Capítulo Único:

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Brasil queria matar alguém. Esse alguém sendo mais especificamente o Argentina em pessoa.

Ele queria enforcar aquele pescocinho esguio, socar aquela carinha linda e chutar aquelas costelinhas escondidas por aqueles músculos perfeitos que ele já estava cansado de traçar não só com as mãos mas com a língua também. Se bem que isso era um exagero, ele nunca ia cansar do corpo do Argentina.

Mas tudo que ele fez foi apertar os punhos e afundar no sofá, sentindo seu peito pesar mais que uma âncora.

Os olhos dele teimavam em voltar para a cena que se desenrolava bem na sua frente: Argentina bebendo e dançando com o Austrália.

Tinha que ser justamente o maldito do Austrália?, Brasil pensou, irritado. Ele nunca tinha se sentido tão puto na vida antes.

Ele sabia que o loiro praiano era muito parecido com ele. Não fisicamente, mas a personalidade dos dois era tão parecida em alguns aspectos que, às vezes, era quase como se o Brasil estivesse falando com ele mesmo.

E ele tinha quase certeza que uma das coisas que o Argentina gostava nele era sua personalidade, não tinha como eles estarem juntos só pela transa.

Se bem que eu sou bem foda na cama... será que é só pela transa? Eu fodo tão bem assim?

Brasil pensou nesse tópico por alguns minutos, e concluiu que sim, ele fodia tão bem assim, e havia altas chances da maior motivação do Argentina estar com ele ser o sexo.

Ele sabia que o loirinho não ia achar tão fácil alguém que fizesse ele dobrar o próprio ego e se entregar completamente ao prazer como ele fazia. Era um talento que o Brasil gostava de acreditar que só ele tinha.

Mas, claramente, nesse momento, parecia que ele estava procurando.

Brasil grunhiu tão alto de raiva que, apesar da música estourando nas caixas de som do outro lado do cômodo, os amigos mais próximos dele, Croácia, sentado ao seu lado, e Colômbia, encostada no apoio de braço do outro lado, olharam para ele assustados. Mas ao ver a direção dos olhos dele, os dois sorriram, isso ainda era normal entre os dois "rivais".

Talvez eles sempre fossem ser um pouco assim. E se eles estavam bem com isso, ninguém tinha que opinar.

A questão era que Brasil não estava bem. Toda aquela situação, e as conclusões que ele tirou dela, estavam mexendo com um lado dele que ele não conhecia, e ele estava odiando cada segundo disso.

Ele virou o copo que Uruguai tinha acabado de encher para ele, e o amigo olhou pra ele surpreso, e encheu de novo, lentamente.

— Vem cá, isso tudo é ciúme do Argentina? Na minha vez você foi lá e me mandou sair... tá parado aqui ainda por quê? — ele perguntou, confuso.

— A gente não namora ainda, eu não posso...

— Brasil, na minha vez vocês nem tinham admitido que ficavam ainda — Uruguai falou, como se fosse óbvio (porque era).

Brasil parou por alguns segundos, considerando, e então se levantou. Encarou Argentina (que estava muito ocupado rindo com o bronzeado pra notar o olhar dele), e se decidiu:

— Quer saber, foda-se, eu vou pra cama.

E antes que qualquer um conseguisse se recuperar do choque de ver o Brasil sendo o primeiro a sair de uma festa, ele já estava nas escadas, com a garrafa do Uruguai em mãos, e uma expressão fechada no rosto.

Naquele momento, mais do que matar o Argentina, ele queria morrer. Porque o sentimento que passava pelas veias dele era algo que ele não queria sentir.

Substituível? (BraArg)Onde histórias criam vida. Descubra agora