Em algum lugar, no mundo bestas-feras conhecidas como Hasrindona eram um perigo mortal. Ao longe uma silhueta negra erguia-se nas sombras. Ao fundo uma paisagem inacreditável, montanhas cobertas de neve e uma floresta na base da mesma. Em meio a essa floresta havia uma clareira com uma cabana velha. A silhueta encaminhava-se naquela direção. Nada além de silêncio existia naquele lugar. Dentro da cabana um diálogo era a única coisa que era ouvida caso estivesse próximo a ela. Uma nevasca começava.
- Flávio eu não sei quanto tempo mais temos que esperar. Está demorando e nós não poderemos nos defender. Você é uma criança. Vou sair para procurá-lo. Qualquer coisa você se esconde no porão. Entendeu? - saiu apressada em direção as escadas sem esperar resposta.
Ela subiu para apanhar o casaco e algumas coisas para conseguir andar lá fora. Já no quarto a procura termina, ao fechar a porta do mesmo ela vira-se pra ir para o piso de baixo. Nesse momento batidas são ouvidas na porta. Batidas que ecoavam pela floresta e assustavam alguns pássaros. Neve caía fora da casa. Dava pra ver através do vidro embaçado da janela que era uma nevasca, mais batidas foram ouvidas. Um ranger assustador se ouviu após as batidas e uma silhueta se fez adentrar a casa. Na iluminação da mesma o garoto vê um rapaz que logo reconhece como o motivo da mulher estar preocupada. De imediato ela desce procurando o filho.
- Não precisa mais mãe… Ele chegou. Olá Aaron. Como foi lá fora? E a caçada? Conta… - o garoto vira-se em direção ao rapaz com cara de curioso e um sorriso que demonstrava o quão feliz e animado estava.
- Garoto! Estava preocupada com você. Saiu há horas. Não sabia mais o que fazer. Seu pai ainda não voltou e você demorou tanto… - lágrimas escorriam quentes de seus olhos, passando por suas maçãs do rosto e ao chegar na direção dos lábios ela as limpa com a costa de sua mão esquerda, protegida pelo casaco.
Houve silêncio por alguns segundos até que Aaron corta-o com um som abafado.
- Humpf… Humpf… - leva a mão a boca para remover o pano que cobria sua boca, uma máscara para proteger do frio. Aliviado retorna ao que tentava dizer.
- Foi boa. Eu até achei um lobo perdido da alcatéia. Alguns quilômetros a frente, onde eu encontrei o nosso jantar. Cervo, coelho e um pássaro. Ao voltar eu fui pego pela nevasca. Desculpa a demora mãe. Não consegui andar mais depressa por conta da neve.
Um vulto aparece pela janela, mais que depressa o garoto se prepara. Puxando sua mãe para suas costas e encostando se em direção à quina da sala, abaixo da escada. A mulher puxa o garoto mais novo. Com o arco pronto e carregado ele mira a porta, bem onde calcula ser a cabeça de qualquer que fosse a coisa que provocara o vulto. A postos para atirar sem exitar, esperando o momento certo ele vê a porta abrir. Silhueta surgindo a porta, que agora estava escancarada. Ao adentrar um pouco mais, a iluminação alcança um homem, com a barba espessa, um capuz peludo e um pouco molhado por causa da neve. Esse leva as mãos ao capuz e o retira. Era difícil de reconhecer de primeira, após três meses fora, porém ele vira que não havia com o que se preocupar. Seu pai havia retornado. Todos foram ao seu encontro, enquanto o mesmo fechava a porta. Um abraço coletivo agora o aquecia.
- Quanto tempo Alberto! O que houve? - demonstrando um sorriso aliviado no rosto, pois pensara que o havia perdido.
- Houve um imprevisto, fomos alcançados e as criaturas nos seguiram. Tivemos que despistá-los, porém eram muitos conforme nos afastavamos da clareira ao sul desta. Tivemos que matar alguns e contornar as montanhas para criar armadilhas e distrações para eles. Depois de muito tempo e algumas mortes, quase nos perdemos, mas conseguimos voltar em segurança. Pelo menos os que sobreviveram. - falara com uma entonação cansada e triste, sua voz era quase arrastada. - Ford morreu. E também o Carlos. - seus olhos marejados agora deixavam escorrer lágrimas e soluços de tristeza enchiam o cômodo. Silêncio era o que havia na casa, exceto pelos soluços entre o pranto daquele homem que acabara de perder seu irmão e o amigo.
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Crônicas Elementais - Descobertas
FantasyE se você fizesse coisas que você não sabe e nem lembra? Se você acha assustador, recomendo não ler esse livro. Ele é bem imersivo e agoniante para pessoas criativas. Se você acha bom, recomendo viver esse experiência e seguir as aventuras de A, Cla...