CAP. 02

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Engoli em seco. Devo admitir que para terminar com Jungkook deve-se ter coragem.

Ele parece ser tão...

— Nada novo sob o sol. — Min-gyu riu e apoiou o queixo em sua destra. — Quanto tempo durou dessa vez?

— Uma semana.

— O que? — praticamente gritei. Ótima segunda primeira impressão, Park Jimin. Jungkook tinha o cenho franzido e os lábios levemente contorcidos, me encarando. Já Min-gyu segurava o riso. — Desculpe.

— Acredite, esse é o recorde dele. A única coisa que ele namora é o trabalho. — o Kim caçoou do amigo.

A senhora voltou com duas garrafas de soju e dois copos extras. Eu a agradeci com um sorriso e um aceno positivo com a cabeça.

— Você é meu melhor amigo ou inimigo? — Jungkook gritou, apontando para Min-gyu com a garrafa de soju vazia.

Min-gyu suspirou e abriu a garrafa de soju, despejando o líquido em meu copo para então servir a si mesmo. Assim que eu ia agradecê-lo, Jungkook começou a falar sobre um tópico que eu era completamente alheio. Preferi ficar em silêncio enquanto os dois se divertiam com a conversa, afinal, não havia nada que eu pudesse fazer.

Passei a encarar o lado de fora do restaurante enquanto mexia o copo em minha destra. Assim que senti que ia me afogar em meus próprios pensamentos, ouvi Min-gyu falar meu nome e o olhei.

— O que você disse? — questionei.

— Jungkook ficou apontando para você e eu só disse seu nome. — Min-gyu deu tapinhas carinhosos no topo de minha cabeça, como se eu fosse um pinscher raivoso que precisava se acalmar para não morder o dono.

— Podia ter me perguntado. — murmurei. — Espera, você não sabe quem sou?

— Quando eu disse que ele namorava o trabalho, eu não estava brincando. Jungkook não deve ver uma série há trinta anos.

—  Dois anos, Min-gyu. — ele o corrigiu. Mesmo assim, continua sendo muito tempo. — É melhor eu ir. — sacudiu o braço para levar a manga da camisa, e verificou às horas em seu relógio de pulso.

Ao se levantar, Min-gyu segurou o melhor amigo pelo pulso, o forçando a se sentar novamente.

— O que foi?

— Você bebeu três garrafas de soju. Eu vou te deixar em casa, então senta essa bunda de maçã aí.

Eu nunca vi Min-gyu tão confortável com alguém antes. Esse Kim Min-gyu era totalmente diferente do que eu estava acostumado a ver nos sets de gravação. Parecia-se ainda mais com uma criança agora, discutindo de forma boba com Jungkook.

Depois de tanto insistir, Jungkook deu-se por vencido e esperou que Min-gyu e eu jantássemos para que então o Kim deixasse o melhor amigo em casa. Posso ser um pouco paranoico, mas senti o olhar de Jungkook me queimar a cada garfada que eu dava no rámen.

(...)


Após pagar a senhora do restaurante, a agradecemos pela comida e entramos no Porsche. Min-gyu dirigiu por menos que cinco minutos, pois lembrou-se que em sua casa não havia ração para sua gata. Então, estacionou em um supermercado que ficava bem na esquina por onde passávamos.

— Volto logo. — Min-gyu disse ao desligar o veículo. Tomou cuidado ao descer e atravessar a rua, e logo sumiu dentro do enorme mercado avermelhado.

Que situação estranha.

Era como se houvesse uma nuvem acima do Porsche e chovesse silêncio, tornando qualquer movimento inválido ou possivelmente desconfortável. Jungkook foi quem quebrou o silêncio ao limpar a garganta.

— Você é namorado do Min-gyu?

Engasguei com o ar.

— S-Somos só amigos.

— A última vez que eu o vi com alguém foi quando ele namorava o Wonwoo. — suspirou. — De qualquer forma, não quebre o coração dele.

Umedeci os lábios e, pelo retrovisor interno, encarei a feição de um Jungkook despreocupado no banco de trás.

— Eu já tenho o meu coração quebrado para cuidar, não posso me dar ao luxo de quebrar o dele! — rebati.

Tudo o que Jungkook respondeu foi um hum prolongado, totalmente desinteressado. Ele é realmente um advogado viciado em trabalho? Parece mais uma criança.

— Você por acaso tem sentimentos pelo Min-gyu? —  questionei. Ele se arrastou pelo acolchoado e colocou o queixo no banco em que eu estava.

— Eu sou hétero.

— Isso não responde minha pergunta.

Jungkook encostou as costas no banco de trás outra vez, dessa vez me encarando pelo retrovisor interno com os olhos semicerrados.

— Min-gyu é meu melhor amigo. Eu gosto dele como amigo.

— Já gostou de alguém antes? — acabei perguntando sem pensar. Meu cérebro recordava os momentos bons que passei com meu ex-namorado, há dois meses atrás, dias antes de nosso término e minha consequente humilhação. — Você só vai conseguir diferenciar afeto e amor quando der um passo adiante.

Jungkook suspirou profundamente.

— A lei da vida diz que, quando você se apaixona, você pensa que essa pessoa é o amor da sua vida. Porém, você se decepciona com ela e então passam a agir como estranhos. — Jungkook, após umedecer os lábios e desviar os olhos dos meus, continuou. — Em seguida, você busca outra pessoa para suprir a falta da anterior, tornando isso um ciclo vicioso, em que no fim, você parece ser o único que se machuca.

— Você é realmente um advogado viciado em trabalho. — murmurei. — O amor pode machucar, mas é o único que pode salvar seu coração quebrado.

Subitamente, a porta foi aberta por Min-gyu, que tinha em mãos duas sacolas com rações para sua gata. Nos deu um sorriso antes de guardá-las no banco de trás, perto de Jungkook.

Que jeito deplorável de pensar, senhor advogado.


continua...

A Lei Do Amor • [pjm-jjk]Onde histórias criam vida. Descubra agora