O relógio em seu pulso indicava que se passava das onze da noite, oque era normal. Afinal a vida é agitada, trabalho, faculdade, família, relacionamentos e em tudo que o ser humano se envolve em suas relações, mas aquele dia era diferente, tudo estava de mal á pior para Bianca. Tivera um dia conturbado no trabalho, sem falar do seu atraso para o mesmo, seu namorado questionando suas prioridades, sua família contra o namora, enfim mais um dia, até normal.
De manhã, ao levantar, percebeu que acordara bem, porém os feixes de luz que invadia o seu quarto lhe dizia que já estava atrasada para o serviço, quase caindo da cama correu para se arrumar, não tomou café e foi assim mesmo. Ao chegar, além da bronca do seu supervisor, seu namorado lhe mandava mensagem, questionando-a se ela ia sair com ele neste final de semana, Bela, sua colega de trabalho começou a falar do novo paquera assim que a viu. E seu dia foi mais cheio que o normal. No almoço houve um incidente. Ao sair da sua sala, pegou o elevador para ir ao pátio de alimentação, faltando dois andares, a energia caiu, fazendo o elevador parar.
Inspira e expira, era o'que lhe enchia a cabeça, "não entre em pânico".
Isso se seguiu pelos próximos 20 minutos, então a energia foi estabelecida novamente, o elevador seguiu seu curso, Bianca tentava acalmar seu coração até descer na portaria.
- Lucía do céu, que apagão foi esse?
Ela foi falando logo que saiu do elevador, e indo ao bebedor. Como não obteve resposta virou se para ver, não havia ninguém lá, o lugar parecia ter sido abandonado há anos. A água não tinha gosto de água, o copo em suas mãos estava vazio, e empoeirado.
- O que você faz aqui?
Disse uma voz rouca, sussurrando, era como se cada palavra lhes custasse muito para pronunciá-la. Em busca da voz, ela passava seus olhos por todo o espaço, até se deparar com aqueles olhos vazio, do senhor sentado, não muito distante dela, sua pele era cinza, encurvado em sua direção, suas vestes eram de outros anos, uma calça muito bem aparente com suspensório, e uma camisa sem um vestígio de amassado, poucos cabelos brancos, o que fazia ele parecer quase normal.
- Perdão senhor, não percebi tua presença.
- Mas eu vi você, desde quando você adentrou por aquela porta, todo dia no mesmo horário, nem antes, nem tardar, mas por aqui não dá pra diferenciar muito o dia da noite, é sempre tudo tão......cinza minha jovem, observe por você mesma.
Como aquele senhor saberia que ela trabalhava ali? Mas ela nunca o havia visto, sua mente estava confusa, foi até a janela, quando olhou pela mesma, viu o céu, sem sol, sem nuvens, sem azul, isso mesmo, o céu não era azul, era cinza, hora escuro, hora claro....
- Como isso é possível, senhor há pouco era quase meia-noite...
- Minha jovem, por aqui é sempre assim, cinza, sem graça, quieto demais............
O senhor apoiou-se sobre sua bengala, e de pé, ela pode perceber as correntes que estavam sob suas vestes.
- Vê isto, senhorita?
- Sim....
- São frutos da minha vida, muito tempo eu cresci, queria ser alguém, visto pela mulher que eu contejava, ah que bela dama...ela tinha seu jeitinho estranho...mas nem por isso deixou de me cativar com sua beleza.
Ele começou a caminhar, uma caminhada lenta, arrastando as correntes atrás de si, faziam um ruído muito estranho ao rasparem no piso, não tinha um lugar visível que as prendesse.
- Venha, vou lhe contar uma história................... Nasci em uma pequena fazenda, mas com a morte de meu pai tivemos de vender as terras e vir para cidade, mamãe não sabia como se virar, muitas vezes fora enganada, mas conseguia trazer algo para nosso pequeno espaço, que chamamos de lar, na época ela uma senhora se aproximou dela, oferecendo grande ajuda, mas com algo em troca, e quando mamãe perguntava o'que era, ela apenas dizia
- '' Quando for o momento, venho pegar o'que é meu''
- Passamos bons tempos,a senhora parou de vir em casa, mas mantinha entregas de tudo que precisamos para viver, desde então nunca faltou nada, crescim eu era jovem, um tolo, mas era coisa da idade, estava encantado com as moças do meu bairro, quando ela apareceu, seus vestidos escuros, seu cabelo comprido envolta pelo ar do mistério. Ela foi me seduzindo mesmo sem dizer uma palavra, um belo dia a senhora retornou, para cobrar o grande favor, mamãe estava doente e eu cuidava dela, a senhora dizia que um serviço precisaria ser feito. Ela queria minha alma, com estas palavras mesmo, ela dizia ́ ́ Com teu espírito sadio, me trará uma vida mais longa'' e reparando, ela parecia ter envelhecido muito em questão de alguns anos, lógico que na época achei que velha senhora era doida, expulsei-a de casa e segui meus dias cuidando da mamãe. A moça que tanto me cativava finalmente deu algum sinal que me notara, apaixonado, já pensava em me casar, convidei-a para um passeio, naquela noite ela me trouxe aqui, era um terreno aberto com um banquinho apenas, apesar de já ter se passado da hora de recolher, eu estava ali, com ela, ela tomou a iniciativa do beijo, posso dar-lhe um conselho minha jovem?
- Pode senhor, mas porque tudo isso tem haver comigo?
- O beijo dela me matou, seu beijo ceifou minha vida, logo fiquei preso à esta terra, e na promessa de não ficar sozinho ela me deu a liberdade de cada 10 anos eu poder escolher alguém para trocar de lugar comigo.
- Como assim?
Estavam na porta de um quarto, 112 era o número.
- Espero que um dia possa me perdoar, mas eu preciso ver o mundo, preciso disso.
Quando ele tocou na maçaneta da porta e no braço de bianca, ele foi ficando mais jovem, bonito, como se os anos não tivessem afetado, mas seus olhos pérmaneciam vazios, negros, ela fora tomada por uma sençaçao de cansasso, sono, parecia que não dormia á dias, ao abrir a porta ela sentia suas pernas fracas, com sono, ele foi guiando ela até a cama, quando á deitou, deu lhe um beijo roubado seu ultimo suspiro desperta, as correntes passaram como serpentes dele para ela, entranhando -se na sua carne.
A força e vitalidade dos 20 anos da jovem preencheu aquele ser
- Finalmente. adeus minha bela...
Ao sair do quarto, um forte luz o atacou, e ele veio parar no mesmo elevador que ela estava, agora caída no chão, olheiras profundas marcavam seu rosto, sua pele estava ficando pálida, com marcas vermelhas, ele abaixou-se, pegando seu celular,
- Alô, como posso ajudar?
- Tem uma moça passando mal e ela acabou de desmaiar, por favor sejam rápidos....
Assim, ao sair do elevador, ele se depara com a muvuca de pessoas assustadas ao ver a menina caída no canto,e vão socorrê-la.
- Minha bela, seu sono me trará uma vida muito longa.
E assim saiu pela porta.
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Inmortales
Short StoryContos, contos são eternos. É uma das poucas coisas que o tempo não leva, pois estão sempre se adaptando á realidade em que vivemos.