Capítulo 7 - Alexander

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         Os corredores passavam rápido pelos pés de Alexander. Agora que estava atrás de Isabelle e não sabia onde procurá-la que percebeu que havia se esquecido de perguntar a Eliesus onde ela estaria. Correu então em direção a varanda onde sempre se encontravam, pensando ser o único local plausível para ela estar. Encontrou, no entanto, o oposto dela.

         Gabrielle estava apoiada na mureta brincando com dois passarinhos na luz do sol poente. Acariciava-os carinhosamente na cabeça e, toda vez que parava, os dois davam pequenas bicadas em seu dedo para que ela continuasse. Estava usando os mesmos shorts e vestido curto que usara no dia que se viram pela primeira vez, e o seu braço esquerdo estava todo enfaixado. Alexander presumiu que aquele ferimento era uma herança do último treinamento com as duas garotas.

         — Gabrielle — chamou Alexander, e a garota se virou assustada. Os passarinhos levantaram voo, deixando os dois sozinhos, num clima tenso.

         — O-Olá, Príncipe.

         — Não precisa gaguejar, sou o mesmo Alexander de antes — disse com certa dureza, e então se lembrou das palavras de Eliesus, de que ambas eram importante para ele. Mudou de assunto, tentando parecer preocupado com ela. Isso não vai ser fácil. — Você está bem? Digo, você... Seu braço.

         Ele sempre achava engraçada a reação das pessoas quando fazia perguntas desse tipo. Gabrielle, rígida como já estava, perdeu toda a cor. Ela não acredita o que está ouvindo. Gabrielle respondeu com alguns gaguejos:

         — S-s-sim... Meu braço... Melhor... está! — Ela respirou fundo e completou um pouco mais calma: — O médico disse que em dois dias eu poderei tirar essas faixas. Ele só está um pouco dolorido.

         ­— Certo. E Isabelle, como está?

         A garota não sorriu, como ele esperava. Fez uma cara meio desinteressada e desviou os olhos:

         — Está em seu quarto terminando de arrumar as coisas para partir.

         — Partir!? — fingiu Alexander.

         — Sim, ela está largando o emprego.

         Mas antes que a garota terminasse a frase, Alexander já tinha se virado para a porta. Estava debaixo da soleira quando parou, e lutando contra si mesmo para não gaguejar, disse para Gabrielle, com uma última olhadela para trás:

         — Me desculpe por ter te machucado. Não era essa minha intenção. Desculpe-me mesmo. — E foi-se, deixando uma Gabrielle pálida para trás.

         Alexander correu. Correu o máximo que pôde e com os maiores passos possíveis. Não sabia por que corria daquele jeito, nem por que estava tão preocupado para que ela ficasse. Também não sabia mais se era pelas palavras de Eliesus que corria tanto ou se era porque ele queria. Balançou a cabeça, espantando os pensamentos e passou a correr mais rápido. Minutos depois estava em frente a porta do quarto de Isabelle.

         Lá de dentro vinha um barulho de coisas se mexendo. Alexander deu um passo a frente e bateu na porta. 'Entre' disse Isabelle detrás dela e foi exatamente isso que Alexander fez.

         O quarto estava uma bagunça, cheio de coisas jogadas pelo chão. Roupas em cima da cama; caixas num canto com livros e com os pedaços da armadura de Isabelle; os armários com as portas arreganhadas sem nada dentro; muitos sapatos pelo chão; as cortinas abertas, deixando os últimos raios de luz do dia entrar e a garota na frente dela, com uma muleta embaixo do braço.

Alexander Helflon: GenesisOnde histórias criam vida. Descubra agora