O Fruto Amargo da Humanidade

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"Caelum" é uma palavra latina que significa "céu" em português. Ela é usada para se referir à abóbada celeste, o domo ou a esfera que parece envolver a Terra. Pode-se dizer que o "caelum" é o espaço acima de nós, onde estão localizados o sol, a lua, as estrelas e os planetas.

Na mitologia romana, o "caelum" era considerado a morada dos deuses, um lugar divino e celestial. Era associado à ideia de transcendência, beleza e infinitude. O "caelum" também tinha uma importância prática, pois os romanos acreditavam que os movimentos celestes influenciavam os eventos terrenos, como o clima, a agricultura e os destinos individuais.

Além disso, o termo "caelum" também pode ser utilizado em outros contextos, como na astronomia, para descrever o espaço além da atmosfera terrestre, onde estão localizados os corpos celestes. Também é usado em diversas expressões literárias e poéticas para se referir à ideia de um lugar elevado, puro ou divino.

Em resumo, "caelum" é uma palavra latina que representa o conceito de céu, tanto em seu aspecto físico quanto metafórico, relacionado à transcendência, à esfera divina e à vastidão do universo.

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Relato de uma jovem habitante do vilarejo de 𝐶𝑎𝑒𝑙𝑢𝑚 no norte da frança, ano de 1810:

Sempre amei o calor do verão, os dias quentes aqueciam meu coração. No entanto, posso dizer agora que os ventos gélidos do inverno também trazem fervor à minha alma. É uma sensação leve sentir a ponta dos dedos congelando, o ar frio saindo pela boca junto com as palavras falsas que eu costumava dizer a mim mesma. Ainda me pergunto o que deveria ter feito quando a solidão se faz presente. Mas a alma não pode ser cortada e jogada contra a parede. Odeio sentir essa dor. Não é emocionante, não é verdadeiro, mas sinto-a pulsando.

Sinto o amargor em minha boca terrivelmente seca. Meu corpo cadavérico não me limita, mas, mesmo assim, sinto-me presa às limitações e regras. A realidade sempre me pareceu falsa, mesmo podendo tocá-la, cheirá-la e senti-la. Não é suficiente. Estou completamente atormentada pela verdade, que não dói. Certamente é um erro dizer que o mundo ou as pessoas são boas, e não me atrevo a dizê-lo.

As maiores feridas são causadas pelos humanos. O homem sempre foi mal, e isso não mudou. Ele apenas aprendeu a ser mal e a ter boa aparência. A elegância, o status, o dinheiro, a fé. Hoje em dia, são um passe para o sucesso. Você não precisa ser verdadeiramente bom nos tempos modernos, só precisa ser uma grande influência que vende uma grande mentira.

Você é uma grande mentira, todos somos. A sociedade nos torna falsos e nos faz consumir cada vez mais em busca de uma felicidade inalcançável. Estamos sempre obedecendo e deixando de lado nossos verdadeiros desejos, substituindo-os pelas necessidades impostas para podermos sobreviver. E nem mesmo vivemos, estamos apenas existindo e, ainda por cima, por pouco tempo.

E por quanto tempo ficaremos andando em círculos como baratas? Estamos soltos no mundo e totalmente presos ao sistema. Quantas vezes não chorei ao sair e ver pessoas com fome vasculhando as lixeiras da rua? Jamais imaginei passar por isso, enquanto homens cheios de ganância e dinheiro vivem uma vida miserável, mesmo tendo de tudo, em casas enormes e exuberantes, acreditando serem melhores por terem poder e um bom status.

Os tempos mudaram desde que a lua apareceu sangrando no céu nebuloso. Seu sangue pegajoso trouxe o mal consigo às terras que um dia semearam alegria e compaixão. Hoje, são frias e sem amor. Todos que tocam seu sangue se perdem e enlouquecem. Muitos não suportam e morrem, por isso o isolamento se tornou uma regra. Os frutos não nasciam naquela terra sangrenta, apenas galhos secos e sem vida.

As crianças nasciam doentes ou prematuras, devido às mudanças climáticas e à falta de cuidados e acompanhamento fornecidos pelo governo. Muitas mães passavam fome e não tinham o suficiente para alimentar seus filhos, resultando na maioria deles morrendo de fome e desnutrição. Muitas pessoas, principalmente mulheres, desenvolviam um estado perturbador de psicose, chamado "Estado Yemaico", um transtorno não compreendido pela medicina e visto como uma maldição da lua ensanguentada por aqueles que tinham muita fé.

Todos os animais serviam de alimento, e muitas famílias se alimentavam de ratos e pombos, muitas vezes doentes e feridos. Devido à falta de condições adequadas para se alimentarem, o canibalismo se tornou algo bastante comum e acabou sendo legalizado pelo próprio governo, que não queria investir na alimentação da população. Eles usaram essa prática como um meio de "ajuda" para reduzir a superpopulação da cidade, que já estava infestada de violência e doenças.

A classe dominante não queria lidar com isso, então contratou homens para agredir os moradores mais pobres e supostamente evitar tumultos. Esses homens se aproveitavam da situação para abusar e violentar. Muitos jovens e crianças sumiam misteriosamente e suas famílias geralmente os encontrava dias depois mortos e com o corpo desfigurado.

A escassez de água era alarmante, uma vez que os raios intensos da lua evaporavam quase toda a água disponível. O meio ambiente sofria com a falta de cuidado, com desmatamentos desenfreados e um solo árido e repleto de rachaduras. A água potável era acessível apenas para os mais ricos, que podiam pagar empresas envolvidas na extração ilegal desse recurso. Infelizmente, o governo negligenciava essa prática devido ao consumo dessas mesmas empresas, prejudicando gravemente o meio ambiente e expondo animais e vegetação a substâncias tóxicas letais.

Neste lugar, as almas são frias e implacáveis, desprovidas de empatia e demonstrações de afeto. Todos são falsos e solitários, compartilhando apenas a dor da verdade de serem grandes mentiras em um mundo maligno. Às vezes, sinto-me castigada por viver em um lugar como este, onde os pequenos prazeres da vida são inexistentes e o sofrimento e as consequências dos atos dos seres humanos prevalecem.

Quando alguém morre, não há velório ou momentos de despedida. O corpo sem vida é tratado como uma fruta podre, jogado nas sarjetas ou enterrado em qualquer buraco disponível, apenas para não ocupar espaço. Tudo isso é uma realidade, por mais dolorosa que seja, mas prefiro acreditar que é um sonho angustiante que um dia chegará ao fim.

Além de toda a miséria e sujeira, a cidade se tornou palco de atrocidades de todos os tipos. Era comum pessoas pagarem o pouco que tinham para serem mortas, pois muitos não tinham coragem de tirar a própria vida. A maioria acabava enlouquecendo rapidamente. Havia rumores de que o governo distribuía drogas com efeitos catastróficos, a fim de tornar a população vulnerável e facilmente controlável.

As pessoas famintas e desesperadas optavam por essa opção, pois as drogas proporcionavam uma sensação de saciedade, mas também levavam à desnutrição e obediência. Por razões confidenciais, o governo fechou as entradas e saídas da cidade, tornando impossível escapar desse inferno, a menos que alguém se tornasse um fugitivo. Havia relatos de que qualquer pessoa que tentasse sair sem permissão era levada para o matagal para prestar contas aos superiores, pelo menos era o que diziam os desinformados.

Durante minha trajetória, havia um jovem chamado "Tyn" que vivia com sua mãe. Ele acabou se tornando uma vítima dessa realidade distorcida quando o governo o contratou para esconder um material valioso que poderia tirar todos da pobreza. Tyn era uma influência significativa para muitos, o que chamou a atenção do governo. No entanto, ele não sabia que todo aquele dinheiro era proveniente de gangues do norte da França, que traficavam órgãos humanos, produtos tóxicos e equipamentos para a produção de bombas. Tyn foi usado.

Uma noite, os proprietários desse dinheiro roubado pelo governo invadiram a casa de Tyn, onde o mataram junto com sua mãe, enforcando-os na varanda. Seus corpos mutilados foram descobertos pela classe dominante, pendurados no alto da varanda. Tudo na casa estava revirado, e rapidamente organizaram a cena do crime para parecer um suicídio. Até hoje, existem pessoas que acreditam nessa versão, mas aos poucos a verdade veio à tona, junto com os rumores. A verdade completa por trás de tudo isso ainda é desconhecida, mas sabemos que Tyn também era uma grande mentira, pois neste lugar qualquer história não contada pelo povo é inventada para nos silenciar.

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