Corrida de drift

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Fala, meu povo, deboas? Hoje estamos aqui no autódromo de Balneário para mais um campeonato de drift! - Eu digo, sorrindo para a câmera. - Família, os guris ainda não chegaram, mas já já estão aí. Dessa vez fiquei no grupo B, o que quer dizer que vou demorar pelo menos uma hora para poder reconhecer a pista. Mas isso não é de todo ruim, vou poder comer meu pão na paz de Deus e ainda dá tempo de tomar um energético! - Digo, ligando a luz do stand onde meu carro fica.

Eu mostro meu carro para a câmera, cheia de entusiasmo. - Olha, gente, meu carro tá tão lindo! Ahhh, meu bebê, eu tava com saudade dele. Tomara que ele não me mate do coração igual no último campeonato. Vocês lembram, né? Eu quase perdi aquele bagulho. Eu ia ficar muito puta, viu? - Falo rindo, enquanto ajeito a câmera em cima do capô.

Desligo a câmera, mas ainda estou empolgada. Sentar naquele banco de couro, segurar o volante... Meu coração já começa a acelerar. Nem acredito que hoje é o dia da minha primeira corrida profissional. É surreal.

Enquanto começo a comer meu pão, os meninos chegam para me ajudar com o carro. A troca das rodas é rápida, e aproveito o tempo livre para dar uma última checada no motor. Estou tentando manter a calma, mas a ansiedade tá me consumindo.

"Calma, Ginna, respira. Você já fez isso antes, é só mais uma corrida," eu penso. Mas quem eu quero enganar? Minha mente começa a correr, cheia de dúvidas. "E se der erro no carro? E se eu perder o controle? E se..."

Antes que eu consiga me afundar nesse mar de pensamentos, sou interrompida por um grito familiar.

— GIOVANNAAAAAAAAAAAAAA! — Alguém grita no meu ouvido, quase me fazendo derrubar o pão.

— Ai, porra! Quer me deixar surda? — Respondo, me virando para ver quem é o ser humano que tá gritando feito doido. Claro, é o Guilherme, meu melhor amigo, correndo e rindo como um maluco.

— VOLTA AQUI, GUILHERME, QUE EU VOU TE MATAR! — Grito, saindo correndo atrás dele. Sem pensar duas vezes, me taco nas costas dele, e ele quase cai de tanto rir.

Para quem olha de longe, deve parecer uma cena de dois adolescentes loucos gritando no meio do autódromo. E bem, eles não estariam errados. Eu e o Gui somos assim: caos personificado.

Depois de uns minutos de risada, eu desço das costas dele.

— Eu senti tanta saudade de você, Gui. — Digo, o abraçando forte.

— Eu também, ruiva. — Ele responde, me levantando do chão, antes de desfazer o abraço.

— E aí, o que você tá fazendo aqui? — Pergunto, enquanto o puxo em direção à cabine onde o carro tá estacionado.

— Ah, meu irmão veio correr hoje, e um amigo meu também. — Ele responde, me acompanhando.

— Ahhh, que top! Então quer dizer que finalmente vou conhecer os seus amigos gostosos? — Brinco, sabendo que ele é ciumento.

— EI! Parou, viu? Tu é muita areia pra esses daí. — Ele responde, todo ciumento, e caímos na risada juntos.

Faz dois anos que conheço o Gui, e ele foi a primeira pessoa que eu conheci aqui em Londrina. A história é engraçada: nos conhecemos em uma festa aleatória que eu resolvi ir. Ele tava lá, sozinho, parecendo meio perdido, e eu não resisti, puxei assunto. Naquela noite, ele tinha acabado de terminar um relacionamento, e saíra para tentar espairecer. Depois de conversarmos por horas, acabamos indo pra minha casa, onde ficamos na área externa com os pés na piscina, olhando o céu e filosofando sobre a vida. Desde então, ele nunca mais saiu do meu lado, e eu também não saí do dele.

Enquanto estou perdida nessas lembranças, volto a focar no Gui, que tá tendo uma crise de riso na minha frente.

— Tá, respira, Gui, senão você vai morrer aí mesmo. — Falo, segurando o riso, porque ele tá vermelho igual um pimentão de tanto rir.

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