Capítulo 1

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20 de novembro de 2016Seoul, Coreia do Sul

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20 de novembro de 2016
Seoul, Coreia do Sul.

"Desisto de tentar manter a calma e o pânico me consome.

A fumaça das chamas me sufoca e queima meus olhos. Os gritos da minha mãe invadem meus ouvidos, mas não sei para onde ir. Não consigo saber para que lado ela está, como posso salva-la se não consigo salvar nem mesmo a mim?!

Tento me arrastar para longe do fogo tendo apenas o tato como guia, não consigo ver, não consigo ouvir direito e minha cabeça gira, por tanto, só posso contar com a temperatura e ir para o lado menos quente. Orando para que dê certo e consiga me afastar do fogo.

Mas então meu corpo pesa ao ponto em que não consigo mais me mover. Lutando para me manter consciente aperto os olhos..."

Pisco forte devido a luz em minha cara. Que inferno! Eu esqueci de fechar a cortina. Debato internamente se levanto para ir fechar ou se deixo assim; não que vá fazer alguma diferença importante depois. As malditas imagens que revivo toda noite passam bem diante dos meus olhos quando fico sem ter no que focar.

Olho o despertador ao lado da cama e vejo que são 5:40. Bufo jogando o lençol no chão. É melhor eu levantar e me arrumar para ir a escola, estou em meu último ano do ensino médio, finalmente. Se eu tiver um filho farei questão de voltar para o Brasil para que ele estude lá, a carga horária das escolas da Coreia é exaustiva e a alta taxa de suicídio entre os estudantes por causa de bullying é alarmante. Mas ninguém nunca faz nada realmente eficaz, é decepcionante.

Como meu uniforme completo já estava pronto em cima da cadeira de minha escrivaninha passo direto para o banheiro para tomar banho e escovar os dentes. Quando deu 6:30 levanto da cadeira onde estava sentada, escrevendo uma música nova que só me veio na cabeça, guardo o caderninho dentro da minha mochila para terminar na hora do almoço na escola. Desço a escada e vou para a cozinha tomar café da manhã.

-Bom dia, pai-o homem de cabelo preto curto usava avental para proteger a camisa branca de manga longa que realça seu físico musculoso e a calça jeans escuro. Meu pai é chefe de cozinha e tem o habito de acordar cedo, então a comida já tá pronta.

-Bom dia.

Comemos em silêncio, o silêncio desconfortável do tipo de quando dois estranhos que não se bicam são obrigados a estar no mesmo ambiente. Depois do incêndio que matou a minha mãe há oito meses ele mudou completamente. E eu também de certa forma. Eramos tão próximos! Unha e carne, cúmplices. Sempre aprontando para deixar mamãe zangada ou feliz, sempre saindo juntos para passear ou só dar voltas no quarteirão em um dia tedioso. Ele estava sempre sorrindo, nunca permitia que coisas negativas a batesse nossa família; conseqüentemente eu ia na mesma onda e com isso a vida era mais leve, colorida. Agora não passavamos de dois estranhos debaixo do mesmo teto, o que me fazia entender a frase "O pior tipo de estranho é aquele que um dia você tanto conheceu" e isso doía. Mas não tanto quanto saber que o maior empecilho da superação do seu luto sou eu.

A Vida Prega Peças - JungKookOnde histórias criam vida. Descubra agora