A Fuga - 01

63 4 3
                                    

Era um dia chuvoso e como qualquer outro em minha vida. estava eu e minha irmã Nicca, presos no porão de casa... Na verdade, era minha casa. Eu nunca tive a oportunidade de conhecer lá fora, apenas tenho pensamentos de como é, porque minha irmã um dia já estivera lá. Nicca e eu nunca conhecemos nossos pais e também soubemos o porque estávamos lá naquele lugar, largados como um lixo. Era um tédio aquele lugar. Eu apenas ficava pela janela suja do porão pra tentar ver as coisas a fora. Muito mal eu conseguia ver, a janela ficava muito no alto e bem pequena, não conseguia ver quase nada... Apenas o gramado e os insetos que passavam perto formigas, lacraias, gafanhotos ...
Isso não era apenas o pior. O porão onde Nicca e eu dormíamos estava imundo ratos, baratas, parasitas, aranhas... Tudo que é inseto havia dentro daquele lugar...
Estávamos ali há anos. Nicca e eu usávamos sempre as mesmas roupas velhas, rasgadas e sujas, parecia mais um pijama só que muito encardido de sujeira. Nos só tomávamos banho quando chovia, só recebíamos água e um pouco de alimento. Nicca e eu já tentamos escapar, mas Nicca foi pega pela Tia Olívia, assim que tentava sair pela janela.
Naquele dia em que minha irmã foi pega, nunca tinha visto ela tão machucada e caída como naquele dia. Desde de então. Meu o Tio D, colocou grade na janela em que fugimos. Não tinha como piorar. A única janela que tínhamos pra escapar agora está com grades, eu me sentia como meu ratinho de estimação o Peter.
- Brian. Brian! Sussurrava baixo Nicca.
Eu estava brincando com o Peter, um ratinho que eu havia encontrado dentro da gaiola assim que cheguei no porão.
- Oi? Respondi assustado.
- Acho que tenho um plano de fuga. Respondeu.
- Impossível. Nicca, estamos aqui desde de que nascemos isto a 15 anos atrás, você acha que ainda há esperança de escaparmos? respondi com ignorância.
- Brian! Nós podemos... Confie em mim. Vamos fazer isso pelo papai e pela mamãe...
Me senti um pouco culpado, Nicca era a única pessoa da minha família em que eu amava e contava.
- O.k! Diga qual é o plano. Respondi.
Nicca e eu ficamos 30 minutos conversando sobre o que faríamos até tomar a ação.
Começamos a gritar bem alto. Quando de repente. Meu Tio abriu a porta do porão. Ele estava com uma boa aparência como se fosse sair pra um baile de gala. Ele desceu falando.
- Calem a boca! Ou então ou desço ai e vocês vão ver o que é gritar - disse o Sr. D com um tom não tão amigável.
Nicca, então continuou.
- Aaaaaaaaahhhh!!
Então, o Sr. D pegou seu chicote e desceu. Ele foi em direção a Nicca quando com o chicote ardendo em fogo. Quando ele levantou o chicote pra bater na Nicca, eu bati na cabeça dele com uma barra de ferro. Ele caiu duro. Nicca, rapidamente pegou as chaves do bolso dele e corremos em direção à porta. Antes de abrir a porta, demos uma checada para ver se havia mais alguém. Quando abrimos a porta entramos dentro de um quarto muito lindo. Espelhos grandes, um belo armário, jóias e um lustre enorme no quarto. Não sabíamos para onde ir. Nicca, abrigou as gavetas à procura de dinheiro. Quando ela se deparou com uma caixinha cheia de fotos, cartas e dois anéis.
- Brian?! Olha isso - disse Nicca.
Então, eu me aproximei e vi umas imagens. Um casal e fotos de uma linda mulher.
- Nicca. Você ouviu esse barulho? - disse assustado.
- Vamos. Antes que o Sr. D nos pegue -respondeu Nicca.
- Tudo bem. Mas, e agora? Onde vamos? - perguntei nervoso.
- Venha! Vamos por aquela por ali - respondeu Nicca confusa.
Então, fomos em direção a porta que parecia um muro de tão grande que era.
- Está trancada - falei nervoso.
Já estava soando frio só de pensar que o Sr. D poderia nos pegar a qualquer momento.
- Calma. Tenho um jeito - disse Nicca calmamente.
- O.k., mas anda logo! - disse mais nervoso ainda.
Nicca foi até as gavetas do armário a procura de um objeto pra abrir a porta.
Minha mão já estava molhada de suor.
Tum, tum, tum...
Um barulho começou a vir das escadas do sótão, sem duvidas era o Sr.D .
- Achei! - disse Nicca.
Eu estava tão nervoso que comecei a gaguejar pra falar, esses ataques só aparecem quando estou com medo.
- Va-va-mos. Rá-rápido! - disse eu com os meus ataques.
Nicca pegou um broche, e ficou tentando abrir a porta, enquanto os passos cada vez mais se aproximando.
- Peter! Nicca, nós não podemos deixar o Peter aqui - disse eu preocupado.
Comecei a chamá-lo. - Peter, Peter ...
Quando a Nicca abriu a porta, e o Peter apareceu. Então eu o peguei. Logo veio o Sr.D correndo atrás de nós.
- Eu vou matar vocês seus Demônios. - disse Sr. D com a voz de fúria.
Então, rapidamente Nicca e eu entramos na porta a fechamos. Entramos em uma sala gigantesca com vários móveis lindos. Enquanto a ele ficou batendo na porta, e pedindo pra abrir. Nicca foi pegar uma cadeira pra bloquear a porta enquanto eu segurava com toda a minha força.
- Pronto! Agora quero vê-lo passar - disse Nicca colocando a cadeira debaixo da maçaneta.
Peter subiu no meu ombro como sempre, creio que ele também estava com medo.
- Que lindo! Tudo... Maravilhoso! - comentou Nicca encantada com a beleza da sala.
Um lustre enorme de pedras preciosas era suspensa no meio da sala. As paredes cor de ouro, luminárias e sofás... Realmente de dar inveja.
Nicca se sentou na poltrona do lado da janela.
- Olha isso Brian. Que maravilhoso! Tão confortável - disse ela apreciando o ambiente.
- Nicca, você está suja. Vamos dar o fora daqui logo, antes que alguém chegue e veja essa sujeira - disse.
- Relax... - não ouve tempo de completar o que ela queria, ouvimos passos vindo do lado direito da casa.
Rapidamente se escondemos atrás das cortinas. Então chegou uma mulher, o que dava para reconhecer pela voz, e mais uma pessoa, mas não dava para ver o rosto deles, a cortina era escura.
- Hahahahahahaha... Você trouxe o que eu pedi? - disse a moça com uma voz sorrindo.
- Claro! - disse o homem convicto.
- Quero que eles sofram igual aos pais deles, mas eles não podem saber sobre os elementos.
Não tinha a menor ideia do que eles estavam falando, apenas queria sair daquele lugar mais rápido possível. Eu tentava ver quem era o homem, mas ele usava um chapéu caipira o que me impedia de não conseguir ver o rosto.
Nicca olhou para minha cara do outro da cortina, ela estava tentando me dizer algo, mas não conseguia entender.
- Tia Olívia - disse Nicca sussurrando.
- Aããh? - respondi confuso.
A moça então, veio em nossa direção para olhar para janela. Logo, Nicca e eu entrelacemos dentro da cortina para que ela não nos víssemos.
- Que dia lindo! - disse a mulher respirando fundo.
- Srª já preparamos tudo pro ritual - disse um homem com uma voz sombria.
Então, Tia Olívia se virou para o rapaz e disse.
- Eles estão pronto? - com uma voz maliciosa.
- Sim! - respondeu o rapaz.
Estava com medo, eu não tinha a menor ideia do que eles poderiam estar falando. O Peter meu ratinho, também acho que estava com medo, ele fazia um chiado no meu ouvido.
- Traga-me um chá com aquela torta de chocolate, estou faminta e cansada. Preciso relaxar... - disse a Olívia indo em direção a poltrona e sentando como se estivesse em um spar.
-  Sim, Senhora! - respondeu o homem.
Quando o homem trouxe a torta, o Peter desceu do meu ombro e foi em direção ao chão. Eu tentei dizer não baixinho, mas ele não quis saber.
Ele foi em direção à Tia Olívia.
- Aaaahhh!  Um rato!! Mata esse bicho imundo e nojento! - disse Olívia com medo. O medo era tão grande que ela subiu na poltrona.
O homem foi correndo para a cozinha pegar algum tipo de pau para matar o Peter.
- Você vai ver! - disse o homem com ódio.
Peter subiu no corrimão da escada que ficava no lado esquerdo da casa, subiu e homem foi o perseguir.
Tia Olívia se alcançou um pouco, mas ao descer da poltrona percebeu algo diferente nos seus móveis. Ela estava fitando o braço da poltrona, estava um pouco suja, deve ter sido na hora em que Nicca sentou lá.
Então ela foi, abriu a porta em que Nicca e eu adentramos pra chegar na sala.
- Esse capetinhas não podem ter escapado - ela seguiu no corredor resmungando.
- Brian? Vamos, precisamos ir agora - disse Nicca.
- Mas e o Peter? - respondi.
- Não há tempo, temos que ir antes que ela volte - disse Nicca.
Quando Nicca estava falando, ouvimos pegadas vindo da porta onde Olívia entrou.
- Vamos, anda logo! - disse Nicca apressada.
Então eu não hesitei depois disso, abrimos a porta juntos e vimos... Um lugar enorme no meio do nada, apenas a floresta e a casa onde estávamos. Não havia sinal de civilização, televisão, celular nem nada. Então corremos em uma direção só. Fomos em direção a floresta. Quando chegamos em frente à floresta, nos deparamos com uma cerca de arame farpado.
- Parem aí mesmo! - disse uma voz grossa.
Nós paramos e nos viramos para ver quem era.
Era o Sr. D., ele estava um pouco machucado devido à pancada na cabeça. Ele estava com um homem forte, barbudo e com um estilo bem caipira, ele usava uma camisa xadrez e calça rasgada, uma bota preta e um chapéu caipira.
- Estavam pensando que iriam escapar assim, tão fácil? Hahahahah ... Crianças tolas. Vocês podem até escapar, mas pro inferno. Sabe o que admiro em vocês? A capacidade de fuga que vocês têm, ou melhor tinham - disse Olívia, sorrindo alegremente.
- O que vocês querem fazer com a gente? - disse Nicca inquieta.
- Ahhh, meu anjo. Vamos voltar para sua jaula e nós conversamos - disse Olívia com um tom de ironia.
- Eu não entendo. Porquê? O que vocês querem? Porque não nos deixam em paz? Eu fui a minha vida toda, presa naquele lugar escuro, porquê vocês fizeram isso? Cadê nossos pais? Vocês... Vocês o mataram, não foi?! - disse Nicca com voz trêmula.
- Seus pais... Estão nesse momento com o sono eterno, mas vocês ainda estão aqui e pode mudar as coisas, é só vir com para cá e tudo volta ao normal - respondeu Olívia.
- Vocês o mataram! Seus monstros! - disse eu furioso.
- Brian... Meu jovem menino, meu 'anjo', como dizia sua mãe. Este é seu rato? Mmm... Tão pequeno e indefeso, a única herança que restou dos seus pais, eles adoravam coisas imundas - disse Olívia mostrando o Peter na gaiola preso.
- Você o quer? Tome! Essa coisa insignificante - ela jogou a gaiola e a grade da porta se abriu, e Peter veio para mim.
O tempo começou a se fechar, nuvens negras surgiram de repente. Sr. D., olhou para o relógio e para Olívia e disse.
- Olívia, não há mais tempo - disse ele.
Olívia olhou para o caipira, e fez um sinal com a cabeça. O caipira se transformou em um gigantesco monstro peludo, com um rabo de escorpião e dentes afiados, então ele rosnou. Nicca e eu ficamos assustados. - Pegue-os! - disse Olívia.
Ele  veio em nossa andando em nossa direção.
- Ahhh!! - Nicca e eu gritamos.
Peter desceu do meu ombro e veio uma luz bem forte sobre ele. Nicca e eu ficamos assustados, nunca vimos isso, e o que o Peter estaria fazendo? Ele se transformou em um cavalo branco, com a pele um pouco dourada, ele brilhava como o sol. Então ele se inclinou para nós e fez um som, um sinal para montarmos nele.
- Impossível! - disse o Sr.D. - também sem acreditar no que estava vendo.
Então montamos no Peter, e ele voou.
O mostro ficou lá em baixo, e rosnou bem alto que lá de cima dava pra escutar.
- O que foi isso? - disse espantado.
- Aí meu Deus, aí meu Deus... - dizia Nicca com os olhos fechados, ela tem medo de altura.
- Brian, o seu rato é um monstro - disse Nicca.
Então o Peter inclinou mais pro lado e fez um som do tipo, 'eu não sou um rato'.
- Tá bom! Você é um heróóóóóóói...
Peter voava sobre a floresta, e ele desceu bruscamente. Nicca continua a gritas. E eu estava amando aquilo, apesar de se questionar como ele se transformou naquilo. Peter chegou até o chão.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 20, 2015 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Amuletos Sagrados -              Os ElementosOnde histórias criam vida. Descubra agora