1 de janeiro: o reencontro

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Quando eu estava andando, acabei esbarrando com alguém sem querer
-Presta atenção para onde anda.
-desculpa...-eu disse totalmente sem graça-o senhor está bem? Se machucou?-Quando eu virei para trás, para poder ajudar o moço a pegar as coisas do chão, eu percebi que era um garoto da minha idade. Ele era um pouco mais alto do que eu, seus cabelos eram negros como a névoa e sua pele era branca como a neve.
Eu me agachei para ajudá-lo a pegar as coisas do chão. Parecia que ele havia acabado de se mudar, já que estava com uma caixa escrito "MUDANÇA" de todo o tamanho
-o senhor é novo por aqui?-perguntei mais por perguntar mesmo, afinal, acho que isso era meio óbvio
-não me chame de senhor.-ele disse pegando um porta retrato, onde na foto havia uma mulher e uma criança do chão e colocando de volta na caixa
-afinal, aparentemente você parece ter a minha idade...ou eu estou errado?-ele ficou quieto por uns 5 segundos, mas logo retornou a falar-14, né?-sua voz era doce e calma. Parecia a de um deus grego!
Eu respondi que na verdade eu tinha 13 anos, mas que daqui a algumas semanas eu faria 14.
Assim que terminamos de pegar as coisas do chão, nos levantamos e me desculpei novamente e disse que dá próxima vou tentar prestar mais atenção para onde estou indo, para não ter o perigo de me esbarrar em alguém de novo.
Ele, por sua vez, não se desculpou. Pegou a caixa do chão e começou a andar novamente sem nem olhar para trás. Cerro meus punhos enquanto o encarava admirada e indignada ao mesmo tempo...poxa! Oque que custava ele se desculpar também e dizer "eu que devo me desculpar por ter sido tão grosso com você."?
Mesmo assim, grito um feliz ano novo pra ele que nem deve ter escutado! Muito pelo contrário, as pessoas que estavam passando por ali, me agradeceram e desejaram o mesmo. E quando notaram quem eu era, começaram a pedir pra tirar foto!
A minha vontade era de dizer que eu não estava afim de tirar foto e que era pra me deixar em paz, mas eu não tenho coragem, então acabei tirando foto um por um.
Depois daquela sessão GRATIS de foto (triste, eu deveria ganhar pelo menos um real pra comprar um pirulito), eu volto a ir em direção ao meu destino, que por sorte, quando eu me esbarrei com aquele garoto, eu já estava do lado.
Foi quase 30 minutos andando do castelo até a loja de conveniência.
Entro no local, e o sino anuncia a minha chegada.
-Desculpe, mas estamos fechados hoje. Mas você pode voltar amanhã-ele disse enquanto consertava a lâmpada
-Até pra uma amiga?-Assim que eu disse isso, ele virou tão rápido, que acabou batendo a cabeça na lâmpada que ele havia acabado de consertar e tropeçou da escada caindo de bunda no chão. Eu comecei a rir da situação. Pelo visto, ele continuava o mesmo.
Ele se levantou como se nada tivesse acontecido e veio em minha direção.
Ele parou na minha frente com um largo sorriso em seu rosto, abriu os braços esperando que eu o abraçasse. Retribui o seu sorriso e o abracei
-feliz ano novo, Max!-eu desejei ainda no abraço
-feliz ano novo, Scar!
Eu não sei se pela saudade que eu sentia dele ou por tudo que estava acontecendo comigo, que eu comecei a chorar, oque talvez tenha assustado ele, que logo se afastou do abraço e me olhou assustado.
-ei, princesa, o que houve?-eu abracei ele com mais força e o mesmo retribuiu
-senti sua falta, Max-eu disse entre soluços
-o meu amor...-ele falou acariciando o meu cabelo
-tambem senti sua falta, scar.
Eu considerava o Max o meu pai! Já que ele sempre me tratava como filha.
Nos afastamos do abraço
-quanto tempo!-ele sorriu pra mim-como você anda filhinha??
-com as pernas!-eu comecei a rir
-engraçadinha-ele disse sorrindo
-ando bem e você?
-bem também-A gente ficou em silêncio.
-alguma novidade?-eu perguntei pra ele.
Ele me abraçou de lado e começamos a andar pra dentro da casa dele, já que era em cima da loja.
-sim! Meu irmão vai morar comigo agora!
-sério? Que legal!
-sim! Ele tem a sua idade, quer dizer, ele é um ano mais velho que você-eu ia perguntar o nome dele, mas o Max respondeu essa pergunta antes mesmo de eu perguntar
-o nome dele é Allan.-ele me olha com um largo sorriso, que eu devolvo
-espero poder conhecer ele antes de eu ir embora.
Ficamos em silêncio novamente.
Sabe quando você fica muito tempo sem ver uma pessoa, pensando que quando vocês finalmente se reencontrarem vão ter bastante assunto pra conversar, mas que na real, fica um encarando o outro com a maior cara de tacho? Poisé, essa sou eu e o Max Agora...
-e você?-ele disse quebrando finalmente o nosso silêncio. Eu olhei confusa.
Ele, percebendo a minha confusão, continuou
-alguma novidade? Por que ficou tanto tempo sem vir me visitar?
-A Max, Você sabe muito bem como é-eu disse desanimada, meus pais nunca deixavam eu sair de casa
-sei, mas eu acho que eles deveriam deixar você sair mais de casa!-a gente parou na frente de uma porta de Carvalho.
Eu o segui enquanto observava cada detalhe. Ele puxou uma cadeira para que eu me sentasse
-fica a vontade scar-ele falou indo em direção a cafeteira-já comeu?-Eu falei que tinha saído de casa sem tomar café-ok! Vou preparar um café bem quentinho pra você.
Sorri em resposta. Eu tava meio sem graça pra perguntar, mas não pude deixar de notar, o Max  não estava nada bem. Mas estava se esforçando para parecer que estava. Eu o conhecia o suficiente pra saber isso, e isso era o que eu mais admirava nele. Ele fingir estar bem só para não preocupar a pessoa que está ao seu lado, mas só ele sabe oque está realmente sentindo.
-Max, tá tudo bem mesmo?-o silêncio tomou conta do lugar, e imediatamente eu me arrependi de ter feito aquela pergunta.
-é que...-ele disse sem olhar pra trás. Ele deu um longo suspiro antes de continuar
-lembra quando eu te falei que meu irmão tinha vindo morar comigo?-Eu falei que sim, que isso não fazia nem 5 minutos.
-então...a minha mãe, ela...-ele nem precisou continuar, eu já sabia oque ele ia dizer
-sinto muito...-foi a única coisa que eu consegui responder-faz muito tempo?
-ela morreu nessa sexta. Meu irmão chegou ontem, mas a mudança só chegou hoje-ele deu um suspiro antes de continuar-ele foi buscar agora
Espera...será que o irmão dele é o cara com quem eu esbarrei na rua?
-oi Max, voltei-uma voz estranhamente familiar ecoa no local.
-Quem é ela?-Quando olho pra trás pra ver de onde vinha essa voz, eu tive a resposta da minha pergunta
-Scarlett, esse é o meu irmão, Allan

Escrevendo O MEU Conto De Fadas: Ele Não É Tão Perfeito AssimOnde histórias criam vida. Descubra agora