Há um momento na vida de todos nós em que queremos fugir do mundo em que vivemos e que conhecemos tão bem que começa a nos sufocar. Eu costumava acordar todas as manhãs me sentindo desse jeito. Ao longo do dia o meu humor mudaria e eu adormecia me sentindo serena e grata pelo que tinha naquele momento. Contudo, o sol se levantaria novamente, mas em vez de raios de sol quentes e bom humor, uma nuvem de suspeitas pairava sobre a minha cabeça, me fazendo sentir medo da incerteza e me fazendo sentir como se ali não fosse o meu lugar.
As memórias são como sonhos. Elas desaparecem com o tempo e a linha que as une se transforma numa frágil linha que pode facilmente se romper. No meu caso, não havia memórias do passado nem sonhos-apenas uma voz interior que me disse para correr. Algumas semanas antes...Vários raios de sol atravessavam as copas das árvores e aqueciam o meu rosto. Eu abri os olhos e vi grandes flocos de neve caindo lentamente em cima de mim. Eu tentei me levantar mas uma forte dor localizada na minha cabeça me parou.
Argh... Está doendo! - Poucos minutos depois me apercebi do ambiente ao meu redor. - Como é que eu vim parar aqui?
Ei! Socorrooooooo! Tem alguém me ouvindo? Eeei! - Oh, não! Eu tenho que me levantar e encontrar um caminho de volta.
Segurei na árvore ao meu lado e me levantei. Contudo, os movimentos bruscos me causaram fortes tonturas e instintivamente fechei os olhos. - Tem que ser... Não posso ficar aqui. Eu tenho que encontrar ajuda. - Eu estava me movendo lentamente, de árvore em árvore, tentando perceber qualquer pista que me ajudasse a encontrar a saída da floresta. - O que é que eu estou fazendo? E se eu estiver indo cada vez mais fundo a floresta? E se ninguém nunca me encontrar? - Socooorro! - Eu escutei atentamente, mas não houve resposta. O único som que eu conseguia ouvir era o meu forte batimento cardíaco. Eu sabia que o medo era o meu maior inimigo nestas situações, por isso, eu me dei algum tempo para me acalmar. - Eu vou ficar bem... - Eu estava com esperança de ouvir alguém chamar o meu nome e procurar por mim, mas depois percebi... - O meu nome... Qual é o meu nome?! - O meu nome... Quem sou eu?! - Eu não consigo me lembrar do meu nome! Ugh! Droga! Isso não pode ser verdade! - Eu estava desesperada porque estava desamparada. Eu estava com tanta raiva que cerrei o meu punho e dei um soco numa árvore. A pulseira que eu estava usando se quebrou e caiu no chão. Eu peguei nela e olhei-a com atenção. - Eu nunca diria que essa pulseira fosse minha. Eu não me lembro de como a consegui... Sinto muito que tenha se quebrado, mas vou consertá-la. - Eu observei-a com cuidado, procurando o seu fecho e admirando a bela fileira de pedras de que era feita. Por acaso, notei uma assinatura gravada numa das pedras... “Filha..”. - Esta não pode ser a única palavra gravada... - Eu examinei minuciosamente toda a pulseira e encontrei mais palavras gravadas. Então tudo fez sentido. “Para a minha amada filha, Luna.”. Eu continuei andando e repetindo o nome gravado na pulseira, esperando que isso me fizesse lembrar de alguma coisa. - Provavelmente é o meu nome, mas como posso ter certeza? Não me soa nada familiar... Luna. Eu sou a Luna. - O sol estava descendo quando cheguei à beira da floresta. Eu estava com frio, sede e fome, mas eu não ia desistir. Eu vi uma linda aldeia na minha frente, coberta de neve e escondida num vale entre todas as colinas e montanhas. O único problema era que eu estava no topo da colina e perto de mim não havia nenhum caminho para descer. - Finalmente! Talvez agora alguém ouça o meu pedido de ajuda. - Socorroo! - Eu queria gritar a plenos pulmões, mas minhas palavras eram pouco mais altas que um sussurro. Eu estava exausta... Um barulho vindo por trás de mim me acordou do estado meio adormecida. Instintivamente me escondi atrás durma árvore. - Tem alguém aatrás de mim! Vai ficar tudo bem se eu ficar calma e quieta. Ele irá embora... - Eu fiquei escondida atrás da árvore, sustendo a respiração. Eu tinha esperança que fosse apenas um animal perdido procurando comida, e não o meu perseguidor. - Está silencioso... - Espreitei cuidadosamente por detrás da árvore e vi as botas de alguém pelo canto do olho. Eu levantei a cabeça e encontrei os seus olhos. Eu fiquei apavorada e queria correr, mas não tinha para onde ir. Havia um abismo atrás de mim. Eles estendeu as mãos para mim., mas eu recuei. Eu estava com tanto medo que dei um passo em falso e escorreguei... - Aaaaaaahhh!” Nããããão! - Eu pensei que esse seria o meu fim. A última coisa que eu veria seria o rosto dele-o rosto de um homem que estava me perseguindo. MAs eu estava errada... Eu só teria a agradecer-lhe por ter salvo a minha vida. Ele segurou a minha mão de forma hábil e rápida e me salvou de cair no abismo. Eu fiquei cara a cara com ele...
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Amnésia
RomansVocê consegue se imaginar completamente sozinha, sem ninguém ao seu redor para te ajudar? Sem ninguém em quem confiar, nem sequer você mesma? O que você faria se todo o seu mundo se desmoronasse diante dos seus olhos? Você fará novos amigos e encont...