Capítulo 5: O Gralha

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Sob a dança das estrelas, Frida e seus irmãos líticos corriam pelo vale, o vento frio lacrimejando seus olhos e o cheiro da natureza preenchendo seus pulmões com liberdade

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Sob a dança das estrelas, Frida e seus irmãos líticos corriam pelo vale, o vento frio lacrimejando seus olhos e o cheiro da natureza preenchendo seus pulmões com liberdade. Suas brincadeiras favoritas eram de jogar uns aos outros para o céu ou jogar pedras o mais longe que conseguiam, ou até mesmo lutar uns com os outros até se cansar, e então repousar sob a sombra gigantesca de sua mãe, tão alta era. O calor de seu amor materno; as palavras doces de afeto; seus olhos brilhantes como a Lua, tudo nela lhes passava uma sensação de segurança, como um grande abraço protetor que lhes tirava do perigo e do medo a qualquer hora. Por algum motivo, Frida sabia que o vale e o fjörd — os lugares para brincar à noite — e as montanhas que os rodeavam — onde iam para se proteger do Sol — eram presentes da grande mãe, mas então, uma noite, a mãe deitou-se para dormir e depois, torres de pedra rodearam-na e os impediram de vê-la. Alguns irmãos, porém, conseguiam quebrar as pedras, mas algo os abalava com tanto fervor que suas formas simplesmente explodiam em labaredas; algo alto e insuportável como um martelar ou um badalar fazia seus ouvidos zunirem e suas cabeças chacoalharem de dor, os expulsando para longe de sua mãe. Desnorteados e sem rumo, viram refúgio nas montanhas, onde uma entrada apareceu e uma cobra em chamas chartreuse rodeava a parede da entrada como um guardião; enquanto adentravam mais fundo nas cavernas, Frida pôde ver a entrada diminuindo, selando-os do mundo afora e de sua mãe.

Frida acordou do sonho com um relâmpago forte e se levantou rapidamente, tirando alguns gemidos de dor da mesma. Estava em seu quarto, sozinha e no escuro, apenas iluminado pelos trovões lá fora.

— Está chovendo... ugh! — gemeu de dor — ainda dói... — olhando para seu corpo, notou as bandagens repletas de runas de cura. — O feitiço foi mais violento que o esperado, mas finalmente eu... Onde está?!!! — finalmente Frida notou que não estava segurando o colar mais em suas mãos e deu um grito rouco com tanta veemência que quase fez suas costelas quebrarem, e se assustou ainda mais com sua empregada ao seu lado, em uma cadeira, a esperando com o colar em suas mãos.

— Boa madrugada, senhora Frida — sussurrou com um sorriso de boneca. — Espero que tenhas melhorado. Aqui está o colar que estavas em tua mão — e mostrou a ela o resultado de 10 anos de procura: o medalhão mágico, pulsando com uma luz azul; tão fraca que era, parecia imperceptível. Ao deitar-se na cama, descansou o colar sobre seu peito, a bruxa pareceu sentir em seu coração o pulsar, como se sua familiar estivesse consigo mais uma vez. O sorriso que formou em seu rosto foi tão involuntário quanto genuíno e seu rosto esquentou, tirando risadas que há tanto estavam presas dentro de si.

— Ela tá viva, Brúða... minha Hilda... está viva... — Frida sentiu então um peso em seus ombros desaparecer e finalmente, em anos, pôde descansar — e precisava — pois todo o cansaço, toda a fadiga e toda a estafa que vinha guardando e aguentando por todos os anos voltou com ímpeto, a atropelando como um trem e a fazendo apagar de sono sob a chuva forte. Brúða ficou ao seu lado a noite inteira e, por um momento, a tempestade iluminou sua feição, mostrando seu sorriso tremer ligeiramente. Assim, marcou-se o começo da saga mais importante da vida de Frida.

Hilda e A Mãe de TodosOnde histórias criam vida. Descubra agora