.
- Era necessário 3 segundos para a persuasão surtir efeito. Eu estou ciente disso. - Rogers o interrompeu novamente. - Mas isso foi na época de sua prisão. Todos sabemos que a tendência das habilidades é o aprimoramento. Quanto mais a pessoa pratica, mais eficaz a habilidade se torna.
- Você tem razão. - a dama de verde disse, incisiva - Mas se isso realmente procede, por que o mesmo utilizaria sua persuasão para promover seu próprio assassinato?
- É aí que mora o mistério.. - Rogers piscou e deu um leve sorriso, demonstrando sua ansiedade em resolvê-lo.

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Foi decidido que o caso seria investigado mais a fundo e a reunião foi encerrada.
Kaio Visamp veio em nossa direção.
- Olá, jovens. Vocês imaginavam que uma reunião de caráter oficial teria tamanha discussão? - soltou um leve riso.
- Na verdade, sim. - disse em meio a una risada - Nós acompanhamos algumas reuniões oficiais enquanto ainda na academia de guardiões.
- Bem. Isso é raridade. Normalmente novatos não tem permissão para isso. O que vocês aprontaram, hein? Haha
- Além de salvar o país de uma conspiração federal antes de nos formarmos? Nada.. - Kyrah disse, deboxando.
- Então realmente vocês são os alunos prodígios da academia. Eu desconfiava, mas.. Vocês não eram em 4 alunos?
- Sim. Kalana e Rick permaneceram em nosso país, seguindo ordens de nosso mestre.
- Entendi. Então estou na presença de celebridades! Haha
- Longe disso - disse.
- Fizemos apenas o nosso trabalho! - Kyrah sorriu.

Nos despedimos e seguimos nosso caminho para casa, sem maiores problemas.
Era o que eu queria dizer. Pena que não foi bem o que aconteceu.