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Agora são 3 da manhã e Lucy não para de me ligar.
Sei que ela é minha melhor amiga e tudo o mais, só que ela tem que parar com isso.
Essa mania dela é irritante.
Atendo a quinta chamada dela, que provavelmente deve ter esquecido o que eu disse em todas as outras ligações anteriores.
ー Por que você só me liga quando tá chapada? ー Questiono, sabendo que não vou ter nenhuma resposta coerente ー Oi? Lucy? Já disse que estou indo te buscar.
Termino de calçar meus sapatos e saio de casa correndo.
Droga, Lucy, por que foi encher a cara justo num dia de chuva?
Eu não tenho carro, muito menos carteira de motorista, o que me leva a ir caminhando para todos os lugares e de fato, isso nunca foi um problema. A não ser quando tenho que levar ela para casa.
Não faço ideia do porque ela está enchendo a cara e, talvez mais importante, não sei porque ela me liga toda vez que o faz. Nós dois nunca ligamos um para o outro (a não ser, é claro, quando ela está bêbada), afinal de contas, pra que ligar quando eu frequento mais a casa dela do que a minha?
Depois de uma longa caminhada, cheia de esbarros em pessoas de guarda-chuva, cachorrinhos em coleiras brilhantes e algumas crianças birrentas, eu finalmente chego no bar onde vi que Lucy estava. E a encontro com facilidade.
Ela está choramingando por mais saquê para o dono do lugar, e ele parece prestes a expulsá-la.
ー Ei, Lucy ー A chamo e vou rapidamente para o seu lado ー Vamos embora, sim? O que você tá fazendo aqui sozinha?
ー Aaaah Natsuuu!! ー Ela se joga nos meus braços e esfrega seu rosto contra meu peito ー Cana me deixou aqui sooozinha! Erza nem quis vir com a gente!
ー E a Mira? ー Segurei seu braço para evitar que caísse.
ー Ah, saiu ー Não fiz mais perguntas, porque eu sabia que ela não ia responder. Estava ocupada demais rindo de alguma coisa desconhecida.
ー Que bom que você veio ー Ela ergueu a cabeça, me encarando com aqueles olhos castanhos enormes e que estavam brilhando mais que o normal. Deus, estava me segurando para não beijá-la. ー Me carregue nas costas, Natsuru! Meu cavalinho! ー Pediu ela, enrolando a língua pra falar. Suspirei, desejando que o dono do bar não pegasse uma garrafa de gim para nos agredir.
ー Vamos, Lucy ー Ela pulou nas minhas costas antes que eu pudesse pensar em como a carregaria.
Graças aos céus, a chuva e o movimento nas ruas diminuíram consideravelmente.
Depois de um tempo, quando ela parecia ter caído no sono, Lucy murmurou no meu ouvido:
ー Suas costas são tão quentinhas.
Dei risada e revirei os olhos.
ー Claro, são as chamas da irritação esquentando.
Eu estava mesmo irritado? É verdade que esse tipo de situação é meio incômoda, mas é interessante ver de vez em quando esse lado da Lucy; mais relaxada, inconsequente e sedutora. Considerando que quem sempre cuida de mim é ela, ela merece ser cuidada também.
ー Quero descer ー disse ela enrolando a língua.
A coloquei no chão com cuidado e a observei tirar as sandálias e soltar um gritinho ao colocar os pés descalços no chão gelado e molhado pela chuva.
ー Vai ficar resfri-
ー Shhh ー Ela me calou com seu dedo indicador e sorriu. Aquele sorriso divertido e brincalhão único dela. ー Eu quero dançar! ー Exclamou ela, entrando no pequeno parque, que ficava há dois quarteirões da sua casa.
Ela rodopiava pela grama, espantava alguns pássaros que ficavam por ali e dizia contra o vento:
ー Eu sou Lucy Heartfilia, da Fairy Tail! E cadê o meu príncipe? Cadê?
Soltei uma risadinha, observando enquanto ela olhava para todos os lados, procurando.
E então ela fixou seus olhos em mim e apontou:
ー Natsu Dragneel! Seja meu priiincipe! ー Ela correu na minha direção e colocou suas mãos atrás do meu pescoço.
De repente, estávamos dançando na grama. Uma chuva fina banhava nós dois e um vento frio suspirava pelas costas. Eu segurava sua cintura com firmeza, em partes porque não queria que ela caísse e porque simplesmente não queria soltá-la. Seu corpo tão perto do meu era perigoso, porque eu estava pegando fogo. É sempre assim, toda vez que ela me toca.
ー Até que aquelas aulas de dança vieram a calhar, né? ー Comentei, percebendo que não pisei no pé dela nenhuma vez.
Ela assentiu, fechando os olhos e se encostando mais em mim.
ー Ei, Lucy, não pode dormir aqui não ー Murmurei, cutucando-a.
Sem resposta alguma, peguei ela no colo e a carreguei pelo resto do caminho para casa.
Com Lucy na cama, completamente capotada, eu a observei dormindo tranquilamente; o cabelo caindo em seus olhos suavemente, o coque que havia feito estava quase desmontando, e seu peito subia e descia lentamente (e que peitos!) e em seus lábios estava um sorriso. Isso me fez sorrir também.
ー Sério, por que você só me liga quando tá chapada?
Por que não me liga quando precisa de um abraço? Ou até de um beijo? Por que não me liga quando precisa conversar? Por que não me liga para dizer que me ama?
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Why'd you only call me when you're high?
Cerita PendekMais uma vez, Lucy saiu para beber com as amigas e parece que exagerou novamente, e não parou de ligar para seu melhor amigo, o único que sempre a atendeu. E como todas as vezes, Natsu foi para lá buscá-la antes que arrume mais confusão. Song-fic in...