Capitulo 14

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"Oh, this has gotta be the good life
This has gotta be the good life
This could really be a good life, a good, good life"
(Good Life, OneRepublic)

Era segunda feira, a Samantha foi embora no domingo, e logo após levá-la para a casa de sua tia, dormi o dia inteiro, estava morta da noite passada, e se eu escutasse mais alguma música, desses cantores cheios de autotune, eu me tacaria da janela mais próxima. Mas o problema de eu ter dormido a tarde inteira foi que de noite não dormi nadinha. Por um lado foi muito bom, tinha esquecido completamente que hoje era a recuperação da prova de matemática, então passei a noite inteira resolvendo equações, expressões, e esse monte de coisa que não entendo nada. Quando consegui pegar no sono faltava uma hora para o meu celular despertar.

-Que merda, eu só queria dormir! - eu disse colocando o travesseiro na minha cara após minha mãe abrir a janela.

-Acorda Alice, quem mandou ficar de recuperação? Se tivesse estudado poderia estar dormindo.

-Não faça isso com sua filha mãe! Deixa eu faltar, só hoje, eu te imploro!

-Não vou pagar prova substitutiva, levanta agora!

Nesse "levanta agora!" Eu dei um pulo da cama, não estava nem um pouco afim de ficar de castigo. Coloquei meu uniforme, penteei meu cabelo, e fui tomar café.

-Bom dia pai! Olha ele, todo elegante para o novo emprego! - eu estava super feliz que finalmente meu pai conseguiu um novo trabalho.

-Você viu filha como o seu pai está um gatão para o primeiro dia na empresa? Falando nisso não posso me atrasar, vai comendo no carro Alice. - ele disse se levantando da cadeira e pegando sua mochila.

Quando cheguei na escola, ela estava bem vazia, já que hoje só estava lá quem estivesse de recuperação. Mas logo vi a Maria.

-Oi má! Eai, preparada? - eu disse enquanto me sentava ao lado dela no banquinho do pátio.

-Espero que sim amiga! Mas estou preocupada, minha vida social depende dessa prova! - ela levantou e segurou meus ombros. - se eu não passar, minha mãe vai fazer picadinho de mim, e o castigo vem forte!

-Credo Maria, você não pode ficar de castigo não! Com quem eu vou sair?

-Se eu for mal, só vai sobrar o Gasparzinho para você!

Eu ri, e logo depois tocou o sinal.

-Chegou a minha hora! Agora é tudo ou nada! Adeus ou olá! Amiga, aconteça oque acontecer saiba que eu te amo! - a Maria me deu um abraço e entrou na sala aonde faria a recuperação.

Logo após todo o drama da Maria, fui lendo as placas que tinham encima de cada porta, até eu achar a que estava escrito "matemática". A sala tinha umas dez pessoas, entre elas o Pedro. Ele está lindo mesmo com o cabelo bagunçado, aqueles olhos claros mexem comigo.

-Eai lice, preparada? -o Pedro me perguntou.

-nem um pouco, eu adoraria estar em casa dormindo! -eu disse entre uma risada.

-Alunos, vou estar entregando as provas para vocês! Boa sorte! -Disse a professora que estava aplicando as provas.

A prova estava relativamente fácil, e espero ter ido bem. Logo após eu terminar a prova, fui para minha casa, aonde estava uma gritaria que eu não sabia o motivo.

-Amélia, pelo amor de Deus! Você não está indo para uma balada, troca isso agora! -minha mãe gritou.

-Eu não vou trocar! Vou usar esses seus vestidos de velha? Nem vem.

-Oque tá acontecendo? -eu perguntei fechando a porta de casa.

-Alice, vai se arrumar! Hoje tem festa na empresa do seu pai, coisa chique, hein filha! -minha mãe disse enquanto se maquiava.

-Pois é Alice! Vamos comer muito! -A minha irmã disse, escolhendo outra roupa para ela usar.

-Que isso Amélia, só pensa em comida! Pelo amor, tira essa roupa! -minha mãe respondeu.

-Não vou tirar!

Eu saí da sala, por que sabia que até dar a hora de sair, minha irmã e minha mãe ainda gritariam muito, e que uma hora sobraria para mim! Fui escolher a minha roupa, coloquei um vestido preto midi com um recorte na barriga, ele era de alcinha, e eu quase não usava ele. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e deixei minha franja que já estava quase do tamanho de meu cabelo solta.

-Tá bom mãe? -eu perguntei do lado de fora da porta do quarto dela.

-Olha só Amélia, isso sim é estar elegante, não esses vestidos de piriguete que você usa! - minha mãe gritou com a Amélia mas logo se virou para mim novamente. - está linda minha filha, mas passa uma maquiagenzinha, você é maravilhosa naturalmente mas hoje é um evento importante.

-Eu sou péssima me maquiando mãe!

-AMÉLIAA AJUDA A SUA IRMÃ!

A Amélia foi até meu quarto bufando, hoje minha mãe estava pegando no pé dela, oque era estranho, costuma ser ao contrário.

-Oque você fez para a mamãe estar assim? -Eu perguntei.

-Ah lice, eu ganhei uma bolsa..

-Mas isso é ótimo! Olha como você é inteligente Lia! -eu disse dando um tapinha no braço dela.

-Na Espanha..

Meu coração gelou. Eu reclamo da Amélia, mas não consigo ficar mais que um dia longe dela, ela é a pessoa que eu posso conversar sem medo de ser julgada. Apenas ela sabe meus sonhos, e meus medos. Agora entendo minha mãe.

-Você vai?

-eu queria muito! É a minha chance Lice!

Mesmo triste, eu não queria transparecer, por mais que eu ame estar perto da minha irmã, ela merece realizar os sonhos dela. Se ela conseguiu uma bolsa para medicina na Espanha, ela com certeza deveria ir.

-Vai sim Lia, você merece muito essa bolsa!

A Amélia me deu um abraço e continuou a minha maquiagem. Que por sinal ficou linda!

-vamos meninas? O pai de vocês está nos esperando no carro. -minha mãe nos chamou.

Os 90's da minha vida Onde histórias criam vida. Descubra agora