Capítulo V

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Olá galeria, postando hoje porque ontem teve contratempos. Hoje o capítulo é na visão da Engfa e teremos momentos fofos, próxima semana teremos 2 capítulos (isso não é uma promessa).
Boa leitura!

***
Engfa

Escuto o celular tocar e abro os olhos para tentar pegá-lo, há uma mesinha no canto da cama e sei pela a luz que ele está sobre ela.  As mãos dela estão ao redor do meu corpo e fico tentada a ficar ali, nos seus braços. Suspiro. Conto, 3, 2, 1. Levanto. Vejo o nome na tela " P' Daad". Respiro. Conto, 3, 2, 1. Atendo.

_ Oi. - saio do quarto e entro na sala, sento em uma poltrona.

_ Nong, estou ligando pra avisar que já estamos no hospital para novos exames. Ela está bem, só um pouco cansada, mas... - escuto sua voz falhar. - Preciso de você, Engfa.

Conto, 3, 2, 1. Não funciona. Minha respiração acelera, começo a tremer e meu coração dispara. Conto, 3, 2, 1. De novo e de novo. Ela parece perceber o que estou fazendo e fica em silêncio, a sua respiração acalma e por momentos acho que ela desligou, mas escuto barulho do lugar. Alguns minutos se passa e ficamos apenas em silêncio como se fosse um acordo de que tudo iria ficar bem, deito no sofá e fecho os olhos.

_ Tudo bem? - Escuto a voz de Chompu e abro os olhos rapidamente.

_ Quem tá ai? - P' Daad pergunta. Ela sabe quem estar mas quer minha confirmação.

_ P' Daad eu posso te ligar depois? Eu preciso...

_ Não! Se você desligar agora eu nunca mais ligo pra você, Engfa. Você tá na casa dela? Você largou o emprego na universidade? - ela fala baixinho, mas o tom de voz é ríspido.

_ Não! Eu não estou na casa dela e eu não larguei o emprego, eu estou bem...

_ Ótimo, se está bem não precisamos mais conversar. - ela desliga.

Fico com o celular na orelha, calada. Conto, 3, 2, 1. Suspiro. Chompu estar do outro lado da sala, seus olhos em mim, repito o processo de contagem várias vezes. Me levanto e entro no quarto, ela me acompanha e fica em silêncio enquanto troco de roupa.

_ Vai embora. - digo sem levantar os olhos.

_ Meu amor... - ela começa, mas para quando a encaro.

_ Sai.

_ Eu voltarei para Phuket no final de semana, poderíamos nos ver de novo. Você poderia ir comigo... - ela sorrir. - poderiamos viajar para fora, conhecer a China... Você queria tanto...

_ Minha mãe está doente. - falei ainda olhando para ela.

Seu sorriso sumiu, ela suspirou, pegou suas coisas que estavam no quarto e caminhou até a sala. Eu a segui até a porta da frente e abri.

_ Adeus, Engfa. - ela beijou meu rosto, se virou e foi embora.

Conto, 3, 2, 1. Inspiro. Conto... 3... 2... 1... Conto... Começo a chorar.

•••

A enfermaria fica do lado leste da universidade, significativamente longe do apartamento onde moro. Faço o percurso a pé, o ar é frio e parece agulhinhas penetrando a pele que está coberta com uma blusa fina. Meus olhos ardem mais por chorar do que pelo o vento que bate em meu rosto, olho para as árvores do caminho, caminho esse que fiz várias vezes com meu pai. Moravamos próximos de onde estou agora e quando o sol nascia ele descia para o campus, passava o dia tocando e cantando aos arredores e voltava pra casa com um chapéu cheio de trocados. A noite tocava em bares e quiosques que eram repletos de alunos, tantas e tantas vezes estive com ele. Descia pulando e cantando, dançava sobre as mesinhas enquanto ele tocava seu violão. Lembro de quando joguei suas cinzas no parque ao redor da universidade, lembro pensar está só, lembro de chorar em silêncio e então escutar diversos aplausos. Aplausos de pessoas que nem mesmo eu sabia o nome, mas eles conheciam meu pai, eles sabiam seu nome.

We Are ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora